Em silêncio desde 2012, os Men Eater saíram da sua longa
hibernação para o lançamento do seu mais refinado álbum. Lançado já bem perto
do final do ano passado e adequadamente homónimo, este é, sem dúvida, o disco
que melhor define a banda lisboeta. Houve curiosidade, portanto, para saber o
que se passou ao longo desta década e que novidades nos traz o coletivo.
Olá, pessoal, tudo bem? Antes de mais, sejam bem-vindos de novo!
O que se passou com os Men Eater para este tão longo interregno?
Obrigado pelo convite e pelo vosso interesse! Nós
chegamos a um ponto onde já não estávamos a conseguir atingir as expetativas
que nós próprios criámos para a banda. Os vários membros da banda na altura
tinham projetos profissionais/pessoais que estavam a impossibilitar a banda de
crescer. Então decidimos que devíamos continuar apenas com a nossa amizade e
deixar MEN EATER em standby indefinido. Às vezes há mesmo
coisas que vêm por bem, como neste caso onde acho que voltamos todos mais
maduros, mais velhos e muito mais tranquilos em relação a expetativas. O que
vier veio, e está tudo bem assim. Só queremos fazer música, divertirmo-nos e
espero que o público sinta isso e também se divirta.
Mas, entre 2014 e 2016 ainda se chegaram a juntar de novo, não
foi? Foi apenas circunstancial?
Nessa altura foi apenas uma coisa circunstancial,
estávamos com vontade dar mais um ou outro concerto em forma de despedida e
isso não foi algo super pensado. Surgiram propostas e pensámos “porque não?”.
Foi algo que fizemos meramente para nos divertirmos, porque gostamos de estar
juntos e foi uma boa desculpa para nos juntarmos e curtir.
Este novo álbum traz dez novas canções. Foram todas criadas recentemente
ou já vêm de ideias mais antigas do tempo em que não estiveram ativos?
A maior parte das músicas são composição nova, mas
temos riffs que vêm desde a altura do Hellstone. Alguns riffs
que fizemos na altura e ficaram esquecidos no tempo e outros que são
literalmente cópia do Hellstone mas transposta para outra afinação.
E o regresso é feito precisamente com o álbum homónimo. Porquê?
Sentem que é este o álbum que melhor vos define?
É uma boa questão. Achamos que sim, é o álbum que
melhor nos define, no sentido em que junta a sonoridade dos vários álbuns, mas
com uma intensidade mais lenta, mais sludge, mais dark. Também
foi o álbum onde tivemos mais tempo para compor sem pressões porque ainda
estávamos na pandemia e não havia nenhuma data ou compromisso que tivéssemos de
respeitar. Foi um álbum que fizemos para nós, à vontade e com todo o tempo que
precisámos.
Musicalmente é suportado por alguns grandes hinos dentro do
género e até com algumas inovações. Consideram este o vosso disco mais bem
conseguido a esse nível?
Sem dúvida. Como tivemos tempo para fazer o disco
pudemos pensar em todos os pormenores e arranjos com calma. O André contribuiu
em muito para isso quando entrou na banda já durante o processo de gravação,
tanto em teclas como arranjos de guitarra e voz.
Por falar em inovações, de que forma trabalharam no processo de
composição e produção para este álbum? Mudaram alguma coisa em relação à vossa
antiga metodologia?
A composição deste álbum foi completamente diferente
dos outros. Desta vez compusemos tudo no homestudio do Mike. Fizemos as
bases e as estruturas das músicas e depois fomos para o estúdio gravar e fazer
os arranjos e as várias layers das músicas. No passado fazíamos tudo na
sala de ensaio e íamos daí diretos para o estúdio gravar. A diferença é que
assim podemos ter muito mais foco nos pormenores.
Nesse particular, como é que temas como Uma Multidão de Pecados ou Remnant ganharam forma?
MEN EATER
sempre teve várias partes mais “espaciais” dentro dos temas e quando surgiram
as ideias para essas músicas sentimos que nos apetecia manter esse feeling
a música toda. Mais tarde pensámos que seriam boas músicas para incorporar
vozes diferentes, em especial a Remnant, que sempre pensámos que seria
para uma voz feminina. A Sara Badalo para nós foi a opção mais obvia.
Curiosamente, ambos têm convidados nos vocais: Sara Badalo e
André Henriques que se juntam a Frankie Chavez, na lap steel. O que procuravam adicionar a estas composições com
estes convites?
Como estava a dizer anteriormente, foram temas que
pensámos que ficariam mais completos com essas participações. O Frankie
Chavez a adicionar o seu “deserto” com a lapsteel, a Sara Badalo
com a presença que a voz dela acrescenta ao som e o André Henriques a
acrescentar os seus arranjos vocais caraterísticas mais uma vez, como quando
participou na Lisboa. Mais uma vez, tratou-se de acrescentar layers
aos temas para enriquecê-los, incluindo nisso também a voz.
Voltemos a Uma Multidão de Pecados,
tema que se diferencia também pelo uso do português. Não sendo inédito, é raro
nos Men Eater. O que vos fez seguir este caminho desta vez?
Foi o facto de o André Henriques já ter
participado na Lisboa e ele aceitou mais uma vez o nosso convite. O
André canta em português e era isso que mesmo que pretendíamos numa
participação dele.
Outra novidade é a passagem a um quinteto, com a inclusão de um
teclista. Não sendo a primeira vez neste formato (penso que o primeiro EP era
assim, estou certo?) é a primeira vez com teclados, não é? Quais foram as
vossas motivações para este passo?
A banda na sua formação original era 1 vocalista, 2
guitarras, 1 baixo e 1 bateria. Depois passou o Mike a acumular a voz à
guitarra e ficámos 4, sem vocalista. Também tocámos o GOLD com o Fábio
Jevelim em que ele tocava teclas e guitarra. Agora somos 3 guitarras ao vivo,
mas no álbum estão gravadas muitas teclas feitas pelo André Hencleeday
(sendo que o piano é o seu instrumento de formação). Ao vivo esses arranjos
saem em backtrack porque quisemos trazer ao vivo o power de ter
as 3 guitarras gravadas no álbum para ser mais orgânico e fiel ao que está
gravado.
Já tiveram a oportunidade de apresentar este álbum ao vivo?
Sim, no mês de janeiro em Lisboa no Lux e em
Loulé no Bafo de Baco.
E o que mais têm planeado para este novo ano?
Temos mais concertos agendados pelo país que serão
divulgados assim que estiverem finalizados os pormenores com os promotores.
Obrigado, pessoal! Deixo-vos a oportunidade de acrescentar mais
alguma coisa que achem pertinente…
Só nos resta agradecer e esperar que gostem do nosso
novo disco tanto como nós. E que se divirtam a ouvir estas malhas novas ao vivo
claro! Obrigado.
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