Live Report: Riverside + Lesoir (Hard Club, Porto)

 


RIVERSIDE + LESOIR

10/OUTUBRO/2023

Sala 1, Hard Club, Porto

 

Foi para o mês de outubro que os Riverside marcaram o seu regresso a Portugal, numa data dupla, da qual a primeira aconteceu no passado dia 10, na Sala 1 do Hard Club, no Porto. Acompanhados pelos Lesoir, coletivo neerlandês de prog rock, a ID.Entity Tour, Autumn Version mostrou, sem margem para dúvidas, porque é que a banda da Polónia continua a ser um dos nomes mais importantes do panorama prog internacional. Um concerto onde, como o líder, vocalista e baixista, Mariusz Duda referiu, se viu a identidade dos atuais Riverside, os Riverside de 2023. Já iremos aos detalhes do concerto dos cabeças de cartaz da tour, pois, antes disso, é necessário dar o devido destaque ao ato de abertura.

A qualidade dos Lesoir não é novidade para ninguém, principalmente se lê com alguma regularidade as reviews publicadas neste blog. Primeiro com Mosaic e, dois anos depois com o épico tema de 20 minutos, Babel, os neerlandeses mostraram ao mundo tudo aquilo que são capazes de fazer, em estúdio. Agora, mostram a toda a Europa que as suas asas se abrem também em palco. E de que forma! Uma prestação extremamente oleada e muito bem executada por cinco membros com inegável talento. Tanto que, com exceção do guitarrista Ingo Dassen e o baterista Bob Van Heumen, todos os membros ocuparam diversas posições em palco, sendo que o maior destaque vai para Maartje Meessen, a vocalista do coletivo que, consoante o que fosse pedido pela música, adotava vários instrumentos para complementar a sua melodiosa voz. Variando entre a flauta transversal, a guitarra acústica, o teclado Korg e a segunda guitarra elétrica, a sua versatilidade marcou todos aqueles que tiveram a honra e o privilégio de ver o primeiro concerto dos neerlandeses em solo nacional. Para mais tarde recordar ficam os momentos captados pelas várias camaras presentes em palco que deverão ser divulgadas para o público em breve. Seguidamente subiram ao palco os Riverside e, o público que tinha sido atraído pelas ondas sonoras dos Lesoir, duplicou em número para ver os polacos. 




Os contornos daquele que seria um concerto memorável começaram a desenhar-se assim que foram removidas as coberturas dos instrumentos de Piotr Kozieradzki e Michal Lapaj. Misteriosos LED’s ganharam vida por detrás da bateria e, um por um, todos os membros entraram em palco, ao som dos aplausos da excitada plateia. Durante a próxima hora e meia os Riverside apresentaram a melhor versão deles mesmos num concerto focado no seu último álbum ID.Entity. Desde o congelamento de todos os membros em Panic Room (só descongelados pelo calor do público), até aos sons mais mainstream de Friend Or Foe?, passando pelo discurso inicial de Big Tech Brother e pela versão improvisada de Post-Truth tudo neste concerto foi memorável. A reação do público não podia ser melhor, oferecendo cânticos com o nome da banda no intervalo das músicas, algo que deixou a banda visivelmente tocada. 

Todos os membros estiveram extremamente bem em termos da interpretação das músicas, mas o maior destaque vai para o líder Mariusz Duda que, com um baixo com bastante distorção, foi capaz de guiar todos os instrumentos ao longo das músicas extremamente complexas ao mesmo tempo que cantava todas as notas com a sua icónica voz. De notar também a fantástica performance do teclista Michal Lapaj, um autêntico showman que, do início ao fim do concerto, dançou, riu e interagiu com o público, tudo isto enquanto alternava as suas mãos entre o Hammond, o Rhodes e os teclados Korg, interpretando todos os temas com muita personalidade e segurança. Quando tudo isto se junta a um sensacional espetáculo de luzes, temos nas mãos a fórmula para o sucesso em qualquer concerto.

Segundo a sondagem efetuada por Mariusz Duda numa das suas interações com o público, para a grande maioria da plateia, este foi o primeiro concerto que viram dos Riverside. E, para todos os efeitos, a sua introdução ao mundo dos Riverside não podia ter sido mais bem feita. Um mundo que, esperamos, não demore muito tempo a voltar às terras do norte de Portugal.

Reportagem: Daniel Carvalho

Comentários

DISCO DA SEMANA #47 VN2000: Act III: Pareidolia Of Depravity (ADAMANTRA) (Inverse Records)

MÚSICA DA SEMANA #47 VN2000: White Lies (INFRINGEMENT) (Crime Records/We Låve Records)

GRUPO DO MÊS #11 VN2000: Earth Drive (Raging Planet Records)