Entrevista: Debackliner

Nasceram como The Omega, mas rapidamente perceberam que esse nome só iria trazer confusão. Depois de quase toda a banda se ter alterado, apenas Remi Caleca permanece da formação original – mais motivos havia para se mudar o nome. Debackliner foi o escolhido e acaba por ser esse, também, o título dado ao álbum de estreia deste coletivo francês. Bob Saliba, vocalista experiente, foi quem nos respondeu.

Olá Bob, tudo bem contigo? Obrigado pela disponibilidade! Podes apresentar os Debackliner aos metalheads portugueses?
Somos uma banda francesa de heavy metal que lançou o nosso primeiro álbum este ano pela Pitch Black Records. A nossa formação atual é composta por Remi Caleca (guitarra solo) e membro fundador, Eric Luvera (guitarra ritmo), eu, Bob Saliba (vocalista), Remi Guyon (baixo) e JC Chicco (bateria). Alguns de nós vimos de outras bandas: Remi Guyon (Stereoxyde), JC Chicco (Galderia, Ninmah...) e eu (Stonecast, Galderia, Ninmah, Bob Oliver Lee ou Quiet Human).

Quando criaram a banda e qual foi o objetivo?
A formação original começou a tocar em 2006 com uma abordagem musical completamente diferente. Alguns de nós tocávamos em bandas diferentes na mesma área pelo que costumávamos compartilhar espetáculos e conhecemo-nos muito rapidamente. Isso ajudou a saber quem se encaixaria na evolução futura da banda. Essa é a razão pela qual, quando finalmente fundimos forças juntos, sabíamos qual seria a melhor abordagem para todos nós, usando as nossas forças para alcançar os Debackliner que conhecemos hoje. Pretendemos continuar a grande tradição do heavy metal melódico, mas com um som mais moderno. Apenas tentamos trazer o nosso toque. Há tantas outras grandes bandas que temos que permanecer humildes, mas focados nesta visão. Este também é um meio para nós nos conhecermos, ir até ao público, que são as pessoas que fazem parte desta mesma família.

Inicialmente este não era o vosso nome. Por que mudaram para o atual Debackliner?
Na verdade, houve uma evolução importante na banda e na sua abordagem nestes últimos anos. O nome inicial teve que ser alterado pelo menos por duas razões: 1º) porque existem muitas bandas que usam o termo Omega, o que faz com se torne sem sentido em termos de identidade. 2º) Porque a banda atual é completamente diferente da dos primeiros dias. Apenas um membro (Remi Caleca) permanece na banda enquanto toda a restante formação mudou durante estes dois últimos anos. A música ganhou também outra maturidade, evoluindo desde um thrash festivo, com contínuos vocais gritados, até um estilo pesado mas muito mais melódico conduzido por um verdadeiro cantor de heavy metal capaz de combinar melodias poderosas e harmonias, culminando, por vezes, em alguns guturais colocados de uma forma ótima.

Que nomes, estilos ou movimentos mais vos inspiraram?
Basicamente, a banda foi inspirada por muitas bandas pesadas clássicas, como Iron Maiden. Os nossos novos membros trouxeram muitas outras influências do hard rock clássico como AC/DC até bandas mais melódicas e prog, como Savatage. Depois, eu sou fortemente influenciado por bandas como Arca, Ayreon ou Symphony X e especialmente por um cantor como Jorn Lande. Podemos também mencionar que fui contratado por John Macaluso (ex-baterista dos Arca, Symphony X, Y. Malmsteen entre outros) para cantar e executar canções dos Arca durante as suas clinics de bateria. Remi Caleca também acrescenta o seu vocal rosnado. Para ser mais generalista, podemos dizer que os Debackliner são um tipo de síntese de muitos estilos diferentes. Em cada estilo usamos o que pode ser mais adaptado à nossa música, heavy metal clássico, prog, thrash, death e alguns dizem Pirate Metal – toda a gente sabe quando vamos tocar a música Jolly Roger em palco, pois uso as minhas roupas especiais como um ritual). O resultado global é uma espécie de heavy metal com uma forte personalidade.

Sendo esta a vossa estreia, como analisam o trabalho desenvolvido?
Devemos permanecer humildes, mesmo que todos estejamos muito orgulhosos, especialmente porque levou muito tempo para tomar a decisão de gravar este álbum. Mas pensamos que teria sido mais difícil obter uma coerência por causa de todas as mudanças e evoluções da banda que foram mais rápidas nestes dois últimos anos. Mas tudo funcionou bem graças a Tom Tiberi, o nosso produtor, que fez um ótimo trabalho. Agora que o line-up está claramente definido e estável, as coisas estão a ir mais rápido e já temos algum material para o próximo álbum, mesmo que, por agora, a prioridade seja tocar ao vivo e fazer tournées.

Quando foi que a Pitch Black Records cruzou o vosso caminho?
Foi graças a mim, já artista da editora, através de uma das minhas outras bandas, os Stonecast, que lançaram o seu segundo álbum Heroikos em novembro de 2013, e onde toquei guitarra solo. O projeto foi submetido há vários meses. O nosso primeiro contacto sobre este projeto foi por volta da segunda metade de 2015 e as coisas evoluiram positivamente de forma muito rápido. Foi a oportunidade de colaborar com esta editora mais cedo porque já conhecemos as pessoas e a maneira como elas trabalham. A PBR faz um ótimo trabalho em termos de promoção e permite-nos ter uma distribuição mundial. Temos o prazer de ler muitos comentários positivos desde a América até à Austrália e em toda a Europa.

Posto tudo isto, como descreverias os Debackliner para quem não vos conhece?
Basicamente, somos uma banda de heavy metal que pretende manter a tocha de um estilo com o qual crescemos. Esta é também uma espécie de síntese elaborada por diferentes músicos de diferentes bandas anteriores, que trouxeram as suas próprias experiências para esta entidade.

Podemos falar um pouco a respeito da vossa experiência em estúdio?
O álbum foi gravado durante o ano de 2014 no Freak Dog Studio em Marselha (França), liderado pelo produtor Thomas Tiberi. Tudo funcionou bem durante a gravação dos instrumentos até que a banda decidiu separar-se do seu anterior vocalista um pouco antes da gravação dos vocais. Então a banda teve que procurar ativamente um novo cantor para fazer o trabalho bem e rápido. Tiberi contatou-me pois já tinha cantado e tocado em produções anteriores do estúdio (Stonecast, Bob Oliver Lee, Quiet Human e mais algum que venha). Entrei em estúdio em julho de 2014 e gravei todas as faixas que nem sequer conhecia no dia anterior. Portanto, desafio ultrapassado. No line-up atual, dois de nós já temos uma interessante experiência de estúdio. Eu já gravei mais de dez álbuns e projetos desde rock ao heavy metal, e JC Chicco gravou também muitos álbuns em estúdios locais.

Quanto a levar este álbum para palco, há alguma coisa planeada?
Claro que sim, temos espectáculos já agendados e as coisas vão começar no início do ano de 2017, em janeiro. Esperamos participar no maior número de festivais que pudermos, pelo menos na Europa e estamos a trabalhar nisso. Foi para compartilhar a nossa música no palco que fizemos este álbum e precisamos do contacto do nosso público e de quem ainda não nos conhece. Também trabalhamos com a nossa agência Rock On (André Matos, Orphaned Land...), sedeada na Itália e muito comprometida neste processo.

Muito obrigado, Bob! Queres acrescentar mais alguma coisa?
Obrigado pelo teu interesse na nossa música. Esperamos conhecer em breve o público em Portugal! Espero que seja um dos nossos próximos destinos para festivais. Quem sabe?

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