Entrevista: Fugly

Dois anos depois do primeiro EP Morning After, após muito sangue, suor e lágrimas, os Fugly seguem o seu percurso em busca do caos e da excentricidade frenética do noise e do garage, bem como a cura para a ressaca, com o novo Millennial Shit, lançado pela editora independente O Cão da Garagem. Ainda antes de partirem para uma tour que os levará a Espanha, França, Bélgica, Holanda, Alemanha e Itália, Jimmy falou com Via Nocturna.

Olá Jimmy, como estás? Para começar podes apresentar este projeto Fugly. Quando começou, o que motivou a juntarem-se, que nomes ou movimentos mais vos influenciam?
Olá. Está tudo e contigo? Somos os Fugly, começámos em 2015, na altura só eu e o Rafa. Entretanto, mais tarde juntou-se o Nuno, após 3 outros guitarristas terem passado pela banda. Decidimos criar o projeto porque o Jimmy fazia som a Lazy Faithful, banda onde o Rafa é baixista, e tinha umas músicas na gaveta e mostrou-lhe. Decidiram começar a tocar as músicas sem compromisso até que sentiram a necessidade de expor o trabalho a ver se arranjavam concertos.

Já tinham tido anteriores experiência musicais?
O Rafa é ainda, atualmente, baixista de Lazy Faithful e já tocou em tempos com Throes + The Shine , Super Yellow Duck, OGBE e com os Metro. Eu tive uma banda em 2009 nos meus tempos de adolescente chamada The Cleavage e toquei guitarra num projeto indie-rock intitulado The Afternoon. O Nuno colaborou com vários projetos musicais, também fez parte de Super Yellow Duck e da OGBE, e atualmente tem um projeto de eletrónica, Mada Treku.

Já agora porque se autointitulam proto-pizza/banana-punk/rock-lobster?
Porque não sabíamos como rotular o nosso estilo musical na altura, então inventámos um bocado. E porque gostamos de ouvir B-52’s nas nossas viagens de carro para os concertos.

Morning After foi o primeiro trabalho. Surpreendidos com as reações que obteve?
Sim, bastante. Nunca levámos isto muito a sério e de repente, tivemos concertos por todo o país e a receção foi bastante positiva.

Não passou muito tempo e já aí estão com Millennial Shit. O que mudou (se é que mudou alguma coisa!) na vossa forma de trabalhar entre os dois lançamentos?
Muita coisa mudou. Lá está, como não levámos muito a sério a cena no início, gravamos as coisas com menos detalhe, não houve assim tanto cuidado com o formato das músicas, a voz foi gravada à ultima porque não sabíamos como é que havíamos de espetar uma voz no meio daquilo. As letras também foram um bocado escritas à pressa, até têm alguns erros gramaticais. Agora fomos para lá com outra visão.

Voltaram a gravar na Adega, em Gondomar. Como foi a experiência desta vez?
Os estúdios mudaram de instalações. Agora estão sediados em Caíde de Rei, no Concelho de Lousada. O estúdio precisava de ser alargado, era necessário arranjar condições mais interessantes para os músicos e agora temos uma espécie de casa numa antiga escola primária que a junta cedeu com o objetivo de promover a cultura da localidade. A experiência foi bastante diferente. Primeiro, ficámos lá a dormir durante um total de 20 dias. Levámos uma playstation e uma bola de futebol para os momentos de relax. Tínhamos quartos para todos, cozinha e chuveiro por isso, tentámos viver todos em comunidade. Numa primeira fase, fomos só discutindo as ideias que tínhamos e depois quando a altura certa chegou, gravámos tudo em live take ao mesmo tempo, tal como fizemos com o EP, mas com mais atenção à captação, com material um bocado melhor do que o que tínhamos em 2015.

No primeiro trabalho falavam de ressacas. Mantém o mesmo tema? Afinal tudo relacionado com o estúdio… a Adega? (risos)
Sim, mantivemos um bocado a temática. É quase uma continuação, ao EP que foi para nós, uma história que ficou por acabar. Por acaso podia ter alguma coisa a ver com o estúdio, mas as gravações até foram bastante sóbrias, tirando um dia ou outro (risos).

Esta é uma edição O Cão da Garagem. Como se proporcionou essa ligação?
Conhecemos o Carlos e a Carolina através da banda que eles têm, os Sunflowers. Curtimos o conceito deles e dos 800 Gondomar. Conseguimos identificar-nos logo com a cena deles e quisemos fazer parte duma editora que eles tinham acabado de criar, O Cão da Garagem. Estamos muito contentes por continuar a manter a ligação com eles porque sabemos que são completamente a nossa cena. E já que somos todos do Porto e temos os mesmos gostos, porque não juntarmo-nos?

O Porto está onfire no que diz respeito a bandas novas dos mais diferentes géneros. O que mudou na cidade, nos últimos tempos, para este boom?
Achamos que muita coisa não mudou no Porto em termos de bandas. Continuamos a ter o mesmo numero de músicos, dos mais variados estilos. Se calhar nos dias de hoje, é mais fácil divulgar esses projetos através das redes sociais e de cada vez mais haverem mais blogues, revistas online, podcasts, rádios, serviços de streaming de música, etc etc. A cidade, no entanto tem crescido bastante, com o turismo massivo que entrou nestes últimos dois anos, o que por um lado também pode fomentar a mais cultura, mas para já ainda não sentimos o seu efeito, apenas nas rendas das casas (risos).

Terão em breve uma tour europeia. Como está a ser preparada e que expetativas têm?
A Tour Europeia será em conjunto com os Whales e é o culminar de uma parceria entre a Omnichord Records, a Pointlist e a Bullet Seed. Três agências de cidades diferentes que se juntaram para tentar divulgar esta nova fornada de música que está a ser feita.

Obrigado, queres acrescentar mais alguma coisa?
Um beijinho para o André Coelho, a nossa inspiração.

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