The Congregation Acoustic (EINAR SOLBERG)
(2024, InsideOut Music)
The Congregation foi o quarto álbum dos Leprous,
lançado em 2015 e ainda hoje considerado uma das suas mais relevantes obras. E
foi este álbum que o vocalista Einar Solberg escolheu para fazer uma
apresentação muito própria: apenas a sua voz e piano. Foi assim em 2022, ou
seja, ainda antes da sua estreia a solo com o brilhante 16, numa
apresentação streaming. Um registo que é agora disponibilizado e onde,
em pouco mais de uma hora, nos podemos deliciar com pura magia e, não menos
importante, a forma inalterada desta apresentação. Pura magia, porque Solberg
consegue, como ninguém, injetar emotividade na sua voz caraterística e
transportar isso para as teclas do seu piano. Forma inalterada, porque o que se
ouve neste álbum foi o que foi executado. Não houve qualquer adição de nada,
não houve qualquer tipo de pós-produção. Se calhar por isso é que a magia que
falávamos está mais intensa e brilhante! Porque a sonoridade que se ouve em The
Congregation Acoustic é aquela que sai diretamente da alma, do coração, da
vontade, do carisma e da técnica do músico. E nada mais! Isto num registo onde
Solberg se mostra perfeitamente à vontade no domínio dos tempos, das dinâmicas,
dos ritmos, dos compassos e das intensidades. [90%]
Ex Tenebris (WHITE WILLOW)
(2024, Karisma Records)
Ex Tenebris é o segundo álbum clássico das lendas
norueguesas de prog White Willow, originalmente lançado em 1997.
Este álbum fica marcado por ter sido construído após o desmembramento da
formação da banda que aconteceu a seguir ao lançamento da estreia Ignus
Fatuus. Originalmente estava planeado para ser um álbum solo de Jacob
Holm-Lupo, mas transformou-se no segundo disco dos White Willow
quando este percebeu que as suas composições estavam a ir numa direção muito
mais progressiva do que o previsto. No geral, Ex Tenebris acaba por ser um
álbum mais despojado e mais sombrio que Ignis Fatuus. Desaparecem os
vocais renascentistas, surge mais guitarra elétrica e sintetizadores. Embora,
permaneça a beleza de momentos acústicos, presentes nas baladas The Book Of
Love e Thirteen Days. Este é um álbum mais épico, como o prova Leaving
The House Of Thanatos, mas também mais abrangente como o prova o fortemente
gótico/religioso A Strange Procession e A Dance Of Shadows, esta num
mágico cruzamento com a densidade prog.
Atualmente Ex Tenebris é considerado um álbum de culto. Esta
reedição foi meticulosamente remasterizada pelo próprio Jacob Holm-Lupo
e é apresentado com o artwork clássico, pela primeira vez em vinil. [90%]
The Songs & Tales Of Airoea – Book 3: Magical Chronicle (Ascension) (THE CHRONICLES OF FATHER ROBIN)
(2024, Karisma Records)
Os últimos seis temas de The Songs &
Tales Of Airoea estão inseridos no Book 3 intitulado Magical
Chronicles (Ascension). É o final da trilogia que o supergrupo norueguês de
folk prog rock The Chronicles Of Father Robin nos tem vindo a
apresentar desde setembro do ano passado. Uma parte final que abre com as
mágicas abordagens vocais em Magical Chronicle e muita influência do prog
rock dos anos 70 de nomes como Gentle Giant ou do movimento Canterbury.
Em destaque está Empress Of The Sun, o momento de um psyche rock
adornado por elementos eletroacústicos, muita dinâmica na bateria e coros num tema
cheio de contrastes. Esta conclusão não acrescenta muito ao que os dois
anteriores capítulos já tinham apresentado, mas mantém a evidência que este é um projeto ambicioso e
aventureiro. [80%]
Live: Access All Areas (ELLIS MANO BAND)
(2024, SPV Recordings)
Com três álbuns de estúdio, chega agora a vez
do projeto Ellis Mano Band mostrar o que vale ao vivo. Live: Access
All Areas é o seu primeiro registo desta natureza e capta alguns
espetáculos realizados na Suíça e na Alemanha, em 2023. E capta, na perfeição,
toda a abrangência estilística do quinteto, desde o country ao classic
rock, sem esquecer alguma fusão bem evidente em Ambedo Mind. E tudo sempre
bem pincelado com uma boa dose de soul e de gospel, acentuado
pelos coros femininos introduzidos em três temas e sempre com um sensacional Hammond
a criar ambiências. Mas, também capta a sua exuberância musical com a inclusão
de momentos de improvisação e de jams (em Badwater a orientar-se para tonalidades orientais) que catapultam as canções para patamares de enorme
genialidade. Para quem não conhecia os Ellis Mano Band, este álbum ao
vivo é uma mostra fundamental; para quem já conhecia, é a prova de até onde
podem ir. Por nós, diremos que Live: Acess All Areas entra diretamente
para o top dos melhores álbuns ao vivo. E que tem tudo para se vir a tornar um
clássico intemporal: grandes malhas, grandes instrumentistas, grandes solos e
muita improvisação. [94%]
Myth (SUN Q)
(2023, Independente)
Sun Q combina um som de guitarra sujo com vocais
femininos misteriosos e melodias ornamentadas. A banda russa lançou Myth,
o seu segundo álbum, no final do ano passado, um disco onde pontifica um largo
conjunto de músicos e instrumentos que ajuda a criar as melhores harmonias.
Nomeadamente através do uso de cordas e sopros que acentuam a vertente
psicadélica, experimental e hipnotizante. São temas que procuram no esoterismo
e no experimentalismo a sua razão de ser. E que buscam nas guitarras acústicas
dos anos 60 e em ambientes intimistas e introspetivos criar uma forte ligação
de empatia com os ouvintes. Que, pontualmente, é cortada com uma estranha e
suja distorção que surge em Dyonisus. Mas mesmo sem esse corte, essa é
uma ligação que nem sempre se estabelece convenientemente porque Myth é
um álbum desequilibrado e onde ainda se nota que há muito trabalho pela frente
para se criarem canções apelativas. [75%]
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