Sonic Mojo é o 17.º trabalho dos
seminais Foghat e o seu primeiro registo em sete anos. E é um registo
que transporta diferentes sensações, com o falecimento de Kim Simmonds (coescritor
de três dos temas deste registo) a toldar o sucesso deste lançamento. Mais uma
vez, um disco dos Foghat é dividido entre temas originais e algumas versões, e
esta foi um dos tópicos da nossa conversa com o lendário baterista Roger Earl.
Olá,
Roger, tudo bem? Primeiramente, deixa-me dizer que é uma verdadeira honra
fazer esta entrevista contigo, e deixa-me dar-te os parabéns lo pelo novo álbum
dos Foghat. O que nos podes dizer sobre este novo álbum?
Olá, Pedro, o disco transmite, eu acho, todas as
influências que a banda tem. Obviamente, o blues para mim é para onde
vai o meu gosto musical, e com o blues temos jazz, bebop, rock
and roll, country & western. A música americana emocionou-me
desde que eu tinha onze ou doze anos, quando ouvi pela primeira vez discos da Sun
Record Label em Memphis, TN. Jerry Lee Lewis, Johnny Cash, as
primeiras gravações de Elvis Presley. Depois ouvi Chuck Berry, Howlin’
Wolf, Willie Dixon e Muddy Waters! Essa é a música que ainda
me emociona e as músicas deste disco têm um pouco de todas essas influências!
Acredito que possa existir
uma mistura de sentimentos diferentes. Por um lado, finalmente lançam um novo disco;
por outro, carregam a tristeza de ter recentemente perdido um dos vossos melhores
amigos. Como estás a lidar com essa situação?
Há 56 anos Kim deu-me a minha oportunidade quando
entrei para os Savoy Brown. Principalmente nos últimos tempos fizemos
vários espetáculos juntos. Nós compartilhamos a mesma agência de booking
nos últimos 10 anos ou mais, portanto tocávamos juntos muitas vezes e eu subia durante
o set dele e tocava e ele subia e tocava com os Foghat. Foi
ótimo. Uma perda tremenda.
E deve ser dito que Kim
Simmonds coescreveu três músicas para este novo álbum. Que lembranças guardas desse
trabalho colaborativo?
Kim tocou no nosso álbum de estúdio anterior (Under
The Influence) em quatro músicas e ele foi ótimo! Foi nessa altura que ele
disse que adoraria escrever algumas músicas para Foghat. Ele escreveu
quatro músicas e três estão neste álbum. E são provavelmente as minhas
favoritas. A parte triste é que Kim ficou doente e não as pode tocar.
Avançando para Sonic Mojo, este é o
vosso primeiro lançamento em sete anos. O que aconteceu durante tanto tempo
entre os lançamentos?
O pesadelo do COVID impediu-nos de tocar e escrever
juntos. Mas para ser honesto, demoramos o nosso tempo (não é uma corrida),
temos o nosso próprio estúdio em Deland, Flórida. É um lugar descontraído e
muito orgânico para criar música. Começamos a escrever e gravar há alguns anos,
e retomámos o trabalho depois de Covid. Com Scott na banda desde janeiro de
2022 resultou tudo muito bem e avançámos!
O que nos mostram, musicalmente
falando, em Sonic Mojo? O som tradicional dos Foghat ou incluíram algumas
inovações?
Todas as nossas influências musicais aparecem neste
disco (Americana).
Como decorreu o
trabalho de estúdio para este álbum?
Divertimo-nos muito a tocar e a escrever juntos,
especialmente desde que Scott Holt se juntou à banda; Bryan Bassett
e Scott são dois guitarristas incríveis. Temos o nosso próprio estúdio na
Flórida, portanto temos muito tempo para escrever, gravar e acertar. Bryan
Bassett é o nosso engenheiro e produtor interno, além de ser um grande
guitarrista. Simplesmente divertimo-nos muito e isso fica evidente neste álbum.
Sonic Mojo é um álbum que mistura
músicas originais e alguns covers. Por que decidiram seguir esta opção e não
apresentar um álbum completo de originais?
Quase sempre os Foghat fizeram covers de
algumas das nossas músicas favoritas em álbuns. Geralmente fazemos alguns
originais e depois escolhemos as nossas músicas favoritas de alguns de nossos
heróis musicais!
Que critérios seguiram
para a escolha desses temas?
Surgem de jam sessions no sound check e
no aquecimento em estúdio.
Olhando para trás, para
a vossa rica história, podemos dizer que a época de maior sucesso terá sido a
década de 70. Sentem saudades desses tempos?
Sinto falta de Dave, Rod e Craig. Vamos continuar. Eu
adoro tocar nesta banda e sim, os anos 70 foram uma ótima época para se tocar numa
banda. Foi divertido e estávamos sempre na estrada!
Se te perguntasse qual
é o álbum do qual tens mais orgulho, o que me dirias? E por outro lado, qual
foi o álbum no qual sentes que não foi mostrada a verdadeira essência dos Foghat?
Verdadeiramente adoro a maioria dos nossos álbuns,
tanto de estúdio quanto ao vivo. Sonic Mojo é o nosso 17º álbum de
estúdio. Todos eles dizem algo sobre onde a banda estava (num momento) e quem
estava na banda. Tenho muita sorte de ter tocado sempre com grandes músicos e
agora de tocar com Bryan, Scott e Rodney. (vou continuar até ficar velho e
arrasar até cair).
Quais são os vossos planos
para divulgar este álbum em palco?
Fizemos duas festas de lançamento do álbum, uma em
Nova York no Iridium (esgotado) e uma na Califórnia no Coach House
San Juan Capistrano (esgotado). Apresentamos 8 músicas do Sonic Mojo.
Adoramos festejar. E temos tocado três dos singles deste lançamento no nosso
set nos últimos meses. Os fãs são ótimos! Eles adoram estas músicas
tanto quanto as outras!
Com uma carreira tão longa,
ainda têm sonhos e objetivos a cumprir?
Eu tento manter-me saudável. Adoro tocar com esta
banda e quero tocar com ela na Europa.
Obrigado, Roger, foi
uma honra. Queres enviar alguma mensagem para os vossos fãs?
Os nossos fãs são os melhores. Se não fosse pelos
nossos fãs não estaríamos aqui e estamos muito gratos por eles nos apoiarem há
53 anos!
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