Há três anos falámos com Dario Grillo a propósito do
seu terceiro álbum com o projeto próprio Platens. Depois de um período em
isolamento monástico, o guitarrista e teclista regressa com um projeto novo e
diferente: os Nightblaze. O trabalho de estreia, homónimo, já roda por aí e,
por isso, estivemos, de novo à conversa com o italiano para perceber o que nos
traz de novo.
Olá, Dario, como tens passado desde a última vez que falamos em
2021? O que tens feito desde então?
Olá, Pedro, claro
que me lembro da nossa última conversa. Muita coisa aconteceu de 2021 até hoje.
Na parte musical formei uma nova banda chamada Nightblaze com a qual
gravamos 10 músicas inéditas. Além disso, foram dois anos particularmente
desafiantes do ponto de vista familiar devido a algumas doenças que afetaram os
meus pais. Porém, estou aqui, mais determinado e mais forte do que nunca.
Precisamente, na altura falamos sobre o álbum dos Platens. Agora
estás de volta com um novo projeto – Nightblaze. Quando nasceu esta nova
entidade e qual foi a tua intenção para este passo?
Nightblaze
nasceu em 2021. A minha intenção era tocar músicas simples e diretas ao vivo. Desde
que me mudei da Sicília para Rocca Priora (uma pequena aldeia montanhosa no
interior romano), tenho vivido totalmente isolado do resto do mundo, numa
espécie de vida monástica dedicada ao estudo e ao trabalho. Tive vontade de
voltar aos palcos e recuperar energia, motivação e entusiasmo. Então recrutei
uma série de músicos inteligentes que esperava que me acompanhassem nesta nova
aventura. Infelizmente os interesses e prioridades dos outros membros da banda
eram diferentes dos meus, e depois de uma série interminável de desculpas,
atrasos e várias vicissitudes, eles abandonaram o projeto. Eu e Damiano
(vocalista) não desanimamos e no meio da fase de gravação recrutamos outros
dois músicos, Federica Raschellà no baixo e o meu irmão Alessandro
Grillo na bateria, com quem concluímos as sessões de gravação e completamos
as fases finais de mistura e masterização. Imediatamente a seguir enviamos o
material para a Burning Minds Music Group com quem havíamos previamente
estipulado um acordo contratual com base numa demo. Nos meses seguintes
à entrega do master também realizamos três videoclipes que serviram de
aperitivo para o lançamento do álbum, que aconteceu no dia 22 de março deste
ano.
Mas os Platens ainda estão ativos ou não? Podes dizer-nos como
está a situação deles?
Platens é o meu
projeto a solo e jamais poderia abandoná-lo. Estou a pensar num futuro quarto
álbum, mas completamente diferente dos anteriores. Será uma ópera caraterizada
por música orquestral e instrumental. Nada a ver com metal ou hard
rock. Algo atmosférico e cada música será cantada por um cantor diferente.
Uma espécie Tommee Profit em que cada voz terá o seu palco. Algo
diferente do que fiz no passado. Tenho certeza de que muitas pessoas apreciarão
o trabalho.
Na nossa entrevista anterior, dizias que só escreves músicas
novas quando te sentes inspirado. Viveste um momento de inspiração para Nightblaze?
Sim, definitivamente
é isso. Eu só escrevo música quando estou inspirado. Todas as músicas de Nightblaze
foram criadas durante a noite enquanto eu sonhava. Eu acordava de repente e
gravava as melodias. Todas as estruturas musicais nasceram assim. Jamais
conseguiria forçar esse processo, que é tão natural e misterioso ao mesmo
tempo.
Nos Platens, tu e o teu
irmão chamavam diversos convidados. Ao que parece, nos Nightblaze o
funcionamento é mais como uma banda. É a visão correta?
Claro! Nightblaze
nasceu como uma verdadeira banda na qual todos colaboraram ativamente. Só
espero que através da nossa música cada vez mais pessoas nos possam conhecer e que
nos permitir também tocar ao vivo. A banda nasceu justamente para esse fim.
A propósito, quem está
contigo e com o teu irmão e onde os descobriste?
Descobri Damiano
graças a alguns vídeos publicados no Facebook. Através de alguns amigos
em comum deparei-me com algumas músicas cantadas por ele apenas com a guitarra
acústica. Foi amor à primeira escuta. Quando ouvi a voz dele percebi que ele
seria o vocalista perfeito para esta banda. A sua vocalidade permitiu-me compor
em escalas melódicas totalmente diferentes daquelas que uso quando canto. Foi
um bom desafio. Federica Raschellà, por outro lado, foi-me apresentada
pelo meu irmão. Ela já tinha tocado com o Alessandro numa banda chamada Verdemela
e o meu irmão sempre me falou bem dela.
Podemos afirmar que
Nightbaze é um projeto coletivo e Platens um projeto mais pessoal?
Sim, exatamente
assim.
Em Platens és o único
compositor. E nos Nightblaze?
Também, mas a
diferença é que a música dos Nightblaze é mais direta, melódica e
simples que a dos Platens.
Musicalmente falando
também existem algumas diferenças, como referiste. Quais são?
Existem algumas
diferenças importantes. Platens é um projeto mais introspetivo, tem
elementos de música progressiva, metal clássico e geralmente as músicas
são mais articuladas e complexas. Nightblaze tem composições mais
diretas, simples e melódicas. As músicas são mais cativantes e compatíveis com
a rádio.
No entanto, as linhas
melódicas continuam, mais uma vez, muito presentes. É um aspeto que nunca negligencias?
A melodia é a
base da minha escrita. Destaquei sempre esse meu lado “açucarado”. Eu acredito
que é o ingrediente fundamental que carateriza a minha música e quem me ouve já
sabe que não se decepcionará com as melodias. Obviamente também tento não ser
trivial.
Falamos muito sobre os Platens
nesta entrevista, mas aí vai a última pergunta: já há um novo álbum em
preparação? Para quando podemos esperar o seu lançamento?
Como já escrevi,
estou a pensar fazer o quarto álbum com o nome Platens. Mas será algo
totalmente diferente do passado.
Já tiveste a
oportunidade de tocar estas músicas de Nightblaze ao vivo? Como têm sido as
reações? E o que mais tens programado para o futuro?
Eu gostaria de
tocar ao vivo. Principalmente com Nightblaze, já que todas as nossas
músicas foram pensadas para serem tocadas ao vivo. Infelizmente, neste momento
não existem condições para o fazer. Eu sei que o álbum está a ir muito bem e se
continuar a fazer sucesso talvez alguém nos ofereça para tocar.
Mais uma vez, obrigado,
Dario. Queres de enviar alguma mensagem aos nossos leitores ou aos vossos fãs?
Obrigado, Pedro.
Espero que depois desta entrevista os leitores ouçam Nightblaze. Tenho a
certeza de que se gostaram de Platens também irão adorar este meu novo
projeto.
Comentários
Enviar um comentário