Formados oficialmente em 2019, os Fading Echoes emergem da
Grécia com uma proposta inovadora no cenário do metal progressivo, marcada por uma fusão de composições
complexas e atmosferas sombrias. A banda, liderada por Dimitris Stratikis (vocalista,
baixista, compositor e letrista), acaba de lançar o seu álbum de estreia Shadow
Of Another, uma obra que cativa pela sua profundidade emocional e pela
ausência de estruturas musicais convencionais. Nesta entrevista, Dimitris
partilha connosco os desafios e as inspirações por detrás deste registo, bem
como os planos futuros para a banda.
Olá, Dimitris, como estás? Obrigado pela disponibilidade. Antes
de mais, podes apresentar os Fading Echoes aos metalheads portugueses?
Olá, Pedro! Como
estás? Obrigado por nos convidares para esta entrevista! O meu nome é Dimitris, sou o vocalista,
baixista, compositor e letrista da banda grega de prog metal Fading
Echoes! Somos uma banda nova na cena, formada em 2019 na sua formação atual
e acabámos de lançar o nosso álbum de estreia Shadow Of Another tanto em
formato físico como digital! Na nossa música encontrarão uma atmosfera sombria,
muita melodia, composições complexas e únicas que irão definitivamente chamar a
vossa atenção!
Podes falar-nos um pouco da vossa história até agora e da origem
do nome da banda?
A nossa história
é bastante simples. Um grupo de músicos locais juntou-se com a intenção de
tocar música de que gostavam. Depois de várias mudanças de membros por diversas
razões, acabámos por ser eu, o Vasilis no piano e o Petros nas guitarras. O
nome Fading Echoes surgiu depois de muito brainstorming, enquanto
tentávamos encontrar um nome que ressoasse com a visão musical que temos como
compositores.
Afirmaste que a banda se formou em 2019, unida por um amor
partilhado pelo metal progressivo. Como é que
a vossa jornada como banda evoluiu desde então, particularmente na criação
deste álbum de estreia?
Embora 2019 seja
o ano oficial da formação da banda, somos Fading Echoes há quase uma
década. A banda foi sempre uma banda de metal melódico. O termo
“progressivo” é tão abrangente hoje em dia, que as pessoas não sabem o que
esperar. A nossa música é progressiva mais em termos de composições e narração
de histórias. Não existe uma estrutura tradicional de canções em todo o álbum. Shadow
Of Another tem 8 canções que fizemos o nosso melhor para as fazer contar
uma história. Uma história com começo, meio e fim. Como banda, evoluímos muito
desde que começámos, tanto como músicos como como pessoas. E este álbum reflete
isso. Algumas músicas foram escritas anos antes de outras. Algumas das nossas
canções mais antigas nem sequer estão no primeiro álbum! Iremos incluí-las no
nosso segundo álbum! E é muito divertido para nós ouvir o produto final que
fundiu na perfeição uma década de ideias.
Dadas as vossas inspirações de bandas como Savatage, Evergrey e
Opeth, como é que incorporam essas influências mantendo o vosso som único?
Todas as bandas
que já ouvimos são uma inspiração! E para cada um de nós, essas bandas são
diferentes. Pegámos no que gostamos das bandas de que gostamos e criámos algo
único. A narrativa teatral dos Savatage, a emoção dos Evegrey, a
complexidade dos Opeth. Mas o que fizemos de melhor, na minha opinião, é
que não vais ouvir Fading Echoes e pensar “oh, é só mais um X”.
A vossa música é descrita como uma fusão de melodias
intrincadas, ritmos complexos e texturas atmosféricas. Podes descrever o vosso
processo de composição? Como é que garantem que cada faixa evolui como uma
história, tal como mencionaram na vossa descrição do álbum?
Antes de mais,
todas as canções do álbum são baseadas em factos reais. Por isso, o primeiro
passo no processo de composição é o sentimento. Primeiro vem a emoção que ganha
vida dentro de mim. Depois usamos ferramentas (também conhecidas como a nossa
música) para transmitir essa emoção a qualquer pessoa que ouça a canção. Uma
história é uma série de eventos descritos pelo contador de histórias. E muito
importante para fazer com que uma composição pareça uma história, é NÃO se
repetir. Assim, os riffs não se repetem, e se se repetem, é por uma
razão e não são idênticos. As letras não se repetem, não há versos ou refrões,
como se espera na música. Não existe uma estrutura tradicional de canções em
todo o álbum. Shadow Of Another tem 8 canções que fizemos o nosso melhor
para que contassem uma história. Uma história com princípio, meio e fim.
Shadow
Of Another, também tem uma forte temática melancólica e sombria. O que é que
inspirou esta direção, e como é que equilibraram estas emoções com a natureza
intrincada e técnica do metal progressivo?
Foi o falecimento
do meu pai que me inspirou a criar Shadow Of Another da forma como está.
E não era o plano fazer dele um álbum conceptual. Simplesmente aconteceu.
O álbum apresenta a pentalogia The Stages Of Grief. Como é que abordaste a tradução de cada uma
das fases do luto - Negação, Raiva, Negociação, Depressão e Aceitação - em
música? Houve alguma fase em particular que tenha sido mais difícil de compor?
Foi muito
desafiante, porque quando começámos a trabalhar na pentalogia, só a tínhamos
como ideia de tema. No início, estava a tentar criar o que um ouvinte esperaria
ouvir. E o resultado não foi muito bom. Depois procurei interiormente, como me
sentia, como percecionava cada etapa. Na realidade, essas 5 fases podem vir
numa ordem diferente, algumas etapas podem ser saltadas ou, em alguns casos,
podemos nunca chegar à aceitação. Por isso, para responder à tua pergunta, a
pentalogia - e todo o álbum - são, de facto, uma documentação da forma como
vivi a perda há alguns anos. A fase mais desafiante... É impossível escolher
uma, porque cada canção tem uma função diferente, uma abordagem diferente tanto
à composição como à letra. Mas, se tivesse de escolher uma, teria de ser Acceptance.
Como trabalhei com o Zak Stevens, que não conheço pessoalmente como
músico, tive de me certificar de que as nossas vozes se misturavam bem e de que
criaríamos aquele final épico e purificador para a pentalogia que queríamos. E
acho que fizemos um bom trabalho!
Sendo Shadow Of Another o
vosso álbum de estreia, que mensagem ou experiência esperam que os ouvintes
retirem dele?
Shadow Of Another foi
inspirado pela morte, mas intencionalmente não fala sobre morte. Descreve uma
“situação” que ocorreu e faz com que o herói da história sofra e lute para
encontrar um sentido nesta nova situação. Esperamos que as pessoas se sentem e
ouçam o álbum com atenção, e tentem limpar a sua própria alma do que quer que
seja que as aflige.
Como referiste, colaboraram
com Zak Stevens (Savatage/TSO) na faixa Acceptance. De que forma se tornou possível essa colaboração e como foi
trabalhar com uma figura tão icónica da cena do metal progressivo?
O Zak pode muito
bem ser a pessoa mais aberta e amigável com quem já trabalhei! Enviei-lhe um e-mail
a pedir-lhe que cantasse na minha canção e ele ficou tão entusiasmado por o
fazer! Ele adorou mesmo e isso nota-se! Não há palavras para descrever como
estou feliz por ter o meu próprio álbum nas mãos e ver o nome do meu herói de
infância ao lado do meu! É verdadeiramente alucinante!
Para além do Zak, mais
alguns nomes tiveram a sua colaboração e participação neste álbum. Qual foi a
vossa intenção ao convidá-los?
Sim, a
orquestração das músicas exigiu alguns instrumentos que não se ouvem muito no metal.
Tive a sorte de conhecer pessoas muito talentosas que me ajudaram a gravar o
violoncelo em Final Act e o santur em Rumination e
estou-lhes grato! Eu queria ter o som de instrumentos reais no disco ao invés
de usar VSTs e eu não poderia estar mais feliz com o resultado!
Dois deles, Jim Politis
e Nick Vell, que entraram como músicos de sessão, ficaram depois da gravação.
Como é que o envolvimento deles moldou o som da banda, e pensas que eles se
tornarão membros permanentes?
O envolvimento do
Jim e do Nick foi como a cereja no topo do bolo. Dois músicos fantásticos que
pegaram no material e acrescentaram o seu próprio caráter sem alterar a
essência dos Fading Echoes. Houve conversas sobre eles ajudarem ainda
mais o projeto, mas como são músicos incrivelmente ocupados, esse plano inicial
pode não se concretizar. Trabalhar com eles foi fantástico, e eu faria tudo de
novo num piscar de olhos. Mas para as posições permanentes, o álbum atraiu
alguns talentos impressionantes que estão dispostos a subir a bordo do comboio
dos Fading Echoes e levar a banda a novos patamares! Mais a serem anunciados em breve!
A mistura e a masterização ficaram a cargo de George Constantine
Kratsas. Como é que a sua experiência melhorou o produto final? De que aspetos
da produção te orgulhas mais?
O George foi-me
apresentado pelo Jim. O papel do engenheiro de mistura é crucial. É como se
fosse o sexto membro da banda. O George foi paciente, profissional e ajudou-nos
a alcançar o som que queríamos. Ele também fez os arranjos orquestrais em Bargaining,
que soam maravilhosos!
Olhando para o futuro, o que é que os fãs podem esperar dos
Fading Echoes? Há algum projeto futuro ou atuações ao vivo com que estejam
entusiasmados?
O objetivo
imediato para nós é começar a fazer espetáculos ao vivo. Criámos uma formação
sólida para esse efeito e estamos muito entusiasmados com a nossa primeira
atuação ao vivo como Fading Echoes. Claro que estamos sempre a trabalhar
em material novo, temos 3-4 músicas prontas para um novo álbum, mas ainda
estamos longe de dizer mais alguma coisa sobre um segundo lançamento neste
momento, para além de que está a acontecer, aconteça o que acontecer.
Mais uma vez, obrigado, Dimitris. Queres enviar alguma mensagem
aos nossos leitores ou aos vossos fãs?
Obrigado pelo
vosso convite para esta entrevista e obrigado a todos os vossos leitores que
leram até ao fim! Podem encontrar Shadow Of Another em todas as
plataformas. A nossa editora, Wormholedeath, lançou o nosso álbum
mundialmente a 20 de setembro e no Japão estará disponível a 31 de outubro!
Também enviamos cópias físicas para todo o mundo através da nossa página do bandcamp
em https://fadingechoes.bandcamp.com. Só pedimos que carreguem no botão play.
Além disso, obrigado pela vossa excelente crítica de Shadow Of Another!
Foi um prazer lê-la!
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