Entrevista: Heylel

No ano passado os Heylel surgiram com um trabalho em que a música e a componente visual se cruzavam de uma tal forma inovadora e arriscada para o panorama nacional que conseguiram surpreender toda a gente. Cerca de um ano passado, Nebulae dá o lugar a Flesh, um EP que mostra uma outra faceta do coletivo nortenho. Narciso Monteiro explica o que mudou e o que se manteve nesta fase e o que virá a seguir.

Olá Narciso, tudo bem? Depois de Nebulae, os Heylel foram rápidos a por cá forma mais material. Estão a viver uma forte fase criativa?
Olá Pedro, estamos realmente numa fase muito criativa, a nossa sintonia está a funcionar em pleno, de tal forma que já começamos a escrever o próximo.

Seja como for, este EP revela-se bastante diferente do álbum. Queres contar-nos de que forma essas diferenças se materializaram?
Foi muito natural, quase inconsciente. Pegamos no que mais gostamos e que parecia mais natural e instintivo em Nebulae e começamos a desenvolver ideias. O processo de composição e produção do primeiro proporcionou-nos também muita experiência e conhecimento inclusivamente de know-how do próprio equipamento, e isso fez-nos direcionar muito melhor o tipo de som que queríamos em Flesh. Por outro lado, apesar de continuarmos a criar ambientes sintetizados, neste disco as guitarras assumiram um papel mais proeminente e isso nota-se na sonoridade mais rock.

E acaba por ser uma mudança mais drástica se considerarmos os teus primórdios nos blues, embora já não se possa dizer o mesmo em relação às tuas principais referências – Anathema e The Gathering…
Na verdade até sinto que me aproximei mais das minhas raízes. Em Nebulae eu estava um pouco desligado da guitarra e procurei outros instrumentos para concretizar as ideias, enquanto para Flesh sinto que fiz as pazes com a guitarra e voltou a ser o meu instrumento de referência. Anathema e sobretudo The Gathering são referências que estão sempre presentes, sou muito apreciador de ambos e inevitavelmente eles influenciam as composições. Se calhar em Flesh, derivado daquelas questões que referi de termos ido mais directos ao som que queríamos, acabamos por nos aproximar ainda mais dessas referências.

Agora aparecem reduzidos a trio. É temporário ou uma decisão mais definitiva?
É mais definitiva. Nós concluímos que temos um funcionamento e sintonia que resulta plenamente e trabalhamos de uma forma muito harmoniosa. Teremos sempre de nos apresentar ao vivo com mais músicos mas a parte estruturante dos Heylel é agora assumidamente um trio.

Agora já com um conhecimento maior entre vocês três, este EP é menos pessoal no que diz respeito à composição, do que o Nebulae?
Não necessariamente, o processo de composição foi praticamente igual ao anterior. O que aconteceu foi um maior conhecimento dos pontos fortes de cada um, daquilo que resulta melhor com as caraterísticas individuais, e consequentemente uma adaptação maior ao estilo.

Como decorreu o processo de gravação desta vez?
Flesh foi gravado nos mesmos locais de Nebulae, nos nossos estúdios. Curiosamente demorou mais pois, apesar do tal maior conhecimento da sonoridade que queriamos e como a obter, acabamos por ter mais preciosismos. Temas como o Saints e o Heritage, por exemplo, tiveram alterações drásticas ao longo do processo de gravação, não parámos de os alterar até estarmos totalmente satisfeitos.

Desta feita a componente visual está mais comedida. Porquê?
Como se trata de um EP, quisemos fazer algo mais simples, uma edição de menor orçamento, que depois também se reflete no preço de venda. Este é um ponto intermédio entre o primeiro e o terceiro trabalho, que esse sim já terá uma edição mais complexa visualmente. Este é aliás um dos motivos para se chamar Flesh, não só a música é mais directa e carnal mas também todo o trabalho em si.

E daqui para a frente, o que se segue?
Vamos continuar a construir a nossa base de ouvintes e a promover o trabalho até termos base suficiente para planear uma tour sustentável e realista. Este é um ponto que está sempre na agenda. Paralelamente podem contar com uma terceira edição muito provavelmente em 2016.

Mais uma vez obrigado. As últimas palavras são tuas…
Obrigado Pedro pelo convite e pela cobertura que o Via Nocturna nos tem dado e obrigado aos leitores, espero que nos visitem e apreciem a nossa música.

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