Entrevista: High Spirits


 

High Spirits é o projeto paralelo de Chris Black (Dawnbringer, Aktor) e onde aproveita para criar em solitário. Depois de Hard To Stop ter sido muito bem recebido, a mais recente proposta ainda consegue ultrapassar esses limites. Safe On The Other Side é o nome desse registo e foi para conversar sobre ele que contactámos o multi-instrumentista americano.

 

Olá, Chris, parabéns pelo vosso excelente novo álbum. Como estás desde a última vez que conversamos em 2020? Obrigado, mais uma vez, por esta nova oportunidade para falarmos sobre o novo álbum. A primeira pergunta é: escreveste, tocaste e gravaste este novo álbum sozinho, como sempre?

Olá, Pedro e obrigado por me convidares novamente. Para ser sincero, tive muitos altos e baixos desde 2020, tal como o resto do mundo. Mas acho que muitas coisas estão a ir na direção certa novamente. Para responder à tua pergunta, sim, fiz. Isso faz parte do que é High Spirits. Deixei os meus filhos tocarem os pratos algumas vezes, mas foi tudo.

 

Olhando para o título, Safe On The Other Side, este parece muito enigmático, quase como a enviar uma mensagem. Como aparece e o que significa?

Sim, acho que podemos entender o título de algumas maneiras diferentes. Para mim, pessoalmente, está relacionado com o processo de produção deste álbum. Demorou muito depois de Hard To Stop antes que tivesse a sensação certa de fazer isso de novo, e portanto, quando a sensação esteve lá, demorou outro longo período para realmente criar o álbum. Por isso, sinto que passei por um grande desafio, sim, essa é a minha reflexão pessoal em relação ao título. Mas outra pessoa terá uma interpretação diferente, e essa também pode estar correta.

 

Hard To Stop foi um ótimo álbum. Achas que seria uma tarefa difícil criar algo ainda maior? Olhando para Safe On The Other Side, achas que alcançaste esse propósito ou nem pensas nisso?

Obrigado, sim, foi uma tarefa difícil, com certeza, mas não pensei no álbum anterior, nem em nenhum outro álbum. Concentrei-me tanto quanto possível em apenas escrever as melhores músicas possíveis que eu pudesse escrever nos dias atuais. Aprendi da maneira mais difícil, depois de Another Night, que não é produtivo deixar um trabalho anterior exercer qualquer influência ou pressão sobre algo novo. Em bom rigor, tive em mente algumas coisas técnicas do Hard To Stop, basicamente para ter certeza de que o novo álbum teria o mesmo som quente e poderoso.

 

Desta forma, quais foram as tuas principais preocupações em relação a esta nova criação?

Acho que numa palavra seria paciência. Eu estava a tentar ser paciente comigo mesmo e com as músicas, escrever apenas o que estava com vontade de escrever e só trabalhar quando estivesse com vontade de trabalhar. Tentei manter a mente muito aberta sobre o processo, a música e também as letras.

 

Neste álbum tentaste explorar alguns novos territórios musicais. Como olhas para essa evolução? Abrem um caminho possível para músicas futuras ou foram apenas breves novas abordagens?

Bem, de momento isso é difícil de dizer. Acho que talvez precisássemos voltar daqui a alguns anos, para ver se houve alguma premonição ou presságio. Mas eu penso assim. De certa forma, principalmente na minha forma de trabalhar, cada álbum é um protótipo para o próximo álbum. O crescimento não é apenas inevitável, mas para mim também é uma parte necessária do processo. É aquela paciência de novo, uma espécie de gentileza.

 

Em relação ao processo criativo, seguiste a mesma via de sempre ou desta vez também tentaste novas abordagens?

O processo é sempre muito parecido e, recentemente, cometi o mesmo erro de começar as gravações do álbum um pouco cedo demais. Provavelmente deveria ter deixado o processo de demo durar um pouco mais desta vez, porque isso me teria poupado algum tempo mais tarde. Mas isso é difícil de equilibrar, porque no passado também tive o problema de trabalhar demais nas demos e de drenar toda a espontaneidade da fase “para sempre” da gravação. Mas esse processo é basicamente o mesmo sempre: bateria, depois guitarra base, depois baixo e, finalmente, os vocais e guitarra solo mais ou menos ao mesmo tempo.

 

Olhando para os títulos das músicas, o tema ligado à noite está muito presente. Este é um álbum sombrio e triste?

Acho que não. Por que tem a noite de ser escura e triste? Acho que pode ser brilhante e bastante emocionante.

 

Assim como no álbum anterior, trabalhaste novamente com Dan Swano. Fizeram algo diferente desta vez para alcançar este som incrível que conseguiram?

Eu sei que Dan construiu o som da bateria de forma um pouco diferente do álbum anterior, e isso aconteceu porque tinha alguns microfones novos. Basicamente, desta vez, houve muito mais som de “ambiente”, portanto Dan foi capaz de criar uma mistura geral de bateria mais natural usando isso. Tudo desde guitarras e baixo está igual a antes, mas o que sabemos sobre Dan é que ele está sempre a explorar e a refinar as suas ferramentas e também o seu método, portanto certamente haverá sempre algum crescimento na minha parte do processo e também da dele. Que bom que tenhas gostado do som, também o acho matador.

 

Sendo Dan sueco, teve alguma influência na escolha da música Memories dos Europe, para fazerem uma versão? É uma banda ou música que tem/teve alguma relevância para ti?

Na verdade, não conheço os Europe para além dos seus mega-hits. Mas o meu amigo enviou-me esta versão ao vivo de Memories, do Youtube, o que me surpreendeu, não só porque eles estavam a tocar muito forte e pesado, mas porque se parecia muito com uma das nossas músicas. Disse sempre que os High Spirits nunca fariam uma versão, mas esta era boa demais. Em determinado momento mostrei ao Dan o clipe do Youtube e a sua reação foi a mesma, simplesmente não conhecia esse aspeto da banda.

 

Já tiveste a oportunidade de tocar este álbum ao vivo? O que tens programado em termos de tournée? Nesse caso, quem está/estará contigo em palco?

Até agora só tocamos In The Moonlight ao vivo, mas correu tão bem que fiquei muito orgulhoso e satisfeito com isso. Em fevereiro faremos um espetáculo na nossa cidade natal, Chicago, mas não há mais nada programado de momento. Fizemos muitos espetáculos em 2023, portanto acho que uma pausa será bom.

 

Tens informações sobre os teus outros projetos, Dawnbringer e Aktor, que possas partilhar com os nossos leitores?

Sim, uma das razões para esta pausa ao vivo dos High Spirits é porque estamos a fazer alguns espetáculos limitados com os Dawnbringer. A banda está totalmente morta desde 2016, mas finalmente tivemos ofertas suficientes e parecia o momento certo para tocar ao vivo novamente. Não é uma reunião nem nada disso, apenas quatro espetáculos e depois de volta ao túmulo. Para Aktor, sim, estamos agora a escrever músicas para um novo álbum. Acho que a primeira sessão de estúdio será em janeiro. Mas este é sempre um processo muito longo, por isso não sei quando poderá ser concluído e lançado.

 

Obrigado, Chris, mais uma vez. Foi uma honra. Queres enviar alguma mensagem aos nossos leitores e aos teus fãs portugueses?

Obrigado, também, Pedro! Aos fãs portugueses, ainda queremos tocar para vocês um dia. Muito obrigado pela paciência e dedicação enquanto isso. Saudações!




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