Art (FERNANDO PERDOMO + MATT TECU)
(2024, Think
Like A Key Music)
Art,
é um disco que resulta do trabalho colaborativo entre o guitarrista Fernando
Perdomo e o baterista Matt Tecu, onde a exploração e o improviso são
a chave decisiva. O duo explora uma fusão de jazz e rock
instrumental que revela a criatividade e a habilidade técnica de ambos. Daqui
resulta um conjunto harmonioso de peças que se desdobram com variações
estilísticas e dinâmicas que vão desde o ritmo folk em Cool Your Jets
até à experimentação sonora em Tankered. São faixas praticamente
instrumentais que evocam influências psicadélicas e atmosféricas e que desenham
texturas que remetem tanto ao jazz de fusão como ao rock
progressivo, resultando melhor na sua forma de criação de ambientes. [72%]
Social Studies (CLERKS)
(2024, Lux Records)
Henrique Silvestre (bateria), Rui Farinha (guitarras), Jorge
Correia (vocais) e Rui Santos (baixo e teclados) é o quarteto
algarvio que dá pelo nome de Clerks. E Social Studies, é a
sua estreia, um EP de sete temas que apresenta uma abordagem refrescante e
nostálgica, combinando o pop underground da Nova Iorque dos anos 70 com
influências pós-punk subsequentes. Levemente vibrante e com uma
sonoridade ondulante e muito orgânica, Social Studies conduz o ouvinte
por caminhos de nostalgia. Um caminho onde o trabalho harmónico e melódico por
momentos diverge para guitarras mais intensas (Time Is Never Now), grooves
maquinais (Pop Jive) e introdução de elementos eletrónicos
cronologicamente bem localizados e distribuídos ao longo do registo. Este
trabalho conta com a produção colaborativa entre a banda e Vítor Bacalhau
e com as participações especiais de José Matos nos backing vocals,
Nuno Alex na percussão em I’m In Love With The World e Vítor
Bacalhau na guitarra solo em The Time Is Never Now. [80%]
Wisdom Of Clowns (DOCTORS OF SPACE)
(2024, Space Rock Productions)
Os Doctors Of Space continuam o seu
trajeto de criar música experimental, espacial, improvisada e imersiva. Em
Wisdom Of Clowns, ao duo composto por Dr. Weaver (guitarras e bateria
programada) e Dr. Space (tudo o que seja teclados analógicos) junta-se o
baixista Hasse Horrigmoe. Uma adição que resulta particularmente bem, trazendo o groove para as paisagens vastas e psicadélicas criadas pelos
teclados e sintetizadores hipnotizantes e pelas guitarras ondulantes. Este novo
álbum, apesar de mais longo (está dividido em 2 CDs), soa menos pastoso e muito
mais fluido. Um conjunto de cinco temas que foi gravado ao vivo (como
habitualmente) em 2022 e não teve qualquer tratamento posterior, mostrando, sem
qualquer tipo de maquilhagem, longas e contínuas jams. Traz uma forte
dose de krautrock e space rock com uma abordagem livre e
exploratória. Mas as linhas melódicas e os loops harmónicos tornaram-se
mais interessantes, e este é outro pondo de referência em comparação com os
trabalhos anteriores. [83%]
Gloom (DECLINE AND FALL)
(2024, Bleak
Recordings)
Quatro temas que viajam por uma sonoridade pós-punk,
new wave e industrial, evocando bandas como Bauhaus, Clan Of
Xymox e Fields Of The Nephilim e sempre com uma acentuada
profundidade melódica e emotiva, marcam a estreia do novo coletivo nacional,
Decline And Fall. Este projeto integra os músicos Armando Teixeira
(conhecido pelo seu legado no cenário musical português, incluindo
participações em projetos como Ik Mux, Bizarra Locomotiva e Da
Weasel), Hugo Santos e Ricardo S. Amorim (autor dos
livros Culto Eléctrico e Wolves Who Were Men - The
History Of Moonspell) que assinam a
sua estreia na forma de Gloom. Aqui deve ser realçada a estética sombria
numa produção de alta qualidade, cortesia de Collin Jordan em Chicago,
que se materializa numa atmosfera introspetiva e melancólica. Estes quatro
temas comparam-se a quatro paredes dum quarto escuro, com uma atmosfera densa e
perturbadora, mas face ao que é apresentado, ficamos à espera que outros
compartimentos sejam construídos em breve. [84%]
Strange Words (INADREAM)
(2024, Echozone)
O álbum Strange Words dos Inadream, lançado pela Echozone, destaca-se como um revivalismo do punk britânico, embora enriquecido por uma inspiração evidente em sonoridades que, aqui e ali, evocam The Police. Ao longo dos dez temas que compõem este trabalho, percebe-se uma sonoridade marcada pelo post-punk e pela cold wave, com influências visíveis do rock alternativo, mantendo uma atmosfera introspetiva e ligeiramente sombria, ao mesmo tempo que aprofundam a abordagem musical introduzida no seu álbum de estreia, No Songs For Lovers. E é a partir da coesão do trabalho e do caráter autêntico dos vocais e guitarras, juntamente com uma secção rítmica precisa, que a banda consegue manter fresca e relevante a herança do punk, preservando a sua energia crua e autêntica. [73%]
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