III (RUFFYUNZ)
(2023, Hyperspace Records)
Ruffyunz é o resultado de uma parceria entre o
baixista Randy Pratt (Cactus/The Lizards), o
engenheiro/guitarrista vencedor do Emmy JZ Barrell, o vocalista Ed
Terry e uma coleção de mestres de bateria, guitarra e teclado. Mas este
terceiro disco do projeto americano vem provar que não basta ter grandes
talentos a tocar para se ter um grande álbum. Neste III colaboram nomes
lendários de toda a história do hard rock como Carmine Appice, Pat
Travers, Pat Thrall, Bumblefoot, Tony Franklin, Dave
Meniketti, Jim McCarty, Vinnie Moore, Derek Sherinian,
Tracy G, Billy “Spaceman” Patterson entre outros, mas o resultado
é pouco mais que satisfatório. Execuções brilhantes e solos memoráveis há com
fartura, mas… e canções? São poucas as que realmente entusiasmam,
essencialmente fruto de uma enorme confusão que grassa na maioria delas. Então,
o tema de abertura, Street Corner High é o exemplo perfeito de como querer
meter tudo numa canção sem preocupações melódicas ou harmónicas. Uma verdadeira
cacofonia sem cuidado que, infelizmente, acaba por se alastrar a outros temas.
Para além dos solos e dos registos individuais, o outro aspeto mais relevante
neste disco é mesmo a sua abordagem funky que confere um groove
muito agradável. Digamos que uma inesperada junção entre os Aerosmith e James
Brown. Portanto, hard rock e funk de mão dadas, vocais
poderosos, riffs pesados e bons solos está tudo cá. Falta o resto – as
canções. [75%]
Undecided Behaviour (SISTER MAY)
(2023, Independente)
Undecided Behaviour apresenta ao mundo o coletivo belga Sister
May que busca na música eletrónica dos anos 80 a sua inspiração que acaba
por ser cruzada com o metal alternativo de tempos mais recentes. Por
isso, este álbum traz estruturas rítmicas que poderiam ter sido criadas pelos Tool
associadas a harmonias pouco convencionais dos A Perfect Circe e onde há
sempre espaço para momentos eletrónicos/industriais, numa referência aos Nine
Inch Nails. Tudo resumido a uma impactante força provocadora de ritmos
alternativos e ruídos mecânicos que cria atmosferas intensas e ambientes
industriais capazes de provocar ferimentos nos mais incautos. [70%]
De Aquí a la Eternidad (ANKHARA)
(2023, Art Gates Records)
De Espanha nem bom vento nem bom casamento,
costuma dizer o povo, mas já do power metal não diz isso. Porque, de
facto, são inúmeros os nomes de nuestros hermanos que se salientam neste
campo. Os Ankhara são um desses nomes, tendo começado a sua carreira em
1995, em Madrid. E, após três álbuns de estúdio, já com o seu nome
estabelecido, a banda encerraria funções, em 2004. Felizmente voltariam, ainda
mais fortes, em 2013, tendo já lançado mais dois álbuns. O último foi o muito
bem aceite Premonición, lançado em 2021 e, enquanto o novo longa-duração
não chega e para satisfazer a ânsia dos fãs, surge De Aqui a la Eternidade,
provando pelo título e pela qualidade destes cinco temas que, efetivamente,
teremos banda até… à eternidade. Cinco temas de power metal, ora mais
orientado para a escola melódica ora mais orientado para a escola do poder, mas
sempre fiéis às regras estabelecidas e a proporcionarem momentos de puro transe
metaleiro. Entre estes está Into The Pit, único tema cantado em
inglês, que na verdade é uma cover dos Fight. E neles participa
gente de nomeada como Ralf Scheepers em Tu Verdad e Andy La
Roque em Soy El Fuego. Assim, a espera por um novo longa-duração
fica mais fácil e os fãs têm aqui um bom motivo para sorrir, pois a banda
mostra-se em excelente forma. [84%]
Memories Uploaded (INNER BLAST)
(2023, Ethereal Sound Works)
Já lá vai muito tempo desde que Figment Of
The Imagination colocava os Inner Blast em pontos mais negros e
pesados da sua trajetória. Por isso, a banda lisboeta quis dar um sinal de vida
com o lançamento de Memories Uploaded. Este é um EP que recupera algumas
memórias, claro que sim, mas que também aproveita para mostrar o que o quarteto
liderado pela poderosa Liliana Silva anda a fazer. Por isso, aos
clássicos There’s No Pride…, Darkest Hour e No Strings
gravados ao vivo no RCA Club, em Lisboa, no dia 22 de novembro de 2019,
juntam-se duas malhas novas, Scourge And Fire e Master Of Suffering.
Dois temas que mostram que o caminho dos Inner Blast continua a evoluir,
embora se mantenha firmemente assente num metal que tanto tomba para um
lado melódico (Master Of Suffering é portentosa nesse capítulo), como
para um lado brutal. [76%]
The Age Of Rocketeers (CATALYST)
(2023, Independente)
Provavelmente cansados do seu ritmo de
lançamento que incluía singles e EP’s, os Catalyst foram com tudo
para criarem um longa-duração. E quando dizemos com tudo, foi mesmo com tudo.
Acentuaram a sua dose de arrojo criativo e acentuaram a sua dose de
agressividade. Todavia, perderam ao nível melódico. Esses cenários estão menos
presentes e menos capazes. The Age Of Rocketeers é um disco com muitos
momentos death metal e com algumas (cada vez menos evidentes, também) incursões
pelo metalcore. E sempre que a oportunidade surge, linhas melódicas e pormenores
progressivos são introduzidos a preceito. E, em The Age Of Rocketeers,
estes surgem mais elaborados e desenvolvidos que aqueles. No fundo, a banda
belga cresceu e amadureceu. Definiu um caminho e está a construí-lo, com
competência, rigor e muita capacidade de choque e de evolução. [72%]
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