Entrevista com Stratosphere

Jeppe Lund começou a ouvir Yngwie Malmsteen e começou a compor imaginando que um dias as suas composições seriam interpretadas por alguns dos vocalistas do mago sueco, nomeadamente Goran Edman. Durante 18 anos foi compondo um conjunto de temas de metal neo-clássico, precisamente na linha de Malmsteen. Quando surgiu a oportunidade para por de pé uma banda, o sonho tornou-se realidade e Goran Edman, ele próprio, tornou-se o vocalista dos Stratosphere. O simpático teclista e mentor do colectivo acedeu a contar-nos todos os pormenores sobre o crescimento e realização deste seu sonho.

Olá, podes contar-nos, de forma rápida, a história dos Stratosphere?
A viagem dos Stratosphere começou recentemente com as minhas canções. Eu cresci com a música pop e clássica, que meus pais adoravam. Quando tinha 16 anos tomei contacto, pela primeira vez com o álbum Odissey de Yngwie J. Malmsteen. Imediatamente fiquei fascinado e emocionado ao ouvir temas clássicos, rock, grandes melodias cativantes e um som de guitarra de outro mundo. Para mim os melhores álbuns de Yngwie são Trilogy e Fire And Ice. Sou uma pessoa que sempre escreveu músicas, no campo do metal neo-clássico. A maioria delas inclinavam-se para o tipo de canções dos álbuns Odissey e Eclipse. Um tipo de música que Yngwie não grava há bastante tempo, infelizmente. Nessa altura Göran [Goran Edman, vocalista] estava com Yngwie Malmsteen e eu não poderia imaginar mais ninguém para as cantar. Isso significava que as músicas foram colocadas de lado para mais tarde. Há dois anos atrás entrei em contacto com Göran com as canções e a banda começou a ter forma.

Quais são as principais influências dos Stratosphere?
Yngwie Malmsteen, Deep Purple e Rainbow são as principais influências. ABBA é uma grande inspiração em termos de composição também. Especialmente o verso da canção Eagle, mas também SOS, Gimme ... e Money, Money, Money. Outras inspirações são Vinnie Moore, Air, Uli Jon Roth, Scorpions, Giant, Foreigner, Europe, Whitesnake, Pretty Maids, TNT, Gary Moore, Tony Macalpine e John Norum.

Sendo que Fire Flight é a vossa estreia, que expectativas têm para este álbum?
O processo de gravação foi muito gratificante em si. Pessoalmente, ouvir as minhas músicas executadas por músicos de classe mundial tem sido uma experiência surpreendente. Eu ouvi a voz Göran na minha cabeça quando comecei a escrever as canções no meu pequeno quarto de adolescente. Agora, com o álbum na minha mão é como um sonho tornado realidade. Espero que o álbum tenha impacto na cena rock / metal e possa ser tocado em milhares de aparelhos de som em todo o mundo.

Já afirmaste que ouvias música clássica. É daí que surgem essas influências em Fire Flight?
A influência clássica é a base da melodia e acordes de todas as canções. Também as notas nos solos de guitarra clássica são profundamente influenciados com appeggios, pedal notes, harmónicos menores e diminuendos, peças e frases clássicas etc. Para citar alguns, o tema em Russian Summer (que se repete no verso e no fim do refrão) é retirada de Badinerie de Bach e a música evolui a partir daí. Na verdade, no MySpace do Jonas pode-se ouvi-lo tocar todas as vozes do em várias guitarras. Também a inspiração principal para Princess Of The Night foi Air on a G-string. É um conjunto de acordes em fusão, mas ainda assim fortes e poderosos. E o solo de guitarra fala por ele próprio por ser tão melódico e bonito adicionando, para o final, um tipo de blues Blackmore-ish.

Em Fire Flight participam alguns nomes sonantes como Goran Edman ou Jim MacCarty. São membros permanentes dos Stratosphere ou apenas convidados?
Agora fizemos este álbum. O próximo passo é levá-la para palco. Sendo uma banda nova todos estamos envolvidos com outras bandas, projectos ou trabalhos para ganhar a vida. Como Stratosphere está a crescer, com certeza o sentimento de pertença irá surgir em todos nós.

Como decorreu o processo de gravação?
Demorámos quase dois anos para completar o álbum. Uma quantidade significativa de tempo, mas nada comparado com os 18 anos que demorou a compor e arranjar as músicas. Um dos pontos fortes do álbum é a qualidade das músicas. Gosto delas porque existem e porque amadureceram comigo ao longo dos anos. Para o álbum, eu queria um som próximo dos anos 80. Isso significa que a bateria foi gravada ao vivo, sem add-ons/replacements e a masterização não afectou a dinâmica. Quando Göran concordou em participar no projecto, comecei à procura de profissionais de classe mundial. O meu objectivo para a secção rítmica foi encontrar um baterista versátil, com o groove e técnica adequados para as canções a meio tempo, mas ser capaz de tocar pedal duplo de uma forma rápida, agressiva e virtuosa. Jim [Jim MacCarty, baterista] fez tudo isso e assim criou uma fundação sólida para todas as músicas. Anders [Anders Borre Mathiesen, baixista] foi apresentado por Jonas [Jonas Larsen, guitarrista]. Gosto da sua forma de tocar e da sua escolha de notas. Com um tom e timing perfeitos é fantástico e é, de longe, o melhor baixista com quem já trabalhei. Quanto ao Jonas descobri-o na sua página do MySpace. Assim que ouvi a sua forma de tocar e via sua atitude percebi que ele era o elemento certo. E continuou a surpreender-me em estúdio. Sendo eu originalmente guitarrista foi um prazer para mim testemunhar o virtuosismo de Jonas. Simplesmente mágico! A sua Stratocaster e amplificadores Marshall gritavam enquanto ele libertava os sons mais surpreendentes. Depois de muitos dias de gravação com Jonas, fui a um espectáculo dos Deep Purple (com Steve Morse na guitarra) e eu realmente senti falta da forma de tocar do Jonas. Ele é uma estrela em ascensão. Ter Göran a cantar e co-escrever algumas letras tem sido incrível. Estou realmente impressionado com sua performance. Ele tem esse som totalmente original, fantástico e difícil de descrever. Ao nível dos backing vocals também se mostrou muito inteligente contribuindo de uma forma extraordinária para o som final do álbum. A editora sugeriu Martin Kronlund para a mistura o que acabou por se revelar uma escolha inteligente. Ele é realmente fantástico. Sendo da Suécia, ele entendeu a música e o que queríamos alcançar. Estamos agradecidos por quão grande o álbum soa.

Existe alguma tournée em preparação para promover Fire Flight?
Ainda não existe nenhuma tournée planeada. Estamos prestes a iniciar a pré-produção de transformação da produção de um álbum sinfónico numa situação para ser executada ao vivo. Nós queremos levar a banda, tanto quanto pudermos, fazendo shows ao vivo de proporções épicas.

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