Entrevista: Six By Six

 


Com a morte de Keith Emerson, Robert Berry procurou novos caminhos para as suas composições, afastando-se, propositadamente dos teclados. Assim nasceram os Six By Six, com a curiosidade de ser o terceiro projeto de Berry com números no nome. Este é um power trio que procura juntar a magia do rock progressivo com o poder do rock, como se vê, pelos outros componentes: Ian Crichton, dos Saga e Nigel Glockler, dos Saxon. Beyond Shadowland é o título do segundo disco do trio e foi para nos falar dele que contactámos Robert Berry.

 

Olá, Robert, tudo bem? Obrigado, mais uma vez, pela tua disponibilidade. Há três anos, falamos sobre o álbum dos 3.2; agora aqui estamos novamente para falar sobre o novo álbum dos Six By Six. Antes de mais, podes contar-nos um pouco sobre o nascimento e os primeiros passos deste projeto?

Olá, Pedro. É muito bom falar contigo novamente. É um momento muito emocionante para mim, pois Six By Six é um sonho que se torna realidade. Depois de perder Keith Emerson da maneira que perdemos, senti que não poderia fazer outro álbum baseado em teclados. Eu queria encontrar um guitarrista com a genialidade e a criatividade de Keith. O meu agente sugeriu Ian Crichton. Eu não conhecia Ian, mas sabia que ele era guitarrista de longa data dos Saga e imaginei que ele não estaria interessado em fazer mais nada. Estava totalmente errado. Ele também sonhava com um power trio que apresentasse mais guitarra do que teclados. Esta foi uma combinação perfeita para o próximo movimento que eu também queria dar. Tudo o que precisávamos era de um baterista. Um dos favoritos com quem toquei foi Nigel Glockler quando estávamos numa banda com Steve Howe chamada GTR. Liguei para Nigel e ele estava animado para fazer algo diferente da sua banda de heavy metal Saxon, portanto, simplesmente unimo-noss magicamente com um objetivo comum e respeito comum pela carreira uns dos outros.

 

Tu és um homem mais voltado para o rock progressivo e nos Six BySix apareces juntamente com Ian Crichton (dos Saga) e Nigel Glocker, das lendas da NWOBHM Saxon. Como se misturam as vossas diferentes origens musicais nos Six By Six?

Acredites ou não, nós os três estávamos à procura de algo um pouco progressivo e muito rock. À medida que as músicas se foram desenvolvendo, descobrimos que poderíamos fazer exatamente o que cada um de nós considerava os seus pontos fortes e adicioná-los à gravação das músicas. O que aconteceu foi exatamente o que ouves no disco, nós a tocar sem compromisso da forma que gostamos de tocar.

 

Por que a escolha deste nome Six By Six? O que significa?

Estávamos à procura de um nome para a banda e descobri Six Foot Fix, que supostamente tinha o comprimento do DNA humano. Quando verificámos, descobrimos que já tinha sido usado por alguém. Na minha opinião, gosto da aparência do S no início de Saga e Saxon, e gosto especialmente da aparência do X no meio de Saxon. Portanto, transformei um pouco de Six Foot Six em Six By Six. Como Ian gosta de dizer, temos seis pernas, seis braços, seis olhos, etc.

 

Falando de ti, é tradição teres bandas com números nos seus nomes (3; 3.2 e agora Six By Six). Tem alguma coisa a ver com a matemática ou é apenas com música?

Eu sei que é incomum, mas na verdade nunca procurei encontrar um nome com um número. Parece que tem sido a progressão lógica ao longo da minha carreira musical. É estranho também que todos eles estejam, de alguma forma, ligados ao 3. Tornou-se o meu número da sorte.

 

Focando-nos agora em Beyond Shadowland, quais foram os vossos principais objetivos para este novo álbum?

Era importante para a banda continuar com o som e o estilo que criámos, mas não fizemos o mesmo álbum duas vezes. Queríamos ir além do primeiro álbum, tornando-o um rock um pouco mais pesado no som, mais poderoso no ritmo, mas também com alguns momentos que fossem mais suaves e acústicos.

 

Quanto ao processo criativo de Beyond Shadowland, seguiram a metodologia que usaram no álbum anterior ou desta vez tentaram novas abordagens?

Na escrita do primeiro álbum fomos Ian e eu, pois reunimo-nos antes de adicionarmos Nigel à banda. Mas agora que somos nós os três, Nigel não apenas adicionou ideias para duas músicas que ele trouxe para a banda, como também esteve no nível básico da criação de cada música em termos de gravação. Acredito que isso nos deu um pouco da vantagem que procurávamos e tornou-nos uma unidade muito mais unida, até mesmo em termos de amizade.

 

Em diferentes momentos do álbum podemos ouvir alguns ritmos étnicos e de influência africana. Foi premeditado? Como é que eles surgem?

Pela minha experiência, não importa que tipo de música esteja no palco, quando o ritmo é forte, o público move-se ao som dela. Eu queria adicionar isso ao nosso estilo e som e ver quando sairmos em tournée como as pessoas responderão a isso. Estou a pensar que isso vai adicionar uma boa energia ao nosso espetáculo ao vivo.

 

Ao mesmo tempo, o álbum também é tem muito equilíbrio entre partes pesadas e complexas de guitarra e climas delicados criados pela guitarra acústica. De que forma trabalharam esse aspeto?

Quando estávamos com cerca de 3/4 da composição do álbum, senti que, por causa do som mais poderoso, poderíamos usar alguns lugares para aliviar o clima ou limpar a palete, se assim se pode dizer. Apenas um pouco de descanso antes de arrancarmos com força novamente.

 

Este álbum tem uma edição especial em duplo vinil com algum material bónus relevante. Podes falar-nos sobre isso e dizer aos vossos fãs o que podem encontrar?

Quando a editora nos disse que achava que o novo álbum merecia um duplo vinil, precisávamos encontrar conteúdo para preencher o lado quatro do vinil. Eu queria fazer um medley orquestrado de algumas músicas, por isso contratei uma orquestra de Budapeste para fazer isso. Também tinha no disco rígido algumas coisas que não tínhamos usado, portanto fiz uma pequena peça com isso. Também pegamos em algumas faixas e retiramos os vocais para expor alguns dos pontos mais delicados das faixas básicas.


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