Heavy Rain (IVORY TOWER)
(2024,
Massacre Records)
Em 2019, com Stronger, os Ivory
Tower mostravam-se mais fortes que nunca e estreavam um novo vocalista.
Passaram cinco anos e parece que tudo continua na mesma no reino dos
germânicos. Novo álbum, mais poder de fogo, a mesma forma demolidora de cruzar power
e prog, mas a mesma falta de discernimento. E volta a acontecer a
estreia de um novo vocalista, agora na pessoa de Lord Francis Soto. Heavy
Rain é um disco extraordinariamente compacto e equilibrado. Um disco sem
espaços por preencher fruto da inclusão de diversas camadas. Uma sobreprodução
que, ao mesmo tempo, torna o álbum quase como tendo sido criado por alguma
estrutura de inteligência artificial. Porque falta muito sentimento, falta
muita emoção. Estas apenas surgem nas incríveis linhas harmónicas e melódicas
de Monster. A acompanhar este ponto alto, também merece real destaque The
Destination, um brutal tema progressivo com toques jazzísticos. Tudo
o resto é bom, mas não é excecional e, acima de tudo, perde em notoriedade o
que tem em demasia em consistência. [77%]
Celebration Day – 30 Years Of Mob Rules (MOB RULES)
(2024,
Steamhammer/SPV)
São já 30 anos nos quais temos tido o
privilégio de ouvir do melhor power metal melódico criado pelos Mob
Rules. E ao celebrar esta bela data representativa de uma carreira sólida,
é a banda de Klaus Dirks e a sua editora SPV quem oferece a
prenda: Celebration Day – 30 Years Of Mob Rules, um disco duplo com 30
faixas e cerca de 150 minutos de (muito boa!) música. Este álbum começa como
termina Hollowed Be Thy Name (de 2002): com esse impressionante épico de
mais de 8 minutos Way of The World, um dos temas mais espetaculares da
carreira dos Mob Rules, embora, na altura, não tenha tido a atenção
devida e merecida. Refira-se, já agora, que esse trabalho de 2002, juntamente
com o mais recente, Beast Reborn, são os mais revisitados, com 4 temas
cada. Nesta compilação, podemos ver os alemães a brincar com os temas que
gostam: são versões de Iron Maiden (Run To The Hills), Irene Cara
(Fame), Ghost (Square Hammer), Dio (Sacred Heart)
e Amon Amarth (Raven’s Flight), uma faixa até agora apenas
disponível no formato digital. Não é versão, mas o mesmo acontece com Hymn
Of The Dead, tema de 2003, que também só estava disponível no digital.
Ainda de Hollowed Be Thy Name, o single Ghost Town e Lord Of
Madness surgem aqui de cara lavada, fruto de novas regravações feitas para
esta compilação. Depois, temos um diversificado conjunto de temas que cobrem todos
os lançamentos da carreira, com destaque para Black Rain, abertura de Among
The Gods (2014); para as aventuras celtas de Somerled (Tales From
Beyond, 2016) e folk de Flag Of Life. Possibilidade, também,
para encontrar criações dos períodos passados noutras casas, como na Limb
Music (Hold Back The Light e Rain Song, presentes na estreia
de 1999 Savage Land; e Flag Of Life e Evolution’s Falling incluídas
em Temple Of Two Suns, 2000) e na AFM Records (a segunda parte de
The Oswald File, Desperate Son e Trial By Fire, temas de Radical
Peace de 2009, bem como Ice & Fire, The Sirens e Tale
Box Fool, incluídas em Cannibal Nation, 2012). Especialmente para
esta compilação, todas as faixas foram cuidadosamente masterizadas por Markus
Teske, ficando entregue ao artista francês Stan-W Decker a criação
de uma poderosa imagem de capa com inúmeras referências cruzadas à história da
banda. Celebration Day – 30 Years Of Mob Rules confirma os elevados
padrões de qualidade dos Mob Rules e, quanto a nós, sós resta desejar
que venham os próximos 30 anos. [92%]
Anti-Human Terror (TECHNOPHOBIA)
(2024, Ossuary Records)
Anti-Human Terror, EP de estreia dos Technophobia, foi
originalmente lançado de forma independente e em formato digital no final do
ano passado. Mas este polacos têm sangue na guelra, têm atitude e genica e têm
uma vasta margem de progressão. Por forma a uma amostragem mais ampla, a Ossuary
Records promove o adequado lançamento destes 4 temas em CD. É um trabalho
curto, é certo, mas toda a atitude selvagem e fresca permite que estes 4 temas
respirem um variante crua e agressiva de thrash/crossover por todos os
poros. Temas curtos (quatro faixas em 11 minutos!), rápidos e pesados fazem
parte deste cardápio. Riffs cortantes, linhas melódicas qb e muita fúria
na secção rítmica completam o quadro de um registo que vai deixar os ouvintes a
pedir mais e rapidamente. [79%]
Eclipse | Advent (ETHEREAL WOUND)
(2024, Independente)
Da junção de Nuno Verdades (The
Devouring Void) e Sérgio Ramos (Baltum), surge mais uma
maléfica entidade no seio do metal nacional: Ethereal Wound. E o
duo não perde tempo e lança a estreia Eclipse | Advent, um registo que
pretende ser um tributo a Berserk, não a banda com esse nome, mas a uma série manga/anime nipónico criada e ilustrada por Kentauro Miura, falecido em 2021. Trata-se de um trabalho de 4 temas,
todos eles épicos e longos, acima dos seis minutos e meio, e suficientemente
frios, desoladores e macabros para espalhar os sentimentos de um black/death
metal completamente insano. Quatro temas onde a componente atmosférica
também marca presença e onde as sonoridades dissonantes deixam uma profunda
marca de agressividade e desconforto. [75%]
Ages Of Man (DARK OATH)
(2024, Independente)
Depois de vários anos em silêncio, os singles
do ano passado anunciavam que o regresso dos Dark Oath poderia ser algo
de grandioso. E Ages Of Man veio, efetivamente, confirmar isso. O seu
tradicional registo, que se pode classificar de um epic-symphonic-melodic-death,
foi puxado até aos extremos em qualquer um dos parâmetros. A componente épica
foi moldada e a presença de alguns breaks acústicos torna-a única; a
vertente sinfónica está ainda mais grandiosa; as linhas melódicas
acentuaram-se. E novidades? Algumas, sendo a mais relevante a inclusão de
pontuais referências folk de origem mediterrânica e do médio oriente.
Embora também deva ser referenciado o desenvolvimento de algumas progressões.
Finalmente, querem saber se, com uma evolução em tantos sentidos, a temática
principal, o death metal, foi afetado? Nem um pouco! E é precisamente
por isso que Ages Of Man é um disco essencial: a banda reinventou-se sem
beliscar as suas raízes e mantendo o seu foco no essencial. [80%]
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