Entrevista: Primal Attack

Nascidos em 2012 e inicialmente concebidos como um projeto de estúdio de Miguel Tereso, rapidamente se percebeu o potencial da produção e o trabalho a par, com Pica (Seven Stitches) começou a ser feito. Já com a formação estabilizada, surge Humans, um disco que promete agradar aos mais exigentes fãs do thrash metal. Miguel Tereso, Miranda e Pica reuniram-se para contar tudo a Via Nocturna.

Viva, obrigado por despenderem algum tempo com Via Nocturna. Quais foram as principais motivações que estiveram inerentes ao nascimento dos Primal Attack?
Miguel Tereso (MT): Obrigado pelo apoio e o prazer é todo nosso! Os Primal Attack surgiram destes temas que fui escrevendo e gravando ao longo do tempo e que me tentavam cada vez mais a criar um projeto para os poder expor e especialmente tocá-los ao vivo.

Este projeto nasceu como um projeto de estúdio. Quando sentiram que poderiam dar o passo em frente?
MT: Após ter as malhas solidificadas e pré-produzidas coloquei um anúncio na internet ao qual o Pica respondeu e depois de umas trocas de demos percebemos que queríamos avançar com o projeto.
Miranda (M): Mais tarde estivemos cerca de 6 a 7 meses a trabalhar juntos na sala de ensaios para que quando se desse a entrada nos palcos, tanto as músicas como nós próprios já se manifestassem com a coesão necessária para as coisas funcionarem como todos pretendíamos.

Depois do Miguel Tereso e do Pica, como foi a selecção dos restantes elementos?
M: Eu e o Tiago estávamos a trabalhar juntos noutro projeto até que o Pica ligou a falar deste e como já estava num estado mais avançado e as ideias eram bastante parecidas decidimos juntar forças. Após alguns meses de procura encontrámos o Mike que actualmente ocupa o lugar na bateria.

Todos vocês têm experiência noutros coletivos?
MT: Sim, todos nós temos o nosso historial de bandas e percurso musical.
M: Sim, uns mais ativamente que outros mas todos já tinham alguma bagagem antes de entrar em Primal Attack.

E este acaba por ser um projeto paralelo para todos ou trata-se da principal prioridade para alguém?
MT: Neste momento estamos todos empenhados e concentrados ao máximo em levar este projeto para a frente, existem projetos paralelos mas a dedicação e o trabalho despendidos na banda é para todos a maior prioridade.
M: Sim sem dúvida acho que neste momento Primal Attack é a principal prioridade para todos. Até porque como as coisas têm corrido em termos de feedback sempre muito positivo ajuda a que te sintas obviamente mais motivado.

O nascimento dá-se em 2012 e logo um ano após aí está o primeiro trabalho. Como decorreu todo o processo de escrita e de gravação?
MT: O processo de escrita decorreu ainda antes de formar o projeto, sofrendo naturalmente algumas alterações até ao lançamento. A produção, gravação, mistura e masterização do álbum estiveram a meu cargo no meu estúdio caseiro situado em Ourém. Como foi dito, esta fase teve a duração de um ano, aproximadamente, tempo que aproveitámos para recrutar os restantes membros da banda e solidificar os temas e ideias com ensaios frequentes.

De que forma e quando surgiu a Hellxis no vosso caminho para lançar este trabalho?
M: Tanto eu como o Pica já conhecíamos o Emanuel da Hellxis há algum tempo e assim que conseguimos ter as primeiras músicas gravadas partimos em busca de editora. Felizmente o Emanuel gostou bastante do que ouviu, reconheceu o nosso empenho e aceitou ser nosso parceiro neste aventura.

Sendo que Humans já foi editado há já algum tempo, qual tem sido o feedback recebido por parte da imprensa e fãs?
M: O álbum saiu a meio de Julho, penso que ainda não tem assim tanto tempo (risos). Mas o feedback superou todas as nossas visões mais optimistas. Tanto a imprensa como a malta que vai aos concertos tem sido de uma simpatia brutal e que nos deixa super orgulhosos do que temos feito, mas mais importante é a força que nos dão para continuarmos o nosso caminho.

Refere-se que este trabalho tanto pode agradar aos mais novos como aos mais velhos fãs de thrash metal. Quais são, então e na vossa perspectiva, as principais referências dos Primal Attack?
MT: Apesar de nos identificarmos como thrash/groove não somos nem uma coisa nem outra e como têm dito várias reviews que temos recebido. Quem ouve o álbum percebe imediatamente que é um conceito diferente da recente e moderna trend do thrash, metalcore e NWOAHM. Não desliga totalmente destes estilos mas possui influências mais old school que se refletem também a nível sónico e na produção. Desta combinação resulta algo que pode agradar tanto aos novos fãs de thrash metal como à malta da velha guarda.
M: Não nos preocupamos muito em seguir uma linha musical muito específica. As referências existem como é óbvio mas acho que nenhum de nós está muito interessado em ficar “agarrado” a determinada sonoridade.

Na sequência da questão anterior, como caracterizariam Humans?
M: É um álbum do c****** (risos). É um álbum “fácil” de se ouvir onde prevalece o headbanging mas que também contém coisas mais rápidas e outras mais melódicas. Penso que dentro do estilo é um álbum com alguma diversidade.

Sei que estão a organizar a vossa tour de promoção ao álbum. Como está a decorrer?
M: Sendo que no nosso pais é um bocado complicado conseguir fazer uma série de datas de seguida, estamos a tentar marcar o maior número de datas possível porque o que gostamos mesmo é tocar ao vivo e queremos estar no maior número possível de sítios. Até agora temos a tido a sorte de tocar sempre em sítios com boas condições e com boas casas.

E têm já o vídeo para o tema Strange Atraction. Porque recaiu a escolha neste tema?
M: Por nenhuma razão em especial, foi uma música que tanto a nível musical como lírico passa bem a mensagem do que temos para apresentar. Podemos também revelar que muito brevemente iremos lançar mais 1 ou 2 vídeos.

E como está a situação com os Seven Stitches? Alguma novidade que nos queiram confidenciar?
Pica (P): Muita gente se tem questionado sobre o futuro de Seven Stitches... Inclusive eu em certa altura. A verdade é que apesar de eu ter as minhas energias concentradas em Primal Attack e os meus companheiros (Bixo e Nelson) nos seus Kapitalistas Podridão, nós mantemos contacto e temos falado muito seriamente sobre o regresso ao ativo. A banda nunca acabou, foi apenas uma fase em que era importante que pudéssemos conviver apenas como amigos, pois já são 10 anos e por vezes temos que perceber que para tudo resultar a amizade tem de prevalecer, e esse tempo foi necessário. Por isso acho que no início do próximo ano poderemos ter novidades sobre Seven Stitches.

A terminar, mais uma vez obrigado e dou-vos a oportunidade de acrescentar algo mais ao que já foi abordado nesta entrevista?

M: Primeiro que tudo agradecer à Via Nocturna esta oportunidade para divulgarmos o nosso trabalho. Queria só deixar uma mensagem para toda a gente que acompanha o underground português para o continuar a apoiar e a aparecer nos concertos. Há muito pessoal que passa a vida a queixar-se que nas suas terras nunca se passa nada mas quando há, não são capazes de tirar o cú do sofá e ir ver uma coisa que supostamente tanto gostam. A qualidade das bandas em Portugal está a um nível como nunca esteve antes mas é necessário que toda a gente se una para continuarmos a levar o underground para a frente!

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