Fazer álbuns conceptuais já não é novidade para os
Great Master. Mas pegar na clássica e imortal história de Alexandre Dumas, O Conde de Monte Cristo e, a
partir dela, construir um álbum de power metal é qualquer coisa de
extraordinário. Mas os italianos, que assumem ter sido este o seu projeto mais
ambicioso, conseguiram levar a ideia a bom porto e apresentam uma obra que
promete tornar-se, também ela, um clássico. Para perceber toda a envolvência deste
grandioso projeto fomos falar com o guitarrista Jahn Carlini.
Olá, Jahn, tudo bem? Obrigado por esta
oportunidade de entrevista! Os Great Master estão de volta, e podemos dizer como
um… grande mestre! Devem estar orgulhosos de Montecristo. Mas, quando nasceu a
ideia de escrever um álbum inspirado na obra O Conde de Monte Cristo de Alexandre Dumas?
Olá, Pedro, obrigado pelo teu apoio e da Via
Nocturna. É um verdadeiro prazer estar aqui contigo! Estamos muito
satisfeitos com o nosso último álbum Montecristo. A ideia nasceu logo
após o Thy Harbour Inn, pois muitas pessoas começaram a identificar-nos como
pirate metal. Somos uma banda de heavy/power metal e não gostamos
de ser comparados a outras bandas de pirate metal. O Conde de Monte
Cristo é um romance excecional e perfeito para ser representado no estilo
power metal!
Podemos dizer que este é o vosso trabalho mais
ambicioso até hoje?
Sim, Montecristo é o nosso álbum mais elaborado
até agora, tanto do ponto de vista musical quanto lírico. Queríamos agregar e
melhorar todo o trabalho que foi feito para Skull And Bones e Thy
Harbor Inn em relação ao arranjo orquestral e coral. Cada música foi
desenvolvida para tratar de um tema específico. Para os sons optamos sempre
pelos Domination Studios de Simone Mularoni com quem já trabalhámos
nos últimos álbuns a começar no Lion And Queen.
É a primeira vez que entram numa aventura com
esta magnitude? Antes de começar, quais eram os vossos maiores receios? Ou nem
pensaram nisso?
Nunca tocamos um romance musicalmente, mas já havíamos
feito outros álbuns conceptuais, como Serenissima sobre a história de
Veneza e Skull And Bones como uma prequela do romance de Robert Louis
Stevenson, Treasure Island. Trabalhar em Montecristo não foi
fácil porque conhecíamos a complexidade da ópera. Não houve receio, apenas a
consciência de que tudo tinha que ser feito da melhor forma possível e com a
devida paciência. Só gravar os backing vocals demorou muito para as
diferentes linhas harmónicas, mas é tudo 100% Great Master e estamos
muito orgulhosos disso.
Que tipo de pesquisa fizeram para criar este
álbum?
Não houve pesquisa, é um livro que li há muitos anos e
a história sempre me fascinou porque tu mesmo te tornas o protagonista e, passo
a passo, esperas o momento em que a situação vai explodir. Este é um romance
que tem tudo, amor, ódio, drama, tática, planeamento e começa no mar, exatamente
onde terminou o nosso último álbum. Foi a história perfeita para voltar a tocar
o nosso power metal.
E quais foram as vossas principais preocupações
com toda a criação?
O tempo! O tempo que levaria para terminar a gravação
e a mistura. Ao chegar ao final do trabalho ficas emocionado por já teres o
álbum nas mãos, porém ainda precisas ter paciência pois ainda existe toda a
parte referente à divulgação. Também há vídeos a serem feitos porque um álbum
como este não pode ser lançado sem ser apoiado por, pelo menos, alguns vídeos
excelentes e depois vem todo o trabalho de direção dos vídeos, encontrar os
lugares, os atores, a história e o tempo ainda fica mais longo.
Como foi o processo de composição deste álbum?
Principalmente, como cruzaram as partes instrumentais e de arranjo com a história
clássica?
Costumo preparar as músicas e passar para a banda, e aí
cada um, competente no seu instrumento, elabora a sua parte. Há uma novidade
neste álbum porque três músicas foram compostas por Giorgio Peccenini da
mesma forma, mas ao contrário. Obviamente a bateria foi a primeira coisa que
gravámos ao qual se seguiu todo o resto. Nesta ocasião, para compensar a saída
de Jack Lauretani da formação, contamos com o apoio de Simone
Morettin (Elvenking) e Denis Novello (que mais tarde se
tornaria o nosso baterista) para gravar as partes de bateria. Eu trato da
gravação dos ritmos enquanto Manuel Menin cuida da parte solo. Algumas
músicas estavam prontas e adaptadas ao conceito, enquanto outras, como a
abertura Back Home, foram criadas especificamente para o propósito de
uma história. Com as bases prontas, Giorgio tratou dos arranjos orquestrais e
das linhas harmónicas dos coros. Depois de todos os instrumentos terem sido gravados,
incluindo o vocal principal, dedicamo-nos a gravar os backing vocals
como peça final.
Tematicamente, seguiram
as principais diretrizes do texto original ou incrementaram com algumas ideias
originais e inovadoras?
Tentamos seguir os pontos principais da história, mas
também há momentos em que nos desviamos como acontece com a balada Nest Of
Stone que conta um momento importante de Dantes em que ele decide desistir
de seu amor. Outra música que foge à história do romance é a faixa-título Montecristo
onde encontramos um reflexo do Conde, e um alerta aos ouvintes que simpatizaram
com a sua história: do abismo da vingança, que tudo domina, não se emerge como
anjo redimido, mas como demónio testado pelo abismo.
O álbum tem linhas
melódicas fortes, o que é uma marca registada do som Great Master. Mas desta
vez parecem ainda melhores. Como trabalharam esse aspeto?
A linha melódica é uma caraterística dos Great
Master que ampliou a sua força graças aos arranjos de Giorgio. Não somos
exatamente uma banda sinfónica, mas o trabalho de Giorgio e os seus teclados
parece uma verdadeira orquestra. Não se ouvem apenas cordas, mas um conjunto de
instrumentos que Giorgio utiliza para enfatizar certas partes e a isso se somam
os coros que complementam o todo.
Outro aspeto importante,
aliás já referido, do vosso novo álbum é o trabalho coral. Com quem trabalharam
todas essas linhas corais excecionais?
Quatro de nós trabalhamos nos coros, eu, Stefano,
Giorgio e Massimo. Gravamos diversas linhas harmónicas que, somadas a outras,
criaram um refrão polifónico. Isto beneficia-nos do ponto de vista de
espetáculos ao vivo onde conseguimos trazer 4 vozes a palco para apoiar a
principal, algo que poucas bandas se podem dar ao luxo de fazer. Cada vez que
ouço o refrão final de October 5th fico animado a pensar em todo o
trabalho que foi necessário para que aquilo acontecesse.
Para este álbum, têm um
novo baterista na pessoa de Denis Novello. Porém, algumas músicas ainda contam
com Simone Morettin na bateria. Você pode explicar o que aconteceu?
Poucos meses antes de entrarmos em estúdio para gravar
bateria, Jack informou-nos que devido a problemas pessoais tinha de deixar a
banda. Por isso, tivemos de resolver o problema em pouco tempo. Simone é um
amigo, por isso pedimos-lhe para colaborar neste novo álbum. Pouco depois
Stefano propôs um amigo seu como baterista, Denis, que decidiu entrar na
formação. Em julho de 2022 tínhamos 2 bateristas para Montecristo, por
isso decidimos colocar os dois a tocar para facilitar o estudo de algumas
músicas cada.
Já tiveram a
oportunidade de tocar este álbum ao vivo? Que mais têm planeado em termos de
uma tournée?
Tocámos algumas músicas em suporte aos Elvenking
antes do álbum ser lançado, depois tivemos a festa de lançamento do álbum num minifestival
na Itália, onde o apresentamos aos nossos fãs italianos. Queremos trazê-lo ao
vivo no Ano Novo, e também sair das fronteiras italianas. Posteriormente comunicaremos
as novidades referentes à tournée.
Obrigado, Jahn. Foi uma
honra. Queres enviar alguma mensagem aos vossos fãs portugueses?
Obrigado, Pedro, foi um prazer conhecer-te e ter a
oportunidade de chegar ao público português que saudamos através das tuas
páginas. Convidamos quem gosta de power metal a seguir-nos nas nossas
redes sociais e ouvir Montecristo no Spotify ou Bandcamp.
Podem encontrar os links no nosso site www.great-master.com, portanto,
se quiserem, teremos o maior prazer em trocar comentários convosco.
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