Nascidos na Itália, mas há onze anos radicados na Suécia,
os Hands Of Orlac demoraram a apresentar o seu terceiro registo. Mas,
finalmente acontece pelas mãos da Terror From Hell Records. Hebetude Mentis é mais uma confirmação de que este
coletivo tem uma abordagem ao dark, occult ou doom rock
(como lhe queiram chamar) absolutamente inovadora e completamente arrebatadora.
O uso da flauta tem muita responsabilidade, mas há outros detalhes, como nos
conta a banda a partir da Suécia.
Olá,
pessoal, tudo bem? Obrigado pela disponibilidade. Em primeiro lugar, podem
apresentar os Hands Of Orlac aos metalheads portugueses?
Olá, e obrigado pela entrevista. Hands
Of Orlac nasceu em Roma em 2009 pela espada do The Templar e pelos
encantamentos da The Sorceress. A força motriz era fazer com que a
música fosse pesada, inspirada no terror e comovente. Tem sido assim desde
então.
Hebetudo Mentis
é o vosso álbum mais recente. Como foi a sua preparação e quais foram os vossos
principais objetivos?
Desde a conclusão do split
com os The Wandering Midget e os espetáculos subsequentes, imediatamente
começamos a preparar novo material para um novo álbum. Tinha de ser uma
continuação, um desenvolvimento adicional do material anterior que havíamos
feito. Demorou anos para compor a música, polir, ensaiar e finalmente entrar em
estúdio com uma formação sólida. O álbum ganhou vida! 7 faixas, 6 músicas com
um instrumental, como todos os nossos álbuns.
Como
surge este título e qual o seu significado?
Hebetudo Mentis significa
“embotamento da mente” em latim, um título adequado para o conceito por trás do
álbum. No entanto, tema adequado para o momento. Se ouvires a faixa
instrumental com esse nome no álbum é fácil mergulhar nela e entender.
Este
álbum foi lançado nove anos depois de Figli del
Crepuscolo. Por que demorou tanto?
O longo processo de escrever uma
continuação digna dos lançamentos anteriores custou caro em questão de tempo e
energia. Queríamos que valesse a pena ser lançado e que fosse uma experiência
adequada para nós, em primeiro lugar, e também para o ouvinte. Também tivemos
mudanças na formação que retardaram o processo, mas não importa a maré, não
deixamos que os acontecimentos interfiram muito na nossa cruzada.
O
que mudou na banda ao longo deste período? Podem falar sobre a vossa evolução?
Apesar do desenvolvimento que se
pode ouvir no estilo musical desde o início, o espírito não mudou. Ainda
estamos comprometidos com os nossos fundamentos, talvez apenas de uma forma
mais madura. Mais influências surgem à medida que nos atrevemos a expandir os
horizontes. Ao envelhecermos e dedicarmos mais anos, também saberemos melhor o
que somos e o que queremos. Não procuramos uma aprovação mais ampla, visamos
aqueles que partilham a mesma paixão e o mesmo espírito.
O
vosso som é uma abordagem muito incomum ao doom
metal. De onde vem essa inspiração e como se definiriam?
Achamos que nos encontramos no
caldeirão italiano do Dark Sound. Não porque decidimos seguir uma
tradição, mas sim por aquilo que é a essência da banda. Soamos da forma que
gostamos que a música soe e isso nem sempre é fácil para o ouvinte. A nossa
música não foi feita para ser entendida por todos. Lembro-me da primeira vez
que ouvi Land Of Mystey dos Black Hole, foi depois de ter
começado a pensar em formar esta banda. Quando ouvi pela primeira vez pensei “É
isso! Revejo-me nisto”. Claro que tudo começa com bandas sonoras de terror como
a música de Goblin e Black Sabbath com influência de Mercyful
Fate e certos NWOBHM.
O
uso da flauta é uma dessas abordagens incomuns de que falamos anteriormente. Qual
é a importância que dão a esse instrumento no processo de composição?
A flauta tem um papel atmosférico
nas músicas. Usamo-la como instrumento principal para melodias e temas, muitas
vezes em conjunto com a guitarra. Nos primeiros dias de demo da banda
tínhamos apenas uma guitarra e a flauta teve de assumir um papel mais
proeminente. Com o advento de uma segunda guitarra ela pode encontrar o seu
lugar sem necessidade de exageros. Jethro Tull pode vir à mente como
algo ligado à flauta, mas nunca a usamos para fins de solo/jamming/grooving.
Depois de termos começado inicialmente em espetáculos ao vivo, finalmente
pudemos usá-la com um filtro Moog na gravação do novo álbum para obter o
som perfeito.
Também
no aspecto lírico há uma mistura de linguagens. Por que usam o inglês e
italiano?
Para este álbum decidimos ter uma
música em italiano pela primeira vez na nossa história. Parecia que era o
momento certo, mas o mais importante era que foi a música certa para isso. Pode
parecer mais obscuro desta forma, mas sempre achamos que o inglês é mais
adequado tanto para as letras quanto para o som. A música Il Velo
Insanguinato é sobre uma história do centro da Itália que eu ouvia quando
criança e foi assim que a letra ganhou forma em italiano.
Em
2012 mudaram-se da Itália para a Suécia. O que procuraram com essa mudança?
Na altura, 3 ou 5 membros da
banda eram da Suécia, o que nos fazia vir aqui com frequência. Visitamos a
Suécia pela primeira vez durante o primeiro Muskelrock em 2009, o
que desempenhou um grande papel no início dos Hands Of Orlac. O nosso
primeiro álbum também foi gravado aqui. Depois de algum tempo, pareceu natural
tentar dar esse salto, pelo menos temporariamente. De alguma forma, houve uma
força que nos levou a fazer isso. Depois de 11 anos ainda estamos aqui.
O
que têm planeado para divulgar este novo álbum em palco?
Faremos isso e tocaremos ao vivo
se a situação for adequada e o ritual puder funcionar adequadamente.
Acreditamos que a apresentação ao vivo diante de um público sintonizado com a
música que fazemos é o propósito final do que fazemos. Agora que o álbum está
lançado veremos que ocasiões tomarão forma.
Muito
obrigado, pessoal, mais uma vez. Querem acrescentar mais alguma coisa?
Obrigado pelas tuas perguntas e
mantenham o fogo aceso, todos vocês!
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