A cada lançamento se percebe o crescimento dos Meu General,
projeto de rock direto, cantado em português, desenvolvido por Gilberto
Pinto. Mas, cada vez mais colaborativo, como se percebe do mais recente disco Coração
Máquina. Um disco cuja primeira edição ficou incompleta porque a faixa A
Vida Está Lá Fora, com João Cabeleira apenas aparece na segunda. Histórias curiosas
que fomos perceber nesta conversa com o mentor.
Olá, Gilberto, como estás? Antes de mais, obrigado pela tua
disponibilidade para nos falares deste teu projeto. Meu General parte de ti,
mas não és apenas tu, pois não? Quem mais está contigo nesta aventura neste
momento?
Olá, Meu General
de facto é um projeto a solo, mas, sempre numa perspetiva de envolver ao máximo
as pessoas que estão comigo. Há uma ideia própria do que General defende e
pretende atingir, mas gosto bastante de ser surpreendido por ideias que
ultrapassem as coisas que defino para General. Neste momento estamos numa fase
de mais maturidade. Consigo idealizar outros passos para o futuro enquanto
General. Não desconsiderando ninguém, neste momento existe uma química musical
que sempre me pareceu que faltava… O Pedro na guitarra toca comigo há 25 anos
conhecemo-nos como ninguém… A entrada do Nuno Senra no baixo tornou-se o ponto
central no equilíbrio que o projeto necessitava, tanto na parte humana como na
parte musical. A descoberta do Hezinho na bateria fez-nos disparar para uma
forma de trabalho eficaz e rápida devido ao seu empenho, entusiasmo e solidez.
Em termos de criação também é um processo criativo ou está
apenas assente em ti?
E muito centrada
no que eu componho, depois envio para o Pedro para ele dizer de sua justiça… e
vamos abrindo e fechando portas sobre andamentos, estruturas, etc. Recuperaram-se
temas muito antigos que traziam alguma ingenuidade do começo. O próximo
trabalho será já uma obra, espero eu… onde possamos todos desenvolver mais a
fundo as centenas de ideias que tenho em carteira e também ver o que cada um
sugere….
Inicialmente os teus lançamentos estavam bastante distanciados
no tempo. Essa situação tem vindo a modificar-se de tal forma que Coração Máquina surge apenas dois anos após Idiota
Moderno. Isso é sinónimo de uma maior estabilidade no projeto?
O primeiro disco
demoro muito a fazer pois não havia banda nem experiência da minha parte… foi
feito em estúdio quase como tentativa e erro com a paciência e mestria do
produtor Rodolfo Cardoso. Após esse disco comecei a ganhar confiança na
composição e atirei-me ao trabalho. Esta sucessão de discos aparece da vontade
de preencher um repertório que de alguma forma eu sentia que estava ainda longe
do que eu projetara para General. Mesmo assim ainda há coisas a fazer num
futuro breve…
Coração
Máquina é o teu mais recente registo. De que forma se aproxima ou afasta dos
teus lançamentos anteriores?
Este disco tem
semelhanças com os discos anteriores. General nunca fez um rock muito
elaborado, são tudo quase músicas de primeiros instintos… O Coração Máquina
traz de facto um leque de músicas rock simples, mas variadas e desafiantes nas
estruturas… o que faz com quando transpostas para o formato ao vivo sejam
desafiantes.
Porque a escolha deste título Coração Máquina? Tem algum significado?
Era um título que
pairava na minha cabeça já há uns tempos… sempre gostei dessa dicotomia emoção vs
razão. Será o coração o centro da emoção como por norma se diz, ou simplesmente
a máquina pulsante que nos mantém no compasso dos dias… é um bom título
refletivo.
Em termos líricos, que aspetos abordam nas vossas composições?
Não há um tema específico
em cada um dos temas. Todos ele têm pontos de encontro em algum momento. Mas
existe sim um peso assumido do desencanto sobre vida que nos rodeia.
O tema A Vida Está Lá Fora
conta com a presença do ilustre João Cabeleira, mas apenas está na segunda
edição do álbum. Porquê?
O tema faz parte
do projeto Coração Máquina, não saiu na primeira edição por uma questão
de timing de agenda da gravação. No último momento e por uma questão de
saúde tivemos que reagendar. Nada que abale o Coração nem a Máquina…. (risos)
De que forma se se tornou possível essa
colaboração com uma lenda viva do rock nacional que é o João Cabeleira?
Como fã dos Xutos e grande seguidor do som deles
parecia me que este tema tinha uma onda punk meia Motörhead. Sabendo
eu que o João é super fã dos Motörhead comecei a imaginar como seria ter
a guitarra do João Cabeleira a preencher toda a muralha distorcida que havíamos
construído. Abordei-o nesse sentido mostrando o tema e a resposta foi muito
positiva. Criou-se logo um laço de amizade que a música proporcionou. O João
fez variadas demos com arranjos de guitarras para irmos decidindo o que
ficaria melhor ou não, tendo sido um trabalho de autor exaustivo por parte
dele. Depois partimos para a sessão a sério no estúdio dos Xutos onde foi
supervisionado pelo Sebastião Santos e rapidamente se chegou ao som
pretendido onde ficamos todos satisfeitos por termos concluído esta parceria
que parece ainda hoje um sonho de um puto de 12 anos. E a amizade que daí
veio é o melhor de tudo.
De que forma descreverias este conjunto de canções para quem
ainda não vos conhece?
São canções
assumidamente rock e punk rock sem truques na manga. Meu
General é rock em português clássico. Refrões orelhudos e andamentos
rápidos e coesos.
Já tiveram a oportunidade de apresentar este álbum ao vivo. Como
correu o evento? E a partir de agora, já há outras datas confirmadas?
Sim, foi
apresentado no dia do lançamento a 13 de janeiro na Casa Do Salgueiros. Subimos
a palco já a 14 depois dos nossos amigos Skinny Jo, 14 de janeiro é
aniversário de General… bateu certo e foi uma bela de uma noite entre amigos.
Temos as datas a começarem a aparecer. Albergaria-a-Velha será a primeira data
da tour, que vai ter o seu ponto alto em setembro no Porto, mas em breve
serão anunciadas todas as datas que temos em mãos.
Obrigado, Gilberto! Queres acrescentar mais alguma coisa para os
nossos leitores e para os vossos fãs?
Quero
agradecer-te a oportunidade de poder falar sobre o momento que General
atravessa e deixar o convite a todos que espreitem o que andamos a fazer e se
acharem que de alguma forma se identificam connosco apareçam num concerto,
gostamos bastante de fazer mais amigos por este país fora. Abraço a todos.
Power! Grande banda!
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