Depois
de três EPs, eis que os .cruzamente lançam o seu primeiro longa-duração, Um Bicho Como Nós. Um registo que coloca a banda de Vila
do Conde nos radares do rock mais criativo da nossa praça pelo uso do
saxofone e de estruturas funk. Para nos falar
do seu trajeto e deste álbum em particular, estivemos à conversa com o
coletivo.
Olá, pessoal, tudo bem?
Obrigado pela disponibilidade! Para começar podem apresentar os .cruzamente?
Quando é que se juntaram e com que objetivos?
Os .cruzamente são uma banda de Vila do Conde,
composta por Francisco Rodrigues (voz), Pedro Cardoso (saxofone e
harmónica), Carlos Loureiro (guitarra), Rodrigo Aroso (baixo) e Guilherme
Magalhães (bateria). Os temas são originais e em português com uma base pop/rock,
incluindo vários elementos funk, sem restrições. Demos os nossos primeiros passos na música em 2012, quando atuámos
pela primeira vez ao vivo em Mindelo - Vila do Conde. Na altura, não tínhamos
objetivos a não ser o de criar em conjunto, que é quase sempre mais divertido
que fazê-lo sozinho.
Podem explicar-nos como
surge e se tem algum significado esta forma um pouco estranha de escrever o
vosso nome?
Está
relacionada com o nosso logo e é apenas uma espécie de assinatura. No logo
existe um ponto. A história desse ponto é longa e o seu significado amplo, mas
ele nasce de uma laranja.
Apesar de já terem mais
de uma década de existência, Um Bicho Como Nós é apenas o vosso primeiro
álbum, depois de três EPs. O que motivou esta situação?
Quando
começámos não sabíamos nada de música. O Xico e o Rodrigo tinham 15 anos, o
Rodrigo só começou a tocar baixo depois de entrar para a banda. Passados uns
anos de termos começado e com o primeiro EP lançado, a formação alterou-se.
Saiu o Luís e entrou o Fredo para a guitarra. Desde então, a banda começou a
percorrer um caminho de aprendizagem em direção ao álbum que teve mais dois EP
pelo caminho. Sentimos que era um bom momento para investir neste compromisso.
Para além do lançamento
desses três EPs que referíamos, como tem sido o vosso trajeto até agora?
Nestes
anos decorridos, tocámos em vários espaços de música ao vivo de Norte a Sul do
país, Queima das Fitas do Porto, Festa do Avante, Festivais de Verão e
espetáculos comunitários. O trajeto tem sido essencialmente de aprendizagem e
amadurecimento. Com o passar do tempo, as responsabilidades vão sendo maiores,
mas também as conquistas.
Se vos perguntasse
quais os nomes ou movimentos que mais vos influenciaram na criação deste álbum,
o que responderiam?
De
uma forma muito geral, todo o rock que resulta numa boa canção. Mas não
só. Especificamente para o álbum, os primeiros álbuns do Pedro Abrunhosa
foram referências em alguns momentos. Mas também Alice In Chains, Air,
RATM e muitos outros.
O aspeto mais relevante
da vossa música é o uso do saxofone. Quando é que ele surge pela primeira vez
na música dos .cruzamente?
O
saxofone surge pouco tempo depois do começo da banda, quando o Cardoso, para
além da harmónica, inicia o estudo do instrumento.
Há neste álbum alguma
forma de ligação com a literatura de Miguel Torga e o seu livro Os Bichos?
A
ligação existe essencialmente com o primeiro single, Bichos, que nos fez
recordar o livro dos tempos de ensino básico. Descobrimos nele um conto que se
relacionava particularmente bem com a canção e propusemos ao Alberto Almeida
que realizasse um vídeo baseado nele, no Mago. Um gato outrora vadio, que
domesticado e viciado nas comodidades do lar, perde a capacidade de autodeterminação.
Essa ligação ao livro deu-nos uma sensação de comunhão com a mensagem do autor
e acaba por dar o nome ao álbum.
Como decorreram os
trabalhos em estúdio? Foi uma tarefa tranquila?
Não
foi dramática, mas se tivesse sido tranquila, provavelmente significaria que
não estávamos a exigir o suficiente de nós mesmos. Para nós foi uma grande
experiência, um grande passo. O Pedro Vidal produziu e ajudou-nos a
excedermos as nossas capacidades na altura. Ficámos bastante contentes com as
performances e o registo.
Já têm tido
oportunidades para apresentar este álbum ao vivo? Como está a ser a aceitação?
Neste
momento, ainda não apresentámos o álbum ao vivo. Acontecerá hoje maio no Porto,
no CCOP pelas 21:30.
Já agora, o que mais
têm planeado para os próximos tempos neste aspeto de concertos?
Ainda
não temos datas confirmadas para um futuro próximo, apenas para o final do
verão.
Muito obrigado, pessoal! Querem acrescentar mais alguma coisa?
Obrigado! Vão ao concerto de apresentação que vai ser muito bom e estejam atentos ao nosso caminho. Bem hajam.
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