Entrevista: Elijah Ford & The Bloom

Às vezes um nome carrega um enorme simbolismo pela ligação familiar associada. Acontece isso com Elijah Ford, filho de Marc Ford, guitarrista dos Black Crows. Ainda miúdo, com 17 anos, já andava em tournée com o pai, mas recentemente se emancipou e formou a sua própria banda com a experiência entretanto adquirida. As You Were é o mais recente álbum do californiano convertido em texano e dá o mote para uma conversa com o músico que brevemente regressará à Europa.

Olá Elijah! Obrigado pela disponibilidade! Poderemos afirmar "finalmente de volta aos álbuns"? O que aconteceu para, depois de um álbum e um EP em 2011/2012, se seguirem quatro anos de silêncio?
Obrigado pelo teu interesse! Bem, de facto não estive em silêncio naqueles quatro anos - Passei 2013 a gravar Holy Ghost com o meu pai e a escrever As You Were. Holy Ghost saiu no início de 2014 e passamos o ano inteiro em tournée na Europa e América. Fizemos a primeira parte dessa tournée e gravamos um disco ao vivo para capturar o set que tínhamos vindo a desenvolver. Chama-se Live From The Compound Studio e está disponível no Bandcamp. Passei o primeiro semestre de 2015 em casa a fazer algumas gravações adicionais para As You Were e depois da tournée de outono e de atuar em Barcelona terminamos As You Were em janeiro de 2016.

Mas, aqui está tu com As You Were. Como descreverias este álbum em comparação com os teus lançamentos anteriores?
As You Were é um álbum mais focado. Passei os últimos 5 anos a tocar ao vivo em Austin e desenvolvi um som que quis capturar neste disco. Gravamos as pistas básicas ao vivo para obter toda a energia de um espetáculo e depois estivemos algum tempo com os overdubs. Neste álbum, também houve mais material coescrito. O meu tio e teclista Chris Konte e o baterista Z Lynch contribuíram com canções e ideias. Estou muito orgulhoso das canções que escrevemos juntos.

Tu és um californiano sedeado em Austin. O que te seduziu no Texas?
Encontrei uma comunidade de música com um coração forte. A cena é muito colaborativa – todos torcem para que os outros tenham sucesso. Em geral, o nível de musicalidade é bastante elevado, por isso mantém-me em forma!

A tua carreira começou quando deixaste de andar em tournée com o vencedor de um Oscar e um Grammy Ryan Bingham. Foi o teu sentimento de emancipação?
Andar em tournée com Ryan & The Dead Horses foi uma experiência incrível. Aprendi muito sobre ir em tournée e como ser membro de uma banda, aprendizagens que continuo a utilizar na forma como conduzo a minha banda. Ryan queria ir numa direção diferente e isso libertou-me para mergulhar de cabeça na minha música.

Ainda antes disso, com apenas 17 anos de idade, andaste em tournée com o teu pai... Que lembranças guardas desses momentos?
Fiquei muito animado por ter sido convidado para fazer a tour com o meu pai do seu disco Weary & Wired. A banda de apoio nessa gravação foram os Burning Tree, a sua antiga banda de 88. Eu ouvi os seus discos e demos durante anos, de modo que, com essa idade, ser convidado para tocar com músicos que eu admirava foi incrível. Infelizmente Doni não pode ir em tournée, e tocar com o músicos de alto calibre que o meu pai contratou ensinou-me muito sobre como estar numa banda – permanecer atrás e tocar menos significa mais. Eu tinha um papel de apoio e foi divertido como o diabo! Visitámos a Espanha, após a tournée pelos Estados Unidos, e fazer uma tour internacional aos 18 anos foi uma experiência que nunca vou esquecer.

Durante quanto tempo trabalhaste na construção desta coleção de músicas? São representativas dos teus últimos últimos quatro anos?
Gravamos as pistas básicas de As You Were, em novembro de 2013. Todas as músicas para o álbum foram escritas naquele ano. Uma das razões porque chamei o disco de As You Were foi o facto de ter escrito essas canções uns anos atrás - elas refletem a situação em que estava naquele ano. Ainda sentimos as canções novas e vibrantes para tocar. Estou a aprender cada vez mais sobre o que as canções dizem e continuo a tocá-las. Não parei de escrever após a gravação do álbum, por isso estou ansioso por gravar um outro disco e colocá-lo cá fora antes que passem mais 4 anos. A minha gravadora já me está a pedir um sucessor!

No inicio de 2017 vens até à Europa, sendo que não é a primeira vez que atuas por cá…
Tenho tido sorte por ter atuado no estrangeiro muitas vezes ao longo dos anos, tanto com o meu pai como com Ryan Bingham. Em 2014, abri para a Holy Ghost Tour do meu pai na Europa – esta foi a primeira vez que toquei a minha música no estrangeiro. A resposta foi fantástica! A minha esposa e eu vivemos durante alguns meses do ano passado em Barcelona, e fiz alguns shows em Espanha, tendo atuado com Ryan Bingham em algumas datas. Para esta tournée será a primeira vez que que trago a minha banda. Começamos a nossa tour europeia a 23 de janeiro. Iremos fazer 3 semanas de espetáculos, passando pela República Checa, Alemanha e Espanha. Espero poder ir Portugal. Acho que ainda há alguns dias que ainda têm de ser preenchidos.

Estão a preparar algo especial para apresentar aos fãs europeus?
Os músicos que vou levar mais são os melhores com quem tive o prazer de tocar a minha música e depois de 5 anos à frente da minha banda estou pronto para ir em frente. Um espectáculo ao vivo é uma experiência especial - queremos que todos passem um bom bocado dançando e curtindo o rock ‘n’ roll americano. Se não proporcionarmos bons momentos, não fizemos o nosso trabalho.

Obrigado Elijah! Queres acrescentar mais alguma coisa?
Muito obrigado pelo teu interesse e espero vê-te num espetáculo!

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