A cumprir vinte anos de carreira, os Eradicator
mostram-se cada vez mais poderosos e inovadores. Sem abandonar as suas raízes thrash metal, a banda
alemã ganhou um novo folego com a assinatura com a Metalville Records. O
trabalho anterior, Influence Denied,
ainda que lançado em tempos de pandemia, já deixava isso claro, mas é com o
novo The Paradox que os Eradicator se
soltam para uma obra de enorme envergadura. Estivemos à conversa com Sebastian
Stöber que nos conta tudo a respeito deste novo álbum e do que virá a seguir.
Olá, Sebastian, obrigado pela tua disponibilidade. Desde a última vez que
falámos, em 2021, o que é que fizeram os Eradicator?
Olá, Pedro, muito
obrigado pelo convite. Foi uma altura estranha quando falámos pela última vez.
Estávamos prestes a lançar o Influence
Denied mas só pudemos dar espetáculos no início de 2022. Foi difícil para
nós, uma vez que a nossa banda vive de atuações ao vivo. Mas, felizmente, essa
era ficou para trás. Também usámos os últimos dois anos para escrever e gravar
o nosso sexto álbum.
Agora, sobre The Paradox, o vosso
sexto álbum de estúdio - antes de mais, parabéns por este grande trabalho! Em
2021, mencionaram a assinatura com a Metalville para dar o próximo grande
passo. Este é o vosso segundo álbum com a editora alemã. Sentem que atingiram
esse objetivo?
Obrigado! Sim, sem
dúvida que atingimos. O lançamento do último álbum deu-nos um grande impulso!
Os espetáculos tornaram-se maiores e recebemos um feedback impressionante. Criámos a base perfeita para o próximo
álbum, The Paradox.
Este álbum marca os 20 anos dos Eradicator. Como dirias que a banda evoluiu
musicalmente ao longo dos anos, especialmente com este novo lançamento?
Para nós, é importante
não copiar a nossa própria música ou lançar o mesmo álbum várias vezes. Por
isso, esforçamo-nos por escrever algo novo e único. Não me interpretem mal, nós
ainda tocamos thrash metal - é disso
que se trata a banda - mas é essencial manter a música nova fresca e excitante.
Ao longo dos anos, com toda a experiência que adquirimos, também nos
desenvolvemos como compositores. Acho que este álbum soa mais maduro do que os
anteriores, mas ainda tem a energia crua que define os Eradicator.
Por falar em 20 anos, já comemoraram a data, ou há algo planeado?
É difícil acreditar
que começámos a banda há tanto tempo! Estamos muito orgulhosos disso. Os Eradicator são uma grande parte das
nossas vidas. Fizemos um espetáculo de aniversário fantástico num festival ao
ar livre na nossa cidade natal. Estavam lá muitos amigos e fãs, e fizemos uma
atuação prolongada, passando por 20 anos de história. Foi uma noite inesquecível
para nós! Também estamos a organizar um festival de aniversário em novembro,
onde convidámos bandas com as quais estamos ligados e que admiramos. Godslave, Pripjat, Steelpreacher, Fabulous Desaster e Taskforce Toxicator juntar-se-ão a nós em Siegen!
O álbum aborda a natureza
contraditória da existência humana, como já mencionaste. Como é que este
conceito moldou o processo criativo por detrás de The Paradox? Houve alguma experiência pessoal que
influenciou esta direção?
A ideia surgiu quando
eu estava a escrever a letra da faixa-título, muito antes de decidirmos o nome
do álbum. Foi inspirada por um documentário que vi sobre o abate industrial de
animais e os processos que o rodeiam. Eu não sou vegetariano, mas o filme realmente
afetou-me. Mostrava a crueldade de um sistema que todos nós apoiamos de uma
forma ou de outra. Por um lado, as pessoas adoram os animais, mas por outro
lado, aceitamos a matança mecanizada. Esse paradoxo tornou-se a chave para o
conceito do álbum. Trata-se de refletir sobre as consequências das nossas ações.
Espero inspirar as pessoas a terem discussões significativas sobre temas
difíceis, em vez de ficarem apenas zangadas.
The Eleventh Hour (Ramble On)
destaca-se como uma semi-balada, algo relativamente novo para os Eradicator. O
que é que vos inspirou a explorar esta abordagem mais melódica e atmosférica, e
como é que acham que ela contribui para a dinâmica geral do álbum?
Queríamos escrever
algo assim há muito tempo, mas nunca forçamos. Quando o nosso baixista Zoppe
finalmente teve a ideia, começámos imediatamente a desenvolvê-la. Como disseste,
mostra um novo lado nosso e encaixa-se perfeitamente dentro da faixa dinâmica
do álbum.
Podemos ver essa música como aquela que os Metallica já não conseguem escrever
hoje em dia (risos)?
(Risos) Essa é a tua
comparação! Eu adoro os clássicos deles como Welcome Home, Fade To Black
ou One. Essas músicas inspiraram-nos definitivamente,
mas não há necessidade de comparar. Vou apenas dizer que a nossa banda não
existiria sem os Metallica.
A faixa de encerramento, Debris
Of Demise, prevê um futuro onde a destruição ambiental e os detritos
espaciais impedem a fuga da humanidade. Podes falar-nos mais sobre as origens
deste tema e como ele se encaixa no álbum?
Sim, é uma história
distópica, mas também um aviso. A poluição ambiental é real e há provas de que
estamos a alterar as condições do planeta. A sobrevivência está a tornar-se
mais difícil. Os glaciares estão a derreter, as temperaturas estão a subir e os
fenómenos meteorológicos extremos estão a tornar-se mais frequentes. A
tecnologia não vai resolver todos estes problemas. Gostei de usar esta história
de ficção para abordar estas questões e também adoro ficção científica, por
isso foi divertido escrevê-la! A letra complementa perfeitamente a estrutura
complexa da música.
Este álbum mostra que os Eradicator querem manter-se fiéis às suas raízes thrash e, ao mesmo tempo, explorar novas
influências. Como conseguiram esse equilíbrio em The Paradox?
É simples - nós
escrevemos músicas que gostamos. Queremos sempre levar-nos nós mesmos e à nossa
música ao limite. É importante não colocar apenas um pouco de sal e pimenta -
às vezes também é preciso coentro (risos)! Mas nós sabemos quem somos e onde
estão as nossas raízes. Tocamos thrash
metal, mas queremos manter a emoção!
Uma vez que The Paradox introduziu
novos elementos, como é que os fãs reagiram a estas mudanças nas atuações ao
vivo? Tiveram algum momento memorável ou algum feedback?
Nós temos tocado Beyond The Shadow's Void ao vivo nos
últimos meses, e isso trouxe uma ótima vibração para os nossos espetáculos. O
público adora. Também tocamos recentemente The
Paradox e Kill Cloud. As três
músicas encaixam-se perfeitamente no nosso set,
e as reações têm sido fantásticas. Adicionar material novo mantém a energia
alta tanto para nós quanto para os fãs.
Voltaram a trabalhar com Sebastian “Seeb” Levermann para a mistura e
masterização. Como é que esta colaboração evoluiu e como é que a sua
contribuição molda o som final dos álbuns dos Eradicator?
É ótimo trabalhar com
o Seeb. Conhecemo-lo desde 2006 e o nosso sentido de humor combina bem. Ele
também é incrivelmente talentoso no que faz. Eleva o nosso som, mantendo-o
autêntico. The Paradox soa incrível
para mim - eu não poderia estar mais feliz!
A banda tem a mesma formação há bastante tempo, o que é impressionante para
um grupo que existe há duas décadas. Como é que conseguem manter essa
estabilidade e de que forma isso afeta o processo criativo e as apresentações
ao vivo?
Robb é o “novo”
membro, e está connosco há 14 anos! O segredo é a amizade. Adoramos estar
juntos e partilhar esta viagem musical. Claro que, por vezes, discutimos, mas,
como em qualquer boa relação, falamos sobre as coisas. A música é a nossa
paixão mútua, e escrever canções, ensaiar - pode ser um trabalho árduo, mas
fazemo-lo para nos realizarmos. Tocar ao vivo é a recompensa por todo o sangue,
suor e lágrimas. É uma questão de aproveitar o momento, não apenas de agradar o
público.
Quais são os planos futuros dos Eradicator? Há algum projeto novo ou tournée que os fãs possam esperar?
Temos muitos espetáculos
marcados para os próximos meses e, com sorte, a lista vai crescer. Gostaríamos
de fazer uma digressão maior, talvez como apoio a uma banda maior, e fazer
alguns espetáculos internacionais. Isso seria outro sonho tornado realidade!
Obrigado, Sebastian, mais uma vez. Queres enviar alguma mensagem aos nossos leitores ou aos vossos fãs?
Obrigado, Pedro, pelo teu apoio e por me dares a oportunidade de contactar com o teu público! Foi um prazer responder às vossas perguntas. A todos os que estão por aí, vejam o nosso novo álbum The Paradox - não se vão arrepender! Obrigado por lerem e fiquem bem, pessoal!
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