Entrevista: Bonfire


 

Don’t Touch The Lights, Fireworks e Point Blanck foram os três primeiros álbuns dos Bonfire e são hoje considerados clássicos. E foi quando a banda alemã tomou a decisão de fazer um documentário que verificou que não detinham os direitos sobres os temas desses álbuns. O passo seguinte foi, não fazer uma reedição normal, mas regravar totalmente esses álbuns, com a banda e tecnologia atuais. O baixista Ronnie Parkes explicou-nos todo o processo.

 

Olá, Ronnie. Obrigado por esta oportunidade de entrevista. Vocês devem ter tido a melhor ideia de sempre. Quando e por que decidiram regravar os vossos três primeiros álbuns?

Olá, Daniel, obrigado pela entrevista e desculpa pelos problemas técnicos de terça-feira. A ideia começou quando decidimos que queríamos fazer um documentário. Foi nesse momento que percebemos que não detínhamos os direitos desses três álbuns… também deves ter notado que esses álbuns não estão disponíveis, especialmente em serviços de streaming. Hans teve a ideia de regravar esses álbuns apenas para recuperar os direitos e disponibilizar essas músicas em todas as plataformas. Achamos que era uma boa ideia e que essas músicas agora poderiam ser expostas a pessoas que talvez nunca tivessem ouvido Bonfire ou essas músicas.

 

Como reagiram os vossos antigos fãs a essas novas versões dos álbuns que eles adoravam?

Bem, alguns odeiam a ideia e outros adoram. Para nós não é uma competição entre as diferentes versões. É apenas uma nova gravação das músicas. É claro que Hans foi o produtor, assim como foi em muitos álbuns anteriores. Ele queria que as músicas soassem novas, mas não queríamos mudar muito as coisas, já que essas músicas são clássicas. Portanto, adotámos uma abordagem muito respeitosa em relação a isso. Eu acho que ficou muito bom.

 

O que torna estes álbuns diferentes dos originais?

Bem, é claro que esses álbuns foram gravados originalmente nos anos 80. Portanto, há uma diferença óbvia de tecnologia e qualidade de som. Para mim, apenas têm uma cara nova. Nós não os gravamos exatamente 1 para 1, apimentamo-los um pouco. Mais notoriamente no álbum Don’t Touch The Light. Ele é ajustado um passo abaixo do original. A ideia do Hans era torná-lo um pouco mais pesado. O original estava na afinação padrão, os outros álbuns estão na tonalidade original, 1/2 tom abaixo. Isso também foi feito para o nosso último vocalista, Alex. Ele tem muito mais potência no seu registo agudo e sendo gravado muito mais baixo que o original, isso faria com que ele cantasse mais alto. Mas como sabes, Alex e a banda separaram-se no ano passado.

 

A respeito do teu trabalho no baixo, o que mudaste em comparação com as faixas originais?

Principalmente no baixo eu não queria mudar muito ou tocar muito mais do que o necessário. Não queríamos mudar as músicas. A ideia era apenas torná-lo um pouco mais moderno e talvez um pouco mais poderoso. Tive com esse pensamento em todas as faixas de baixo. Limitei-me a deixar brilhar as músicas.

 

Participaste nesse processo de reorganização? Se sim, como reorganizaram essas músicas? Foi difícil mudar as músicas originais?

Sim, foi isso. Todos nós sabemos que essas músicas se tornaram clássicos da época. Nós adotamos uma abordagem respeitosa. Hans é o idealizador dos Bonfire, ele ouve as sugestões de outros membros da banda e frequentemente utiliza-as. Mas ele tem sempre a palavra final e garante que Bonfire seja representado da maneira que ele deseja.

 

Hans é o único membro dos Bonfire que tocou tanto nos álbuns originais quanto nestas regravações. A banda pensou em trazer de volta alguns dos membros que tocaram nos álbuns originais?

Não, nós verificámos todas as letras com o Claus para ter certeza de que estavam corretas.

 

Esta foi a primeira vez em estúdio com Dyan Mair. Como foi o processo de receção dele na banda?

Foi incrível, na verdade. Ele tem uma voz maravilhosa. Ele era um grande fã da banda, portanto este é um sonho realizado para ele. Está muito feliz por estar aqui.

 

O que podem os fãs esperar dele ao vivo?

Já fizemos alguns espetáculos este ano. A banda tem uma ótima química e Dyan tem-se apresentado em palco com o seu incrível alcance e habilidade de improvisar. Tivemos ótimos espetáculos na Roménia e na Bulgária. Estamos todos ansiosos para começar a tournée em novembro.

 

Visualmente fizeram algumas alterações nas capas. Quem foi o responsável por esses novos designs de capa?

Hans soube imediatamente o que queria fazer com as capas. Eu acho que ficaram ótimas. Mantiveram o original, apenas envelheceram um pouco.

 

Uma coisa muito curiosa é que, na capa original de Don’t Touch The Light, havia duas raparigas. Agora vêm-se duas mulheres. São as mesmas pessoas?

Sim, mas mais velhas.

 

E em Point Blank podemos ver que as portas estão finalmente a abrir-se e o homem nas portas cresceu. Isso mostra a passagem do tempo?

Sim.

 

Tudo isso pode ser conferido no novo relançamento que terá uma boxset especial que vocês estão a prepara para os fãs. Algum material especial estará incluído nessa caixa?

São apenas os 3 álbuns.

 

E quanto a tournées? Quais são os vossos planos para o futuro próximo?

Estamos realmente ansiosos para novembro, pois temos vários espetáculos na Alemanha. Em dezembro estaremos em Chipre, França e Bélgica.

 

E um novo álbum de estúdio? Já existem planos para isso?

Sim! Junho ou julho de 2024. As atuações de Dyan neste álbum podem dar uma ideia do que será possível. Apenas iniciamos o processo e mal posso esperar para ouvir o álbum finalizado!! Hans também está a lançar um livro chamado Rock And Roll Survivor. Será lançado ao mesmo tempo que o próximo álbum.

 

Obrigado, Ronnie, foi uma honra fazer esta entrevista. Queres enviar alguma mensagem aos vossos fãs portugueses?

Sim, a última vez que estivemos em Portugal foi em 2017, já é muito tempo! Esperamos voltar em breve!


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