Dois
EPs trouxeram o nome The Dust para a ribalta do rock. Por isso, pedia-se um longa-duração. Que surgiu
este ano sob a denominação Underdogs e que traz um coletivo alargado com
a entrada de um novo guitarrista. Um álbum cheio de qualidade e diversidade
musical que deverá ser descoberto por quem verdadeiramente gosta de música. E um
álbum que foi o tema principal desta interessante conversa que mantivemos com a
banda.
Olá,
pessoal, tudo bem? Os The Dust estão de regresso aos discos. Como se sentem
principalmente por ser o primeiro longa-duração?
Olá e desde já obrigado por este convite! Respondendo
às questões colocadas, sentimos um misto de emoções: a noção de que demos um
salto significativo enquanto músicos e enquanto banda. Crescemos ao longo deste
caminho. O processo e métodos de gravação e de trabalho mostraram isso mesmo.
Tentar não defraudar a inspiração da música e das palavras, mas torná-las ainda
maiores. Estamos muito felizes com o resultado final, mas queremos mais e
melhor!
E
também o primeiro trabalho com a formação alargada, não é? O que procuravam
alcançar com a entrada de um segundo guitarrista, em 2019, no caso o Miguel
Marçal?
A escolha do Miguel teve duas linhas de pensamento:
adicionarmos mais poder sónico na banda e atualizar as nossas abordagens
criativas em relação ao som que pretendemos criar. Com o Miguel abrimos o leque
de possibilidades, que nos permitiu ter novas harmonias, maior riqueza musical,
bem com a sua capacidade de criar letras que possibilitam novas temáticas e
preocupações abordadas na sua forma peculiar de ver o Mundo.
Bom,
centremo-nos em Underdogs. Para
começar, porque a escolha deste título?
O título condensa, quer o contexto em que vivemos,
quer connosco enquanto banda. Achamos que o Rock está a passar uma fase
menos boa conquanto estatuto de género musical. Está com uma cotação inferior
ao seu real valor. Isto verte em menor número de ouvintes, em menos divulgação
rádio, bem como menores possibilidades de tocar ao vivo. Enquanto banda
sentimos isso na pele. Ao ouvirmos o disco, verificamos que tem potencial
musical, para ser apreciado por mais pessoas e com isso chegar a mais locais.
No entanto acontece que não temos assim tanto público e que temos muita
dificuldade de encontrar locais para tocar. O título do álbum é a nossa
declaração explícita desta realidade que nos frusta, mas que não nos irá parar
enquanto sentirmos que temos uma mensagem artística pertinente a doar ao Mundo.
Como
decorreu o processo de composição deste conjunto de novos temas? Foi um
trabalho coletivo ou não?
Este trabalho demorou a ser editado devido aos tempos
vividos nos anos de 2020 e 2021. Entre as primeiras faixas a serem gravadas (Sound
Revolution e 24/7) até à última em 2022, House Of Lies,
distaram dois anos. Mas vendo as coisas em perspetiva, isso enriqueceu o
trabalho pois o “pó” do Miguel entralhou-se mais no coletivo, o que provocou
uma elevação e diversidade qualitativa na composição das nossas músicas. Fazemos
sempre a criação dos temas de forma coletiva. Claro que está, que alguém tem a
ideia principal do tema, apresenta-a e, nós em coletivo, começamos a criar a
partir dessa base. Respeitando a ideia inicial, colocamos individualmente, as
nossas abordagens e interpretações da mesma. Só quando estamos todos
satisfeitos com o resultado final é que fechamos o tema. Sim, há discussão, mas
não há “chapada”. Queremos dizer com isto que debatemos com a maior
frontalidade possível tendo sempre em vista que o importante: a obra e não o
individuo. Garantimos sempre que temos o foco no sítio certo e que não
alimentamos lutas de egos.
E como
decorreu o processo de gravação? Gravaram ao vivo em estúdio?
Como passaram os dois anos entre o início e o fim do
álbum, tivemos um sistema misto. Passámos a explicar: Os dois primeiros temas
foram captados no Pentagon Music Factory que ainda estava em Olival
Bastos. Os restantes fomos nós que fizemos o trabalho de captação usando o estúdio
onde ensaiamos (Palanca Estúdio). Cada tema foi captado individualmente,
utilizando sempre a fórmula: bateria, baixo, guitarras ritmo, solos e no fim a
voz. A mistura final de todos os temas, foi sempre feita pelo Fernando
Matias (Pentagon Music Factory). Assim garantimos a solidez que o
álbum tem a nível da mistura e masterização, limando algumas limitações
técnicas, pois nem sempre usamos os mesmos micros na captação, não usamos
sempre os mesmos instrumentos e amplificadores, etc.
Houve
espaço para a improvisação?
Nem por isso, nos instrumentos e estrutura base.
Quando vamos para estúdio a estrutura está toda delineada e estabelecida.
Apenas existe alguma improvisação nos solos e alguns apontamentos para
enriquecer as músicas (por exemplo, existe o som de uma darbuka, no tema
Flying With The Devil).
No
álbum contam com alguns convidados. Qual foi o vosso objetivo ao convidá-los?
Sim contamos com dois belos convidados. A Nancy
Knox com a sua voz muito peculiar e o grande Vítor Torpedo. A
ideia é sempre a mesma diversificar e tentar colher novas abordagens sonoras.
Não queremos estar fechados na nossa bolha. Temos fome do Mundo, por isso
estamos abertos a convidados que nos façam sentido para a nossa estética
musical.
A
ideia de ter convidados já estava na base de trabalho ou surgiu com o avançar
de todo o processo?
Tínhamos a ideia no início, que queríamos ter esse
tipo de colaborações. À medida que fomos fazendo os temas, começamos a pensar
em que nos poderia ajudar, sendo que o Vítor Torpedo já estava sob a
nossa mira e felizmente disse que sim (um revolucionário do Rock daí a
sua participação na Sound Revolution). A escolha da Nancy foi porque
estávamos a precisar de uma voz feminina para o tema 24/7 e gostamos da
sua voz. O tema estava mesmo a pedi-las, haver esta dança de vozes. Deixamos
aqui um obrigado aos dois artistas bem como um agradecimento especial à nossa
querida amiga e agente Eliana Berto (Ride The Snake), pois sem
ela não tínhamos chegado à fala com eles.
Insomnia
foi a escolha para último vídeo. Porque essa escolha e já agora, podem apresentar
os anteriores?
Este álbum tem 4 clips. O primeiro clip
deste álbum foi o 24/7, seguido pelo Sound Revolution. Depois
veio o vídeo Little Man e por fim o Insomnia. Este, marca o
regresso aos clips com os elementos da banda (o anterior é o Double 0
Nothing). Este é um dos temas mais fortes do disco e escolhemos para marcar
a saída deste nosso trabalho.
A
apresentação do disco já aconteceu no início de junho, em Corroios. Como correu
a noite?
Foi uma bela noite, numa casa incrível e que acolhe,
sempre bem quem lá vai. Adoramos aquele espaço que se mantém fiel e sempre
inovador nas propostas que apresenta nos seus palcos. O som estava bom e
tínhamos algum público que compunha bem a casa. Claro que queríamos mais. Foi o
possível e foi muito bom
E o
que mais têm previsto em termos de palco para este ano?
A nossa intenção será levar o disco a
vários sítios e que esperam poder ainda fazer mais umas datas até ao fim do ano
por várias cidades, no entanto, ainda não temos nada firmado. Mas estamos
esperançados na concretização de algumas datas. A ver vamos…
Obrigado,
pessoal! Querem acrescentar mais alguma coisa?
Queremos agradecer ao Pedro Carvalho e à Via
Nocturna 2000 pela bela entrevista que nos solicitou e a possibilidade de
dar a conhecer ao público alguns aspetos mais técnicos e reservados na criação
do nosso primeiro longa duração.
Obrigado Via Nocturna 2000. São estes pequenos nadas para uns que são uun pequenos tudos para nós. The Dust
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