Diretamente de Yogyakarta, Indonésia, os Tumenggung são a prova
viva de que o heavy metal transcende
fronteiras culturais e geográficas. Formada em 2007, a banda tem desbravado seu
caminho no universo do heavy metal clássico, com influências claras de
ícones como Judas Priest e Riot, mas mantendo uma identidade própria marcada
pelas raízes culturais javanesas. Após o lançamento do álbum Soul Of Steel
em 2020, a banda retorna agora com Back On The Streets, um trabalho
carregado de energia, resiliência e uma sonoridade que homenageia as gravações
analógicas dos anos 80. Foi com isto em mente que partimos para uma conversa
com o coletivo agora reduzido a trio.
Olá, pessoal, obrigado pela vossa disponibilidade. Antes de
mais, importam-se de apresentar a banda aos metalheads portugueses?
Olá, amigos! Aqui
Tumenggung! Estamos muito entusiasmados por fazer parte desta conversa e
partilhar a nossa jornada com todos os metalheads em Portugal. A nossa
banda é constituída por Arif Wahyu Ramadhan (voz, guitarra), Ardhy
Dwiatmoko (baixo) e Anindita Bramasto (bateria). Somos oriundos de
Yogyakarta, Indonésia, e desde a nossa formação em 2007, lançámos um álbum, Soul
Of Steel, em 2020. Agora, estamos de volta com o nosso último lançamento, Back
On The Streets, que saiu a 17 de janeiro de 2025, pela Jawbreaker
Records. Se ainda não o ouviram, deem uma volta! Obrigado!
O nome Tumenggung tem um peso histórico e cultural
significativo, sendo um título para líderes regionais em Java, Bornéu e na
Península Malaia, semelhante a um marquês na nobreza europeia. O que vos
inspirou a escolher este nome para a vossa banda e como é que ele reflete a
vossa identidade ou influencia a vossa música?
Tumenggung tem
um significado histórico rico como título de líderes regionais no passado da
nossa região. No entanto, para nós, o nome tem um significado mais pessoal. Vem
da língua javanesa: metu, que significa dar tudo por tudo, mempeng,
que significa consistente, e manggung, que se refere a uma grande
atuação. Este nome incorpora a nossa dedicação em oferecer atuações poderosas e
consistentes, mantendo-nos fiéis às nossas raízes no heavy metal
clássico. É um reflexo de quem somos e da energia que trazemos para cada nota e
espetáculo.
Back
On The Streets marca um passo significativo em relação a Soul Of Steel.
Como acham que a banda evoluiu musicalmente nesses cinco anos?
Estamos
entusiasmados com a forma como crescemos ao longo destes cinco anos. A vida
atirou-nos muita coisa à cara, especialmente em torno do lançamento de Soul Of
Steel em 2020. A situação global na altura criou desafios, mas também
alimentou a nossa criatividade. Através de altos e baixos, encontrámos
inspiração para canalizar as nossas experiências para a música. Back On The
Streets simboliza a nossa energia renovada e o nosso empenho em alcançar um
público mais vasto - não só na Indonésia, mas em todo o mundo. Um grande
agradecimento ao Gustav Sundin e à Jawbreaker Records por
acreditarem na nossa visão e nos ajudarem a tornar isto uma realidade.
A propósito, o que inspirou a faixa-título Back On The Streets?
A faixa-título, Back
On The Streets, é profundamente pessoal para nós. Depois de cinco anos sem
novos lançamentos, enfrentámos dúvidas - tanto dos outros como de nós próprios.
A pandemia obrigou-nos a fazer uma pausa e houve momentos em que sentimos que
poderíamos desaparecer. Esta faixa tornou-se o nosso hino, uma declaração de
que ainda cá estamos, mais fortes do que nunca. A letra reflete a nossa viagem
e a determinação de provar aos nossos apoiantes, e até aos nossos céticos, que
os Tumenggung estão de volta com uma paixão inabalável.
O álbum está
profundamente enraizado no metal dos anos 80, mas traz
um toque indonésio único. Podem explicar como é que o vosso passado cultural
influencia a vossa música?
O nosso passado
cultural está naturalmente presente na nossa música. Crescer imerso na cultura
javanesa e, ao mesmo tempo, absorver a cena global do heavy metal moldou-nos profundamente. Imaginem chegar a casa da
escola, ouvir cassetes dos Judas Priest,
ver tutoriais do Yngwie Malmsteen e
ver os vídeos de metal da MTV - tudo isto enquanto ouvem
música tradicional de gamelão em fundo. Estas camadas de experiência
influenciam o nosso som, criando algo exclusivamente Tumenggung. Não é algo que forçamos; flui naturalmente e permite
que os ouvintes descubram a nossa identidade através das nossas canções.
Como é que a transição
de um quarteto para um power trio moldou o som e a dinâmica do novo álbum?
Tornarmo-nos um
trio foi uma mudança inesperada para nós. Depois de nos separarmos de um
membro, tivemos de reavaliar a nossa abordagem. Surpreendentemente, esta
transição otimizou a nossa visão. A comunicação melhorou e encontrámos um novo
nível de clareza e criatividade. Como um trio, conseguimos refinar o nosso som
e concentrar a nossa energia, resultando numa dinâmica mais coesa e poderosa.
O estilo de gravação do
álbum baseia-se fortemente em técnicas analógicas. O que motivou essa escolha?
Acham que melhora a vossa sonoridade?
Embora não
tenhamos gravado estritamente de forma analógica, o nosso objetivo era captar
essa vibração autêntica. Trabalhámos no estúdio caseiro do Arif, usando
ferramentas digitais, mas misturando-as para emular o calor e a crueza das
gravações de metal dos anos 80. É
complicado, mas gratificante. O resultado final parece um retrocesso
nostálgico, que lembra o charme imperfeito, mas distinto, dos álbuns
analógicos. Esperamos que os ouvintes possam sentir esse espírito quando
mergulharem no nosso disco.
Podem partilhar a
história por detrás de faixas como 1000 Tons Of Metal e Soul Reaper?
1000 Tons Of Metal é inspirada numa personagem fictícia
- uma entidade feroz, resistente e poderosa que encarna a energia crua da nossa
música. Esta personagem pode fazer-vos lembrar a figura da capa do nosso álbum.
Enquanto isso, Soul Reaper tem uma
origem mais pessoal. Tem origem num pesadelo vívido que Arif teve durante uma
altura difícil em que estava gravemente doente. No seu sonho, encontrou uma
figura parecida com o anjo da morte. Para nós, a mortalidade é absoluta,
inevitável, e esta faixa mergulha nessa verdade universal com um sentido de
aceitação. Talvez um dia, até toquemos esta música para o próprio Grim
Reaper (risos)!
O vosso som pode ser comparado a lendas como Judas Priest e
Riot. É fácil honrar essas influências e ao mesmo tempo manter uma identidade
distinta?
É incrivelmente lisonjeador
ser comparado a lendas como Judas Priest e Riot. Enquanto
respeitamos profundamente esses ícones e lhes prestamos homenagem na nossa
música, também nos esforçamos para criar nossa própria identidade. As nossas
influências incluem U.D.O., Yngwie Malmsteen e Accept,
entre outros, e vemos como a nossa missão levar adiante o legado deles enquanto
adicionamos o nosso toque único. Equilibrar homenagem e originalidade é
fundamental para nós, e ficamos honrados se os ouvintes encontrarem ecos dessas
lendas no nosso trabalho.
Como é o cenário do heavy
metal na Indonésia? De alguma forma influenciou a vossa jornada como banda?
A cena do metal
na Indonésia é vibrante, embora o heavy metal clássico não seja tão
proeminente como outros subgéneros. Algumas bandas de metal indonésias
ganharam reconhecimento internacional, especialmente na Europa. Para nós, a
dinâmica da cena não impede o nosso compromisso com o heavy metal
clássico. Com o apoio de amigos, família e colegas músicos, estamos motivados
para manter este espírito vivo e inspirar mais bandas a juntarem-se ao
movimento.
Há planos de fazer alguma tournée ou apresentações ao vivo para apoiar Back On The
Streets? Se sim, o que é que os fãs podem esperar dos vossos próximos espetáculos?
Definitivamente,
estamos a pensar em fazer uma tournée, embora ainda não tenhamos
finalizado nenhum plano concreto. Esperamos a organizar espetáculos em Java,
pois é a opção mais viável por agora. Claro que gostaríamos de fazer uma
digressão internacional um dia. Se alguém que estiver a ler isto quiser ajudar
a que isso aconteça ou convidar-nos, ficaríamos muito contentes. Muito
obrigado!
Olhando para o futuro, quais são as vossas aspirações para os
Tumenggung? Há algum novo projeto ou direção que estejam a pensar explorar no
futuro?
Olhando para o
futuro, temos grandes sonhos. Fazer uma tournée na Europa é um dos
nossos principais desejos - imaginem bater a cabeça convosco lá! Estamos também
a preparar o nosso próximo álbum e a tentar ser mais consistentes com os novos
lançamentos, quer sejam álbuns ou singles. Fiquem atentos e continuem a
apoiar-nos à medida que crescemos.
Obrigado! Querem enviar alguma mensagem aos vossos fãs ou aos
nossos leitores?
Muito obrigado, Via
Nocturna, por esta oportunidade! Foi um prazer partilhar a nossa história.
Para todos os fãs e leitores, por favor, confiram o nosso novo álbum, Back
On The Streets, disponível em todas as plataformas de música e em formatos
físicos através da Jawbreaker Records. Vamos manter o heavy metal
vivo - HEAVY METAL IS GOOD! Obrigado, e até logo!
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