Entrevista: Mark Mangold (American Tears/Drive, She Said)


Mark Mangold tem estado bastante ativo e os lançamentos onde o seu nome aparece vão-se sucedendo. Primeiro a reedição de Real Life dos Drive, She Said, depois o regresso (mais de quarenta anos depois) aos originais com os American Tears. Há mais para vir em breve, segundo nos confidenciou o músico de Miami, mas para já a conversa incidiu sobre estes dois lançamentos.

Olá Mark, como estás? Obrigado pela tua disponibilidade! De repente, dois novos lançamentos – a reedição de Real Life dos Drive, She Said’s Real Life e o regresso dos American Tears. Abordemos um de cada vez. Começando por Real Life, quando surgiu a ideia de uma reedição e quem foi o principal responsável por isso?
Estou bem e muito obrigado pela entrevista. Sim, já nos vínhamos a preparar para estes lançamentos há algum tempo. Quanto a Real Life, Al e eu já há muito tempo que queríamos que esse álbum tivesse um melhor som, já que é um dos nossos melhores discos, com muita melodia, grandes hinos (sinceramente) e do qual estamos muito orgulhosos.  Khalil e Barrie da Escape Music surgiram coma ideia e colocaram-nos em contacto com Brian Anthony que fez a remistura. Sentimos que se alcançou a emoção que esperávamos destas orquestrações. Por isso, estou muito feliz por o mundo ter a oportunidade de ouvir este álbum como deve ser e de poder apreciar o enorme talento de Al.

Para esta nova versão trabalharam nas músicas?
Nós não fizemos nada, a não ser a remistura. É exatamente o que era, mas com melhor som. Foi muito bom ter descoberto as coisas e dizer ... "oh, nós tocamos isto. Muito bom!" (risos)

A capa também está diferente. Quais foram os objectivos?
Queríamos deixar bem claro que não era o mesmo disco.

Saltando agora para os American Tears, é um regresso mais de 40 anos depois do vosso último álbum. O que vos motivou a regressar?
Uau, quarenta e quatro anos. Queria voltar a tocar teclados, é a resposta. Queria voltar a estar num lugar onde fomos criativos musicalmente, onde não estávamos limitados no que fazíamos, tentando fazer algo único e talvez não tão voltado para a musicalidade. Também acho que os motivos para fazer isto, em parte, estiveram na situação que vivemos actualmente, especialmente a nível político. Não me vou debruçar sobre isso, mas todos sabemos o que está a acontecer, atualmente, aqui e em todo o mundo. Foi a mesma coisa quando gravamos os primeiros álbuns dos American Tears. Reviravoltas políticas, Vietnam, antiguerra, antirecrutamento e agora temos todas essas coisas semelhantes com o poder político mal utilizado. A nossa música era um meio de protesto para o que estava a acontecer naquela época e volta a ser agora. Sempre escrevemos canções sobre a inclusão e aceitação de todos os povos e foi a situação de hoje, a trazer velhas lembranças do estado de espírito dos American Tears, que me levou a pensar em como todo o progresso que fizemos ao longo dos anos está a ser posto de lado. No novo CD, muitas das músicas liricamente falam sobre a luta em que estamos e sobre a estupidez de alguns dos nossos líderes hoje em dia. Acho que podes descobrir quem é o Minister Of Hate de Lost In Time (risos).

As músicas incluídas em Hard Core são todas recentes ou recuperas alguma dos tempos anteriores dos American Tears?
São todas músicas novas, escritas e gravadas no ano passado.

Mas continuas a usar apenas teclados analógicos e maquinaria dos anos setenta?
Quando começamos, a missão dos American Tears era ser uma banda de teclados. Queríamos criar as partes geralmente preenchidas por um guitarrista com os teclados. Ou seja, se ouvires os álbuns mais antigos e este novo, há solos, mas todos os solos são tocados com teclados através dos amplificadores Marshall, obtendo a distorção e a energia que se espera de uma guitarra... mas tudo feito nos meus teclados. Foi isso que eu quis para este novo álbum. Ouvirás riffs que até podem ser chamados de "riffs de guitarra", mas são tocados no órgão Hammond ou em algum outro teclado distorcido. Claro que com a nova tecnologia, computadores Mac, etc, um teclista tem muito à sua disposição. E, definitivamente, há alguns sons e sintetizadores mais modernos usados ocasionalmente como em Nuclear, Deplorable e outros, mas sempre com o espírito daqueles dias.

A principal diferença é que agora és o único nos American Tears. Por que decidiste avançar sozinho?
Tinha a paixão de fazer este disco mas infelizmente, não consigo contactar os membros da banda, Tommy Gunn e Gary Sonny e Greg Baze morreu há uns anos atrás. Isto sem mencionar a despesa que seria ter baterias apropriadas para tocar neste disco, que é complicado em alguns lugares, ou seja, riffs 7/4 sobre tempos 5/4 e mudanças estranhas a qualquer momento. Não tivemos seis meses para ensaiar…

Isto apesar de contares com um convidado para os backing vocals. Quem é ele?
Jake E. É um amigo e o vocalista de uma banda sensacional da Suécia, os Cyrha. A canção Fyre, que é um pouco ao estilo do mundo de Arthur Brown, precisava da voz alta e gritante de Jake.

Em que outros projetos estás a trabalhar atualmente?
Naturalmente estou sempre a escrever e a produzir. Algumas coisas do outro mundo... pop ... Algumas músicas para um novo filme de dança em breve. E falta dizer que a Escape Music irá reeditar os discos dos The Sign remasterizados. Ambos em formato duplo. Agora soam fantásticos!

Obrigado, Mark! Dou-te a oportunidade para acrescentares mas alguma coisa...
Muito obrigado. Espero ter respondido a todas as tuas perguntas.



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