Entrevista: Greydon Fields


 

Como a toda a gente, a pandemia trouxe grandes perturbações. Para os Greydon Fields também pois viram o seu espetáculo de apresentação de Warbird cancelado pouco dias após o seu lançamento. Forças recuperadas, vontade redobrada e aí estão os teutões com mais uma obra lançada no final do ano passado. Otherworld mostra uns Greydon Fields mais diretos e sucintos e, na nossa opinião, também mais melódicos, embora o vocalista Volker Mostert, com que conversámos desta vez, não concorde.

 

Olá, Volker, tudo bem desde a última vez que conversamos, em 2020? Como estão os Greydon Fields desde o lançamento de Warbird?

Obrigado, Pedro, estou ótimo! Os Greydon Fields passaram por momentos difíceis durante a pandemia, assim como muitas outras bandas. Para nós, a situação foi especialmente frustrante, já que o espetáculo de lançamento do álbum Warbird foi um dos primeiros a ser cancelados durante o primeiro confinamento. Mas mesmo assim seguimos em frente e aqui estamos.

 

E três anos depois de Warbird a banda está de volta com um novo álbum, Otherworld. Como foi a preparação para este álbum e quais foram os principais objetivos que estabeleceram?

Não houve nada em termos de preparação. Achamos que seria uma boa ideia gravar e publicar uma música, Time Is A Killer, só para nos mantermos ocupados durante um período sem concertos. Isso foi em setembro de 2021. Mas Greg continuou a gravar demos e eu gravei os vocais para elas, portanto, no final de 2022, tínhamos um álbum cheio de músicas novas e decidimos ir em frente. Portanto, não houve um “objetivo”, um álbum é apenas uma coleção de músicas que estão prontas para serem ouvidas.

 

Mais uma vez a posição do baixista sofreu alterações. Tem sido difícil manter um baixista por muito tempo... o que aconteceu?

Desta vez foi diferente. Patrick, o nosso baixista em Tunguska e Warbird estava ocupado com o seu trabalho e sentia que não poderia estar mais numa banda. Foi quando Robert entrou, bem a tempo de gravar Time Is A Killer. Pouco depois, Patrick assumiu um emprego diferente que lhe permitiu continuar a tocar numa banda e voltou aos Greydon Fields na guitarra base. Fizemos alguns espetáculos como quinteto, mas foi quando Patrick e a sua esposa tiveram um filho, portanto Patrick finalmente desistiu, desta vez para sempre.

 

Existe alguma conexão entre este novo álbum e o vosso lançamento de 2015, The God Machine? Pergunto isso porque a faixa de abertura de Otherworld é The Machine e vemos na letra uma referência a esse título anterior?

A conexão entre as duas músicas é o pano de fundo da ficção científica. No entanto, The God Machine refere-se ao acelerador de partículas da vida real no qual a partícula de Higgs, também conhecida como “partícula de Deus” foi detetada pela primeira vez. The Machine é baseado num conto de ficção científica escrito em 1909, isto é, 115 anos atrás! A história prevê muitos aspetos da Internet de hoje. Os humanos vivem no subsolo, isolados uns dos outros. A comunicação ocorre apenas por meio de telas de computador. E uma máquina poderosa fornece todas as necessidades pessoais com o apertar de um botão. As analogias com a nossa vida de hoje são impressionantes, não achas?

 

Sobre a direção musical, podemos dizer que há aspetos inovadores em Otherworld. Um dos mais relevantes é que este álbum soa muito mais melódico. Concordas com a nossa perceção? Era essa a intenção desde o início ou simplesmente aconteceu assim?

Não acho que este álbum seja mais melódico comparado com os seus antecessores. Porém, tem músicas mais curtas, com uma estrutura musical mais direta. A última música Eternal Idol é a grande exceção, é longa e tem muitas partes diferentes.

 

Como foi a metodologia de trabalho para este novo álbum? Semelhante à dos álbuns anteriores ou tentaram abordagens diferentes?

Cada um dos nossos álbuns foi produzido de forma diferente. Em The God Machine, gravámos na nossa sala de ensaio e depois um engenheiro assumiu a pós-produção. Tunguska viu todos nós a gravar em estúdio, enquanto Warbird foi uma mistura de estúdio e gravação caseira. Agora, para Otherworld, todos nós gravámos em casa e o projeto foi então entregue a Dan Swanö para a mistura e masterização. Ficou ótimo, acho…

 

Nos últimos álbuns vocês tiveram alguns convidados, principalmente no violino. Para este novo convidaram alguém?

Sim, a minha esposa tocou cordas nos últimos três álbuns, mas nós terminamos, portanto não houve cordas em Otherworld. Talvez a minha filha grave alguns violinos para o nosso próximo álbum, quem sabe. Ela tem 16 anos e é muito talentosa.

 

Também podemos notar que este álbum é substancialmente menor em comparação com Warbird (menos cerca de 12 minutos) e com menos uma música. Por que decidiram fazer um álbum mais curto?

Foi porque que fechámos o livro após 41 minutos de música.

 

Em que ponto está a situação com a Roll The Bones Records. Funcionará apenas para os álbuns dos Greydon Fields ou há ideias de reativação e reabertura para outras bandas?

Pelo que entendi de Greg, que dirige a Roll The Bones Records, ele usará este selo apenas para os álbuns dos Greydon Fields. Não creio que isso vá mudar no futuro, porque envolve muito trabalho para uma única pessoa publicar a música para quatro ou cinco bandas adicionais.

 

Já tiveram oportunidade de tocar Otherworld ao vivo?

Sim, fizemos alguns espetáculos desde que o álbum foi lançado e tocamos a maioria das músicas novas. Foram muito bem recebidas.

 

Chegaram a fazer a Vengeance Tour com os vossos ex-companheiros de editora Ignition, que também têm um novo álbum. Como foi esse reencontro?

Fiquei feliz que Schally (vocalista dos Ignition) me tenha abordado no ano passado e perguntado se faríamos dois espetáculos com eles. Mas não vamos sair em tournée; isso seria incompatível com os nossos empregos diários e famílias.

 

Mas têm mais alguma coisa planeada?

Temos alguns espetáculos agendados para 2024. Até o momento, faremos um concerto de beneficência, pelos direitos dos animais, outro no festival Rage Against Racism e um outro de abertura para Metal Heart, uma homenagem aos Accept. Tenho certeza de que haverá mais.

 

Obrigado, Volker. Foi uma honra. Queres enviar alguma mensagem aos nossos leitores e aos vossos fãs?

Obrigado pela entrevista. Se ainda não conferiram a nossa música, façam-no e deixem-nos um comentário nas redes sociais. Vemo-nos no The Fields!


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