Entrevista: Shob


Depois de algumas experiências em diversos colectivos, o baixista francês Shob resolveu aventurar-se a solo. Pragmatism foi a primeira experiência e três anos depois surge Karma Obscur. Um conjunto de canções criadas por um baixista mas que não representa um disco de baixo, nem sequer um disco para baixistas. Porque Shob, neste aspeto, é muito pragmático. O baixo deve estar onde merece estar – a empurrar a voz e os outros instrumentos e não á frente de todos. Uma abordagem diferenciada que se repercute num disco com algum metal, muito rock e imenso funk.

Olá Shob, como estás? Aqui está, Karma Obscur, três anos depois do aclamado Pragmatism. Por isso, vamos ser pragmáticos - este novo álbum é um passo em frente na sua carreira?
Olá! De facto, Karma Obscur é claramente um passo à frente. Adicionamos muitos novos instrumentos, como secções de sopro e percussões. Eu queria que fosse mais funky do que Pragmatism, numa maneira à antiga. O som do baixo é mais grave e crispy. Toda a produção do CD é mais pesada e grandiosa e David Thiers, o técnico de som, é bom nisso. Seguramente que para o próximo álbum lhe irei ligar.

Já tiveste a oportunidade de tocar com muitos músicos de nomeada, por isso, o que te motivou a começar uma carreira a solo com Pragmatism há três anos e agora com esta continuação?
Há anos que tenho composto sozinho coisas de fusão loucas e muito fixes. Inicialmente foi por diversão. Sempre fiz pré-produções realistas com bateria e teclados midi, mas sempre dediquei tempo para as fazer soar como instrumentos reais. Coloquei alguns na internet e tive feedbacks muito bons. Houve gente que me perguntou onde poderiam encontrar alguns cd's. Foi aí que percebi uma audiência para esta música progressiva e moderna. E assim, decidi fazer um álbum de verdade, Pragmatism, mas com músicos reais em cada instrumento. Todos bons amigos meus.

O que é mais perceptível em Karma Obscur é tua capacidade para misturar estilos. De onde vem essa inspiração?
Eu venho do rock e do funk rock, como Infectious Grooves, Faith no More, Red Hot Chili Peppers. Toquei metal durante vários anos, e até toquei em grandes bandas de heavy metal como os ETHS, aqui na França, que foram bastante famosos tendo feito muitos espetáculos e festivais com as maiores bandas de rock e metal do mundo. Mais tarde, quando comecei a trabalhar no meu baixo, descobri o jazz/fusão como Jaco e WeatherReport, Stanley Clark, Larry Graham e todos aqueles nomes oldschool do funk. Portanto, quando componho, permito-me misturar todas essas influências diferentes. O difícil é misturá-las de maneira inteligente, para tornar a coisa toda fluente.

Por outro lado, e considero isso um aspeto muito relevante, este álbum é muito mais do que um disco de baixo ou um disco para baixistas. Levaste isso em consideração quando compuseste este conjunto de temas?
Não levo isso em consideração no momento em que componho, mas, definitivamente, não faria um álbum de baixo. Eu gosto do baixo onde tem que ser. Misturado igualmente com a bateria. A seção rítmica tem que ser uma, não o baixo na frente de tudo. Eu acho que esse não é o seu papel. Quando toco baixo, quero fazer com que toda a banda tenha groovee tento servir o cantor ou o instrumento principal para brilhar. Eles poderão brilhar graças a uma seção rítmica sólida. É por isso que nos meus álbuns, os baixos tocam baixo e não temas ou mesmo solos. Eu gosto de fazer solos com o meu baixo, mas o que me incomoda é que depois não há mais nenhuma linha de baixo quando eu faço um solo (risos).

Foram dezasseis os músicos que participam neste disco. Como foi feita a gestão de tanta gente?
Bem, claramente essa não foi a parte mais fácil, mas divertimo-nos muito! Fomos a lugares diferentes para gravar todos os instrumentos porque não tínhamos um estúdio fixo. Às vezes, fomos diretamente para as casas dos músicos ou casas dos pais quando eles não moram sozinhos (risos). Mas para o instrumento mais difícil de gravar, a bateria, apenas houve uma pessoa (Morgan Berthet) e um lugar. Foi mais fácil.

Mas ao vivo não irás contar com muitos desses músicos, pois não?
Geralmente ao vivo somos quatro (baixo, bateria, guitarra e teclados). Mas quando o orçamento permite, somos sete, com uma secção de metais e percussões. As duas fórmulas são muito fixes para tocar. A maior é um pouco mais rígida por causa do número de músicos. Temos que encaixar as diferentes partes escritas de outra forma – é uma guerra!!

A propósito, e falando em aparições ao vivo, começaste uma tour europeia em abril com passagem por sete países. Como correu essa aventura?
Foi muito bom!! Acabamos de chegar e quero agradecer a Jeff, o booker, que fez um trabalho incrível. As condições foram tão boas que acho que nem o Marcus Miller tem hotéis melhores do que nós (risos)! Éramos quatro na estrada, a configuração da luz. Divertimo-nos muito!! E penso que as pessoas também!

Voltando ao Karma Obscur, durante quanto tempo trabalhaste nesse disco?
Um álbum como este tem cerca de dois anos de trabalho. Desde a composição até ao lançamento e chegar às tuas mãos.

O comunicado de imprensa descreve este álbum como dark funk. Concordas com esta descrição?
Dark funké muito fixe! O facto de misturarmos tantos estilos diferentes é um pesadelo para a imprensa (risos)! Isto porque é difícil descrevê-lo em uma ou duas palavras. Mas, a coisa é que, independentemente do que tocamos, tentamos torná-lo funky. Portanto, acho que o termo funk tem que aparecer na descrição.

Obrigado, Shob. Queres acrescentar mais alguma coisa?
Obrigado, pessoal! Mal posso esperar para terminar de escrever o novo álbum e sair em tournée no próximo ano para tocar para vocês!


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