Reviews VN2000: AVI ROSENFELD & AVI TULIPANO; BONFIRE; FIREWIND; APOCALYPSE; REN MARABOU AND THE BERSERKERS
Battle Of Rock (AVI ROSENFELD & ANDRE TULIPANO)
(2023, Independente)
De Avi Rosenfeld pouco mais há a dizer.
O israelita continua a produzir álbuns em catadupa, o que, naturalmente, se
reflete na sua qualidade. Desta vez, Avi volta ao classic rock/hard rock,
chamando para vocalizar Battle Of Rock o brasileiro André Tulipano,
dos Steel Warrior (onde é conhecido como André Fabian). Mas,
desta vez, as coisas melhoram. Primeiro, porque o paranaense tem um belo
registo que se enquadra na perfeição em toda a ambiência dos anos 70/início dos
80 presente neste álbum. Depois, porque mesmo sem fugir ao seu registo habitual
de composição, Avi Rosenfeld conseguiu reunir um conjunto de temas
substancialmente mais consistentes que o último capítulo da saga Very Heepy,
Very Purple. Apesar de as referências musicais serem, no fundamental, as
mesmas, este álbum abre com um Raven, mais próximo do NWOBHM e, a
partir daí vai-se desenvolvendo sempre com boas instrumentações e melodias. O
álbum funciona como uma batalha e serve como homenagem aos grandes e imortais
gladiadores do rock. E, mais uma vez, é interpretado por gente de todo o
mundo, com destaque para a presença de Timo Tolkki a solar em Burn
The Light. [82%]
Don't Touch The Light MMXXIII/Fireworks MMXXIII/Point Blank MMXXIII (BONFIRE)
(2023, AFM Records)
Os Bonfire são um dos nomes
incontornáveis do melodic metal germânico. Mas não nasceram assim. Em
1976 Hans Ziller iniciava os Cacumen, banda que lançou três
álbuns, antes de mudarem o nome para os conhecidos e atuais Bonfire.
Atualmente, Ziller é o único membro restante desse longínquo período, no qual
foram lançados 17 álbuns de estúdio, entre muitos outros lançamentos, como os
mais recentes Legends (de versões) e Roots (de versões de temas
da própria banda). Nessa sequência, surge outro lançamento da sua editora, AFM
Records, que se trata do lançamento dos três primeiros álbuns. Não
reedições, mas gravações completamente novas com o atual line-up.
Considerando que esses três álbuns foram lançados nos finais dos anos 80, com os
músicos ainda bastante jovens, podem esperar, para além das novas gravações, novos
arranjos dessas músicas icónicas. Don’t Touch The Light foi o primeiro
desses lançamentos, via RCA Records em 1986 e fez um enorme furor com
temas emblemáticos como S. D. I., No More, Hot To Rock ou Longing
For You. Os novos arranjos criam novas perspetivas e acentuam as qualidades
deste magnífico álbum [95%]. Apenas um ano após, surgia Fireworks,
um disco que teve a curiosidade de ter como baterista o convidado Ken Mary
(na altura nos Fifth Angel, atualmente nos Flotsam & Jetsam),
porque o baterista original tinha sido despedido durante a fase de composição.
Originalmente, o álbum foi lançado pela BMG e continha 10 (na edição em
vinil) e 11 (em CD e cassete) dos 25 temas escritos. Esse tema adicional
(também presente nas edições japonesa e sul-coreana) é Cold Days, aqui
também presente, juntamente com uma nova faixa, Angel In White [85%].
Em Point Blank [90%](originalmente, em 1989, também via BMG), os Bonfire
optaram por uma abordagem diferente, com temas mais curtos, incluindo dois
interlúdios, e em maior número. Este álbum entrou na tabela britânica,
atingindo a posição 74, mas apenas lá permaneceu uma semana. Curiosidade é que,
durante a gravação, Hans Ziller foi despedido. Mas, o guitarrista era o
autor de 10 dessas canções! Seja como for, acabaria por não participar no
quarto álbum (Knock Out), regressando em Feel’s Like Comin’ Home.
Portanto, com este lançamento da editora alemã, os fãs mais antigos podem ouvir
todos os clássicos dos Bonfire com uma nova visão musical, enquanto que,
naturalmente, se abrem portas para uma geração mais contemporânea de ouvintes.
Still Raging – 20th Anniversary Show (FIREWIND)
(AFM Records)
Foi em Thessaloniki, Grécia, que, há 25 anos atrás, nascia uma das mais
importantes bandas de Power Metal do nosso século. A banda que se
tornaria no mais adorado filho de Konstantinos Karamitroudis, o homem
que, nos anais da história do Metal, será sempre recordado como Gus G.
A banda que, ao longo dos últimos 25 anos, viajou entre o céu e o inferno,
queimou a terra, fez alianças, enfrentou premonições e se tornou imortal ao
longo do trajeto. Falamos dos Firewind que, a 1 de outubro de 2022, e
com um line-up renovado, fizeram um dos seus melhores e mais completos
concertos até hoje. Um concerto que, com exceção de Forged By Fire, abordou,
em maior ou menor quantidade, todos os álbuns da sua vasta carreira. Um concerto de 1h45min onde foi possível incluir
tudo aquilo que os carateriza: vocais poderosos, melodias pegajosas, solos
virtuosos e uma base instrumental extremamente competente. Um concerto
memorável que, graças à AFM Records, pode ser apreciado por todos os fãs
da banda, tanto os que marcaram presença no Principal Club Theater de
Thessaloniki como os que não tiveram a oportunidade de o ver em primeira mão.
Resumindo, Still Raging é, sob a forma de um DVD e dois CDs, uma prenda
para os fãs e um agradecimento por parte da banda àqueles que se mantiveram ao
seu lado ao longo dos últimos 25 anos. [90%]
Retaliation (APOCALYPSE)
(2023, MiMo Sounds Records & Publishing)
Após o lançamento do
excelente Pedemontium, Erymanthon Seth, mente solitária por trás
do projeto de Turim, resolveu mudar o nome de Apocalypse para Apokalypse.
Aparentemente foi sol de pouca dura, porque o novo trabalho do projeto,
intitulado Retaliation, surge, de novo, sob a denominação antiga. Mas,
ao contrário do nome, e como o multi-instrumentista já nos habituou a variar a
sua sonoridade, há muitas outras coisas a mudar. Uma delas, e ainda antes de
falarmos do aspeto musical, é a inclusão do baterista Doublemme. A
outra, e mais importante, é, então, a abordagem estilística. O primeiro aspeto
a saltar à vista é a redução para metade do tempo de duração do álbum. Isto
porque os temas também sofrem um corte significativo na sua duração. Por isso,
esqueçam qualquer tipo de comparação com Pedemontium. Este quinto álbum
é muito mais direto, extremo e brutal. Tem uma atitude completamente in-your-face,
com uma produção crua e cáustica. Por isso, o seu som fica muito longe das
composições épicas do álbum anterior. Podemos dizer que os Apocalypse
evoluíram de um black metal de cariz viking e épico, de
influência Bathory, para um black metal de cariz thrashy,
de influência Celtic Frost, Venom ou Decayed. Ou seja, uma
bateria implacável, vocais sem piedade, uma guitarra matadora e riffs de
baixo compõem o som deste novo álbum. Saúda-se a vontade de explorar novos
territórios, mas, pessoalmente, preferimos a sonoridade antiga. [75%]
Tales Of Rune (REN MARABOU AND THE BERSERKERS)
(2022, United
Music Mafia)
Com Tales Of Rune fica completa a
trilogia que os irlandeses Ren Marabou And The Bersekers se propuseram
realizar. Começou em 2021 com os álbuns Valhalla Waits e Sagas e
terminou cerca de um ano depois com Tales Of Rune. O trio pratica uma
espécie de viking/norse pagan metal, embora isso seja mais notório nas
letras que propriamente no instrumental que estamos habituados a ouvir em
bandas do mesmo género. Isto porque os elementos de ancestralidade são quase
inexistentes e também porque os arranjos das guitarras, muito sujos, estão mais
orientados para algo próximo do groove metal ou até do stoner metal,
como se perceberá em Huldra e Let’s Drink Mead. Ainda assim, a afinação dos temas iniciais
lembra o trabalho dos primórdios dos Therion. Todavia, a partir daí, a
banda vai evoluindo em diversos sentidos, destacando-se algum experimentalismo
negro e obscuro em Hinsmen Die, naquele que é o primeiro grande momento
do álbum. Instrumentalmente, este é um disco bastante competente, com um
trabalho bem conseguido e até, a espaços, com bastante criatividade. A forma
como os solos são criados e introduzidos em Dodssang (Death Song) e Odin’s
Sons And Daughters e o trabalho harmónico em The Three Norns são os
melhores exemplos. O problema surge no capítulo vocal, segmento onde falta
limar muitas arestas. [72%]
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