Já foi há oito anos que os Soulline andaram em tournée com os Moonspell e
ainda se lembram bem desses momentos. Muito tempo passou, mas a banda suíça
continuou o seu desenvolvimento e crescimento que a trouxe até Reflections,
o primeiro álbum conceptual da sua carreira. Com a dupla formada pelos
guitarristas Marco Alberti e Lorenzo Barenco, fomos explorar que novidades nos
trazem nesta nova e espetacular proposta.
Olá, pessoal, obrigado pela disponibilidade. Reflections foi lançado recentemente, assim sendo, como têm
sido as reações até agora?
MARCO ALBERTI
(MA): Olá Pedro, obrigado pelo teu tempo e por ouvires com atenção o
nosso novo álbum. Nunca consideramos nada garantido. Estamos muito satisfeitos
com a forma como Reflections foi recebido. Os críticos ficam sempre um
pouco surpreendidos com a variedade de géneros que incorporamos nas nossas
músicas, mas é exatamente isso que torna os Soulline único. Criamos
música que vem diretamente das nossas almas, em linha direta, abrangendo géneros
como death metal, death metal melódico, metalcore, deathcore,
gothic metal, groove metal…
Este é um álbum conceptual, relacionado com questões ambientais.
Podem explicar-nos do que estão a falar?
MA: É
um grito de desespero, de alerta. A letra marca a primeira vez que nos focamos
quase exclusivamente num tema – questões ambientais. Normalmente exploramos
vários desafios humanos, mas este álbum mergulha profundamente na nossa relação
com a natureza. Discutimos o impacto das ações humanas no meio ambiente e
enfatizamos a necessidade urgente de sustentabilidade. Através de Reflections
esperamos inspirar os nossos ouvintes a pensar sobre o seu próprio impacto no
mundo e os passos que todos podemos dar para um planeta mais saudável.
A quem ou o que pedem desculpas na última música do álbum?
LORENZO BARENCO
(LB): Pedimos desculpas à Mãe Terra por todos os danos que nós,
humanos, causamos e lhe continuamos a infligir. Infelizmente, pode ser tarde
demais, pois a extinção aproxima-se.
Como descreveriam este álbum em comparação com os anteriores?
MA:
Ousado e meticuloso. Ousado porque há músicas que se desviam completamente dos
nossos álbuns anteriores (como o primeiro single Look At The Stars e o
terceiro I’m So Sorry), que foram recebidas com entusiasmo. Meticuloso,
porque investimos mais tempo nos arranjos e até os vocais foram minuciosamente
trabalhados com atenção a cada detalhe.
Podemos dizer que trouxeram uma nova abordagem aos aspetos
criativos e de escrita?
MA:
Para a criação musical, a nossa abordagem foi muito parecida com o passado, mas
com mais foco na pré-produção. Quanto à escrita das letras, desta vez foi
realmente um pouco diferente – um processo menos espontâneo ou instintivo, e
mais cuidadoso e elaborado em torno do tema central. Foi ótimo mudar o nosso
método de trabalho, embora pessoalmente eu prefira letras que saem em dois
minutos porque são viscerais, profundas, diretas do subconsciente. A ideia para
a letra de Clochard surgiu-me instintivamente: a associação entre um
sem-abrigo (em francês, Clochard) e o ser humano que se atira para fora
da sua própria casa, a Mãe Terra, acaba de me aparecer.
Dois anos se passaram desde Screaming Eyes. Todo esse tempo foi utilizado na criação de Reflections?
LB:
Passamos 2022 a promover Screaming Eyes e a fazer diversos espetáculos na
Suíça, Alemanha e Itália. A produção de Reflections começou na primavera
de 2023.
MA:
Lembro-me de quando a banda saiu para o nosso jantar de Natal em 2022, e
estávamos neste grande salão festivo em Bellinzona, na Suíça. A certa altura,
dissemos uns aos outros: pessoal, está na altura de escrever o próximo álbum!
E, durante esse período de composição, quais as principais
diretrizes que procuraram seguir?
LB: Eu
já tinha algumas demos quase finalizadas e outros materiais prontos para
trabalhar. Depois reunimo-nos para tocar e fazer os arranjos das músicas.
MA:
Lore tem sempre um truque na manga (risos). Gosto de ouvir as primeiras demos
e imaginar o produto final. Começo a pensar nos sons das palavras, no clima de
um refrão ou nas melodias de uma parte especial. Mais do que diretrizes,
estabelecemos prazos para nos mantermos no caminho certo.
Neste álbum alcançaram um equilíbrio brilhante entre melodia e
força/agressividade. Como conseguiram trabalhar esses aspetos para conseguir o
som atingido?
LB: Oh,
obrigado pelas tuas palavras amáveis. Acredito que essa mistura de poder e
melodia esteve sempre presente na música dos Soulline. Não consigo imaginar
escrever as nossas músicas de outra forma. Ao longo dos anos, porém, melhorámos
(espero) tanto como músicos como como compositores.
Sendo o processo criativo o resultado do esforço coletivo, como
funcionam as coisas nos Soulline?
LB: Eu
mesmo escrevo a maior parte das músicas e levo-as para o resto da banda com demos,
algumas das quais já com letras. Mas, depois cada um acrescenta a sua parte e é
aí que a música ganha a sua forma final. Por exemplo, confio no Edo para as
partes rítmicas da bateria e no Marco para os solos de guitarra e arranjos.
Depois Marco e Gabriele trabalham nas linhas vocais e nas letras. É um esforço
de equipa e funciona bem. No final, todos temos de estar satisfeitos com a
música que tocamos, ou deixamo-la de lado.
O que têm planeado em termos de tournée de divulgação deste novo álbum?
LB:
Atualmente temos algumas datas planeadas na Suíça. É o nosso maior mercado e
onde temos compromissos que nos ajudam a cobrir as diversas despesas da banda.
Nos anos que antecederam a Covid, fizemos uma digressão pela Europa com bandas
mundialmente famosas e foi fantástico. No entanto, agora as coisas estão mais
difíceis. Os custos de produção de uma tournée dispararam e não estamos a
ficar mais jovens (risos). Assim, as prioridades da vida mudam e precisamos
começar a escolher a melhor forma de gastar o nosso tempo e investimentos.
Voltaremos com certeza à Alemanha, a nossa ‘segunda casa’, mas seria ótimo
tocar um dia em Portugal, talvez com os Moonspell. Fizemos uma digressão
com eles em 2016. São uma grande banda, mas acima de tudo, pessoas maravilhosas
que nos fizeram sentir logo em casa e com quem passámos duas semanas
harmoniosas.
Obrigado, pessoal. Foi uma honra. Querem enviar alguma mensagem para
os nossos leitores e para os vossos fãs?
MA:
Obrigado, Pedro! Foi realmente uma honra compartilhar a nossa jornada contigo.
Para todos os teus leitores e para os nossos fãs, queremos que saibam o quanto
o vosso apoio significa para nós. Ser fã é mais do que apenas ouvir a nossa
música; é aparecer nos espetáculos, interagir connosco nas redes sociais por
meio de comentários, gostos, DMs e partilhas. Quer queiramos ou não, as redes
sociais são hoje parte integrante da vida de um músico, e a sua participação
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por cada momento em que podemos compartilhar a nossa música com vocês. Continuem
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