Blunt Knives
é o nome do EP de estreia de Basalto, projeto pessoal de Guilherme de Sousa,
artista com formação musical em clarinete, em teatro e em dança contemporânea. E é o resultado de dois anos de trabalho, que,
partindo de uma experiência autobiográfica, procura o seu lugar próprio num
universo musical melancólico, sombrio e de sonoridades tristes. O próprio mentor,
Guilherme de Sousa, explicou-nos as razões de ser deste projeto.
Olá, Guilherme, tudo
bem? Obrigado pela disponibilidade. Podes apresentar este teu novo projeto
Basalto? Como se proporcionou a sua criação?
Olá, Pedro! Tudo ótimo,
espero que contigo também. Antes de mais, obrigado pelo convite. Este projeto
deu os seus primeiros passos durante a pandemia - momento em que tive tempo
para experimentar processos de composição e escrita musical. Sempre tive
vontade de perceber como seria um processo deste tipo feito por mim e o tempo
de confinamento proporcionou-me essa oportunidade. Aconteceu tudo sem grandes
expetativas e por isso acabou por ser um processo descontraído. Só se tornou
mais sério quando comecei a partilhar as músicas com os produtores com quem
trabalhei neste EP, construindo o disco e planeando o seu lançamento.
Porque Basalto? Pela tua sonoridade negra como essa rocha
vulcânica?
Basalto sim,
por ser uma rocha vulcânica e me permitir fazer este paralelismo com a música
que "vem de dentro”. Também por se poder associar a um universo mais
sombrio como o que tenho tentado criar com o projeto.
Tu tens formação musical em clarinete, mas Blunt Knives acaba por não ter uma orientação muito definida
para esse instrumento. Porquê?
Penso que a minha
formação em clarinete acabou por ficar em 2009, em Viana do Castelo - nunca
mais lhe quis dar-lhe continuidade. Fez sentido na altura, mas não tive vontade
de a trazer para este disco. Acredito que tenham sido mais importantes para o
atual projeto as aulas de formação musical, que fiz em paralelo com as de
clarinete.
E também se nota nestas composições a tua formação em teatro.
Consideras este disco mais teatral ou pessoal? Ou uma mistura dos dois?
Acho que a
mistura entre os dois me faz mais sentido. Até porque a origem do processo de
escrita é maioritariamente autobiográfica, mas interessou-me juntar traços
ficcionais para que se diluísse a fronteira entre a vida real e o objeto
artístico. Para além disso, acredito que a minha formação teatral imprimiu um
cunho mais dramático ao projeto, empolando a tristeza e melancolia - caraterística
do universo musical que tenho vindo a criar.
Os vídeos também têm uma forte componente visual. São criações
tuas?
Todos os vídeos
do projeto foram realizados pelo Pedro Azevedo, com quem colaboro há
muitos anos nas nossas criações teatrais através da associação cultural Bluff.
O Pedro, que é cenógrafo e figurinista, é o responsável pela criação do
imaginário visual do projeto, tanto nos vídeos como nas fotografias. Sou grande
admirador do seu trabalho e da sua linguagem visual e estética tão apuradas.
Se te pedisse para descrever Blunt Knives nas tuas próprias palavras, como o farias?
É uma pergunta
difícil, uma vez que ainda estou a desenvolver o projeto, mas poderia dizer que
Blunt Knives é um universo musical e visual sombrio e nostálgico criado
à medida de um “personagem” que canta sobre as suas tristezas e estados de
espírito melancólicos.
Neste álbum tens a participação de alguns músicos. Queres
apresentá-los e explicar o seu papel no resultado final?
Claro que sim!
Acho muito importante apresentar a equipa envolvida. O primeiro tema do disco, Little
Boy Big Tears, foi produzido pela Sofia Ribeiro (Lince, We
Trust), que eu já conhecia há uns anos. Como grande admirador do seu
projeto musical, propus-lhe colaborarmos nesse tema (Little Boy Big Tears),
e acabamos por trabalhar juntos em mais um tema, Blunt Knives.
Entretanto conheci o Rui Gaspar (First Breath After Coma), por
ter feito a mistura e masterização do primeiro tema, e o resultado foi uma
colaboração conjunta noutros 3 temas do disco, Loners, Melt In You
e Lost In Silence. Quanto à Mariana Leite Soares, música e
sonoplasta, tínhamos já trabalhado juntos nas minhas criações teatrais com o Pedro
Azevedo e ela acabou por colaborar comigo no tema Penelope.
Já tiveste oportunidade de apresentar este trabalho ao vivo? O
que mais tens planeado para o futuro?
Tive o concerto
de estreia do EP, que aconteceu a 9 de março no Passos Manuel, no Porto.
Para datas posteriores, tenho já agendado outro concerto, esse no dia 10 de maio,
nos Maus Hábitos, também no Porto. Entretanto, estou já a trabalhar num
próximo disco, sem pressas, que tenho vindo a preparar em paralelo com Blunt
Knives.
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