Entrevista: Theocracy

Em 2011 As The World Bleeds lançou, definitivamente, os Theocracy no plano maior do metal melódico mundial. Mas foi preciso esperar cinco anos para se ouvir algo de novo. O resultado não desilude ninguém! Pelo contrário, Ghost Ship é mais uma prova da qualidade do trabalho que os americanos têm vindo a desenvolver. Pelo meio, houve a reedição do homónimo álbum de estreia. O vocalista e líder Matt Smith abordou todos estes assuntos de uma forma detalhada.

Viva Matt! Tudo bem contigo? O que tens feito desde a última vez que conversamos em 2012?
Oh wow, tenho estado muito ocupado, mas bem. Principalmente trabalhei no novo álbum, desde a escrita das músicas até a produção final. Também tive muito trabalho além disso, e muita da razão porque demorou tanto tempo é porque todos nós temos umas agendas loucas! É muito difícil reunir todos da banda juntos na mesma sala ao mesmo tempo, porque todos temos trabalhos diários para lá dos Theocracy e há muitas viagens. Mas finalmente conseguimos fazê-lo!

Precisamente, naquela altura falamos a respeito de As World Bleeds. Agora está aí Ghost Ship, o vosso novo álbum. Como analisas a evolução de um para outro?
Ghost Ship é talvez um pouco mais aerodinâmico. Acho que é um álbum muito focado. Não há tantas músicas longas como nos nossos outros álbuns e é muito poderoso e direto. Não foi uma direção intencional, saiu assim. Na verdade, este disco foi provavelmente o menos "planeado" de todos. Acabei por escrever músicas sem nenhum grande plano ou ideia do que seria no final e quando tivemos 10 boas músicas, fizemos o álbum! Mas quem gosta dos outros álbuns dos Theocracy também irá gostar de Ghost Ship, acho eu. Tem todos os nossos pontos fortes, mas agora todos na banda estamos mais confortáveis porque estamos juntos há muito tempo. Grandes riffs, coros memoráveis, grandes melodias, solos criativos, momentos orquestrados... Ghost Ship tem todas as marcas registadas dos Theocracy.

Pelo meio, tempo para a reedição do vosso primeiro álbum. A ideia foi bem-sucedida?
Sim, estamos muito satisfeitos com a forma como ele saiu. Houve muita reflexão sobre como o queríamos abordar - queríamos regravá-lo com o line-up completo? Lançá-lo simplesmente como estava? Ou algo intermédio? Decidimos que, se o gravássemos, talvez fosse melhor, mas nunca mais seria o primeiro álbum. Portanto, caminhamos numa delicada linha entre preservar a sensação original do álbum, e levá-lo para a frente com uma sonoridade melhor. Eu poderia ter ido muito mais ao extremo - poderia tê-lo feito soar melhor e mais moderno e tudo isso – mas, como fã, sei como é quando as bandas alteram lançamentos muito amados. Uma vez que te acostumas a um álbum e vives com ele há anos, é suposto saber como ele soa, para o melhor ou pior. Assim, tentamos fazer com que soasse como a melhor versão possível desse álbum, com todas as gravações originais e nova bateria, mas não como um álbum diferente. É como uma versão minha de 2003, daquilo que, na altura tentava alcançar, embora não tendo a habilidade suficiente.

O que te inspirou a criar esta nova obra?
Bem, Ghost Ship não é um álbum conceptual, mas há um tema que aparece na faixa-título e em outros lugares do álbum. Fui muito inspirado pelas experiências em tournée: conhecer tantos miúdos depois dos espetáculos que procuravam direção e um lugar para se encaixar, e que estavam desesperados por darem um real significado às suas vidas. Tive esta ideia de Ghost Ship, a respeito de um lugar para as pessoas invisíveis, os fantasmas nos olhos do mundo. Pensei em como Jesus tinha uma tendência a usar os impopulares ou não notáveis ​​para fazer grandes coisas. Essa ideia aparece muito no álbum: até nós, desajustados, temos um propósito e as nossas vidas têm valor.

Portanto, Ghost Ship não é, definitivamente, um álbum conceptual?
Não há nenhum conceito global. Se algum grande plano houve, foi apenas o de querer escrever um álbum positivo e encorajador. Adoro As The World Bleeds e acho que foi uma mensagem oportuna e necessária (embora difícil de ouvir), e queria acompanhar isso com algo um pouco mais edificante, por isso espero ter conseguido.

Na minha opinião, Ghost Ship traz as mesmas linhas melódicas excelentes, mas com mais músculo. Concordas?
Claro! Acho que é uma afirmação justa. Acho que muito disso é da produção também: este é de longe o tom mais grave de guitarra que já tivemos, de modo que faz transparecer um som global muito mais pesado e mais musculado. Além disso, o elemento thrash do nosso som sempre esteve lá, mas há algumas músicas neste disco que é realmente o foco, como The Wonder Of it All ou Stir The Embers. Ao mesmo tempo, há mais sensibilidade pop para algumas das coisas do que nunca, como Around the World and Back. Acho que neste disco há uma variedade agradável.

O álbum tem uma capa fantástica. Quem foi o responsável?
Foi o Felipe Machado, do Brasil, que fez a capa. Também já tinha feito o As The World Bleeds e, mais uma vez fez, um grande trabalho!

Costuma ser normal nos Theocracy o longo espaçamento entre álbuns. Mais uma vez cinco anos. A eterna busca pela perfeição?
(Risos)! Acho que não nos podemos dar ao luxo de esperar tanto tempo novamente. A perfeição sempre fez parte, mas desta vez houve outros fatores: as dificuldades de agenda que referi anteriormente e também o projeto de relançamento do álbum de estreia acabou por trazer quase tanto trabalho como fazer um álbum completo. Além das gravações de bateria, encontrar os arquivos originais e ter tudo de forma utilizável deu muito trabalho. É chocante o quão mal gravado esse primeiro álbum foi!

Olhando para o line-up que vem no PR, não vejo nenhuma referência ao baterista. Quem toca bateria em Ghost Ship?
Foi Shawn Benson que tocou bateria no álbum como músico de estúdio e fez um ótimo trabalho. Infelizmente não se pode comprometer com uma banda a tempo integral, mas acabamos de anunciar o nosso incrível novo baterista Ernie Topran, e estamos muito animados em tê-lo na banda!

Ainda estão na vossa tournée europeia? Como foi esse regresso?
Na verdade, acabamos de voltar para casa. Foi uma tour fantástica! A melhor até agora. Foi bem-sucedida em todos os sentidos, e as multidões foram fenomenais. Como alguém que não presta muita atenção ao lado do negócio, tem sido muito porreiro ver o crescimento da banda. Cada tournée europeia teve multidões maiores e mais salas esgotadas. E os nossos amigos na Europa tratam-nos sempre tão bem!

Muito obrigado Matt! Queres acrescentar algo mais?
Apenas um grande obrigado pelas perguntas, e a todos que as irão ler. Obrigado pela maravilhosa receção ao Ghost Ship! Espero que continues a apreciar o álbum e obrigado por apoiares os Theocracy ao longo dos anos!

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