Build Your Idols (BEN BLUTZUKKER)
(2024, Independente)
Para quem anda mais
atento ao underground, deve conhecer o nome Ben Blutzukker da banda Jormundgard, nascida em 1999 e
presentemente em stand by. A solo, o multi-instrumentista alemão está
ativo desde 2015, mas Build Your Idols é apenas o primeiro
longa-duração, após diversos singles, EPs e até uma colaboração. Este
trabalho esta dividido em duas parte – uma primeira com temas novos do artista;
e uma segunda com temas bónus originais do período 2019-2021, mas que
nunca tinham sido lançados. Também aqui se inclui o mais antigo tema escrito
por Blutzukker, Queen Of The Nite, de 2000, com vocalizações de Liv Kristine. E se duas partes
históricas são apresentadas, também duas partes musicalmente distintas podem
ser apreciadas. Os temas novos, assentam num teutonic metal (Grave Digger, Running Wild e afins), muito
devido às guitarras fortes e aos vocais rasgados, com pontuais variações para
melodias mais góticas (One By One e Immortal) e ritmos
eletrónicos à Rammstein (Game Of Life). Ainda assim, esta primeira
metade não é de todo convincente. Build Your Idols melhora
significativamente na parte dos temas bónus, com uma aproximação a um black
metal trabalhado e não demasiadamente extremo, lembrando um pouco dos
primórdios dos Therion. E é aqui que se enquadra essa composição
fantástica que é Queen Of The Nite. Portanto, face ao que se apresenta,
o alemão teria todo o interesse em voltar às suas orientações mais antigas,
claramente um campo onde mais à vontade se sente. [79%]
Nightfall Overture (NIGHTINGALE)
(InsideOut Music)
Dan Swanö é um multi-instrumentista e vocalista sueco
conhecido pelas suas inúmeras bandas, projetos e participações noutros
coletivos. De entre todas as suas criações, chamamos particular atenção para os
Nightingale, projeto que nasceu a solo e com influências góticas. Tanto
que o álbum de estreia de 1995, The Breathing Shadow, foi apresentado
como tributo aos Sisters Of Mercy. A progressão para um rock
progressivo foi-se dando após a entrada do seu irmão Dag Swanö e os
lançamentos de The Closing Chronicles (1996) e I (2000). A partir
de 2003, os Nightingale tornam-se numa banda em formato quarteto, assim
tendo lançado cinco álbuns, onde se inclui este Nightfall Overture. A
banda ainda está ativa, apesar do último álbum de estúdio, Retribution,
já ter 10 anos, mas a InsideOut Music achou por bem proceder à reedição
da sua obra. Já agora, não apenas dos Nightingale, como também dos Edge
Of Sanity, neste caso via Century Media Records. Assim, ao longo dos
próximos meses, diversos trabalhos destes dois projetos do artista sueco verão
a luz do dia. Para já começamos por Nightfall Overture, sexto álbum da
carreira e lançado em 2005, via Black Mark Production numa edição
limitada a apenas 500 exemplares. Já em formato quarteto, Nightfall Overture
é um disco onde os primeiros oito temas são dois de cada um dos quatro
primeiros álbuns do projeto, embora tenham sido reformulados. Os dois finais
trazem uma versão dos Edge Of Sanity, Losing Myself e o único
tema original desta registo: Better Safe Than Sorry. Ainda assim, os Nightingale
são um projeto único pela sua forma de cruzar paisagens melancólicas com
progressões e ainda conseguir adicionar algumas texturas que parecem vir do AOR.
[89%]
I (NIGHTINGALE)
(2024, InsideOut Music)
Cronologicamente lançado antes, mas a ser
reeditado posteriormente (apenas para agosto), I é o último álbum em duo
com o seu irmão. Originalmente lançado em 2000, via Black Mark Production,
este álbum é uma prequela dos dois anteriores e traz a curiosidade de apresentar
a primeira parte da The Breathing Trilogy, apesar de ter sido a terceira
a ser gravada. I mantem as influências góticas, mas começa a introduzir
passagens progressivas, reduzindo o tempo das músicas. Eventualmente mais
acessível que os dois anteriores, com deliciosas melodias e agradável uso de
algumas guitarras acústicas, acabaria, também, por conseguir ter um êxito
maior. Terá sido este aspeto a motivar Swanö para transformar o projeto numa
banda? A reedição vem adicionada de sete temas em relação à edição original, os
últimos cantados na sua língua nativa. Para os colecionadores, o segundo CD
traz o mesmo álbum com as suas misturas cruas de 1999, alguns temas captados ao
vivo em diversos locais e duas remixes para os temas Remorse And
Regret e I Return. [88%]
World On Fire (MILLENNIAL REIGN)
(2024, Ulterium Records)
O mais recente álbum dos Millennial Reign,
World On Fire, surge como um poderoso manifesto do metal
sinfónico, reforçando a presença da banda na cena com a nova vocalista Tiffany
Galchutt. Lançado pela Ulterium Records, o álbum mantém a promessa
de qualidade e intensidade já esperada dos trabalhos anteriores da banda. A
jornada musical começa com Exousia, uma abertura que estabelece o tom
épico do álbum e segue para Bring Me To Life e Wandering, onde se
revelam tonalidades orientais, num registo caraterizado por uma combinação de riffs
potentes e orquestrações majestosas. No entanto, é de assinalar que o álbum, na
sua maior parte, não se desvia muito das fórmulas já estabelecidas dentro do
género. Faixas como Trust e We Follow On são executadas com
maestria, mas não trazem inovações significativas, deixando uma sensação de
familiaridade. O ponto alto do álbum reside nos seus momentos finais, onde Onward
To Victory e Allied Forces emergem como as verdadeiras joias. Estas
faixas capturam a essência do poder e emoção que o metal sinfónico pode
oferecer, encerrando o álbum com uma nota alta e deixando uma impressão
duradoura. Aqui, a banda atinge o seu ápice, mostrando uma coesão e uma
criatividade que se destacam do restante do trabalho. [75%]
Al Gra! (SIROLL!)
(2024, Independente)
Al Gra! é o quarto álbum dos catalães Siroll!
e é composto por mais um conjunto de descargas a variar entre o thrash metal,
o groove e o crossover mais extremo. Este novo registo demorou a
ser construído, não só porque Doble o Res já ficou seis anos para trás,
mas porque a sua génese já remonta a 2013. Histórias à parte, Al Gra!
traz oito temas furiosos, diretos e sem concessões, na sua língua regional (em
catalão). As guitarras mostram-se ásperas e cruas, a bateria poderosa, o baixo
gordo e os vocais encolerizados. Ainda sobre espaço para aquilo que já
conhecido como a poesia sirolenca, nesse hino com o estranhíssimo
titulo, ao jeito do melhor trava-línguas, Plou Poc, Però Pel Poc Que Plou,
Plou Prou. Os amantes de Lamb Of God, Pantera, Sepultura,
Hatebreed e Soziedad Alkoholika devem dedicar alguma atenção a
este Al Gral! [77%]
Comentários
Enviar um comentário