Entrevista: Mad Hatter

 


É num cenário de fantasia, onde dragões guardam as melodias e os chapeleiros malucos são regentes de sinfonias épicas, que nos encontramos com Petter Hjerpe, o capitão dessa nau de sonhadores chamada Oneironautics. Assim, apresentamos-vos uma conversa onde o metal encontra o mundo dos sonhos, e as histórias, tal como o som dos Mad Hatter, transbordam de imaginação e aventura.

 

Olá, Petter, como estás? Obrigado pela disponibilidade. Primeiro, importas-te de apresentar os Mad Hatter aos metalheads portugueses?

Olá! Obrigado por quereres fazer esta entrevista! Mad Hatter é uma banda sueca iniciada por mim, Petter Hjerpe (Majestica) e Alfred Fridhagen (Saint Deamon) em 2017. A banda começou porque tínhamos muitas ideias para o power metal, mas com um toque mais “sonhador” (Alice no País das Maravilhas) e também para dar vazão à nossa criatividade e escrever música.

 

O vosso novo álbum traz o nome Oneironautics, que é um título fascinante para um álbum. Podes explicar o conceito por detrás dele e como se relaciona com o tema geral do disco?

Eu queria algo que estivesse ligado ao sonho. Como Mad Hatter é uma alusão ao livro Alice no País das Maravilhas, queríamos ligar o tema da letra (e musicalmente) a um estado de sonho. E uma palavra que encontrei foi Oneironautics. É uma palavra que descreve uma pessoa que é capaz de viajar e controlar o seu próprio sonho e todas as canções deste álbum poderiam encaixar-se nessa categoria.

 

Desde que se formaram em 2017, os Mad Hatter têm sido conhecidos por misturar power metal com influências heavy metal. Como é que o vosso som evoluiu em Oneironautics em comparação com os vossos álbuns anteriores, Mad Hatter e Pieces Of Reality?

Acho que a maior diferença é que desta vez brincámos um pouco mais com os teclados. Como passei algum tempo sentado com o Samuel Olsson (teclado) desta vez, em vez de escrever tudo nas guitarras, adicionei os teclados. O Samuel é um teclista fantástico e tem uma vasta gama de musicalidade e pode usar acordes maiores e mais “estranhos” para dar uma sensação mais “sonhadora”. Pieces Of Reality foi mais escrito por guitarras. E infelizmente sob algum stress. Oneironautics foi escrito sem stress e a brincar com ideias diferentes.

 

Os títulos de faixas como Lord Of Dragons e Death In Wonderland sugerem uma forte ligação a temas de fantasia. O que é que inspirou as letras e as histórias por detrás destas canções?

Lord Of Dragons é na verdade uma canção que escrevi em 2002 e que senti que tinha de fazer agora, quando consigo tocar e cantar melhor. Nessa altura a canção não tinha letra e quando a gravei novamente senti uma forte ligação a essa época. Eu tinha 16-17 anos e estava a ouvir power metal no seu auge, por isso é claro que tinha de ter uma letra sobre dragões. Uma saudação aos “dias de glória”. Death In Wonderland é liricamente como soa ou pode ser também que a morte vem para todos nós. Mesmo, um lugar onde os sonhos podem morrer.

 

Por outro lado, em faixas como Fire In My Heart e The King's Guide, o álbum parece equilibrar-se entre temas épicos e narrativas pessoais. Como vocês conseguem esse equilíbrio na composição das músicas?

Sim, Fire In My Heart é uma narrativa verdadeiramente pessoal sobre a tentativa de alcançar um objetivo. Ou O objetivo. A luta, o combate e a esperança. The King's Guide é uma visão superficial sobre uma pessoa que toca música na corte dos seus mestres. Mas todos os que tocam com ele tornam-se loucos e ele tem de fugir e encontrar alguém novo para entreter.  Também se pode pensar nisto de muitas maneiras. Aprender com os erros e seguir em frente.

 

A ordem das canções tem algo de curioso. O álbum começa com canções curtas e com alguma urgência e, subtilmente, vai sofrendo algumas alterações com a adição de novas nuances e o crescimento das canções. Foi premeditado?

Sim, o clima dos ouvintes mudou. Streaming e infinitas possibilidades de mudança de bandas e músicas. Por isso, colocar canções explosivas e curtas em primeiro lugar foi para chamar a atenção. Se as pessoas estivessem interessadas, encontrariam mais ao longo do álbum. Tanto em duração como em variação.

 

A vossa música pode ser descrita como de alta energia e teatral. Como é que estes aspetos aparecem nas vossas composições?

Boa descrição! Eu sempre amei power metal, mas também amo o teatral. Talvez numa escala um pouco menor do que alguma fantasia. A fantasia geralmente é sobre “o fim do mundo - vai e salva-o!”. Eu queria reduzir isso a problemas ou aparências mais pequenas. Mantendo a música, mais ou menos, e colocando-a num palco teatral.

 

A banda passou por uma mudança na formação desde o lançamento de Pieces Of Reality. De que forma isso influenciou o processo criativo do Oneironautics?

Um membro importante da banda perdeu o interesse ou não tinha motivação para a música, Dennis Ericsson (guitarra), portanto precisava de outra pessoa para mostrar as minhas ideias. Portanto, quando eu e o Samuel trabalhámos, o som ficou mais virado para os teclados. O Dennis tocou a maior parte dos solos nos outros álbuns e desta vez foi divertido usar o Samuel e as suas capacidades no teclado. Eu também toco guitarra, mas quero concentrar-me nas vozes em Mad Hatter, por isso pedi a um amigo para se juntar à banda, Peter Larsson (guitarra). Também posso dizer que só tocámos ao vivo uma vez, por isso os Mad Hatter são mais uma banda de estúdio, porque eu e o Alfred temos outras bandas que levam tempo (Majestica e Saint Deamon).

 

Mencionaste planos para “conquistar novos horizontes” com este lançamento. Conseguiram atingir esse objetivo?

Acho que sim. Uma nova abordagem na escrita de música baseada mais em teclados. Um novo tipo a misturar o álbum (Jani Stefanovic) e a escrever canções sem stress. Além disso, pela primeira vez, sinto-me muito bem com as minhas vozes.

 

Podes partilhar algumas datas de digressão ou eventos especiais relacionados com o lançamento do álbum?

Lamento, mas não temos nenhum espetáculo ao vivo planeado. Nós simplesmente não temos tempo. É uma pena porque todos são bons músicos, mas neste momento tenho de me concentrar nos Majestica e o Alfred nos Saint Deamon.

 

Obrigado, Petter, mais uma vez. Queres enviar alguma mensagem aos nossos leitores ou aos vossos fãs?

O prazer está do nosso lado! Obrigado a todos os que nos apoiam e ouvem a nossa música. Vocês são tudo para nós. Essa é a razão pela qual continuo a escrever música! Stay metal!


Comentários

DISCO DA SEMANA #47 VN2000: Act III: Pareidolia Of Depravity (ADAMANTRA) (Inverse Records)

MÚSICA DA SEMANA #47 VN2000: White Lies (INFRINGEMENT) (Crime Records/We Låve Records)

GRUPO DO MÊS #11 VN2000: Earth Drive (Raging Planet Records)