Reviews: Outubro (VII)


The Vacancy (FOUR SECONDS AGO)
(2018, Century Media Records)
Misha Mansoor e Jake Bowen, conhecidos pelo seu trabalho nos prog/djent/metalcore Periphery surpreendem nesta abordagem de The Vacancy, estreia do novo projeto Four Seconds Ago. Surpreendem porque a agressividade e as guitarras foram completamente substituídas por ritmos eletrónicos, sintetizadores e sonoridades ambientais chill out, apenas com pontuais vocais. Mesmo que um e outro não sejam completamente desconhecidos para a música digital, provavelmente ninguém esperaria uma reviravolta tamanha. The Vacancy representa uma aventura do duo fora da sua zona de conforto, mostrando coragem suficiente para fazer algo atípico e para o qual, provavelmente, os fãs dos Periphery não estão preparados para ouvir. [69%]


III (TIM MORSE)
(2018, Cymbalik Music)
Enquanto multi-instrumentista, Tim Morse teve a ideia de executar a totalidade da sua nova obra criativa, simplesmente intitulada III. Rapidamente percebeu que necessitaria de ajuda extra num ou noutro ponto. Por um lado, a bateria, mesmo que seja ele a tocá-la em duas faixas; por outro os solos. Num caso e noutro, o recurso a diversos convidados, foi uma boa opção, que se repercute no resultado final. III é um disco de prog rock, perfeitamente dentro do que o músico tem feito. Não é exuberante, longe disso, mas também não é uma desilusão total. E tem alguns momentos deliciosos, como Mary Celeste, com um divinal violino, num trabalho perfeitamente equilibrado e maduro, com o balanceamento adequado entre arranjos e improvisação. [79%]


Punk Academics (CAVE STORY)
(2018, Lovers & Lollypops)
Punk Academics é o segundo trabalho do trio das Caldas da Rainha Cave Story. Aparentemente mais cru que a sua estreia, continuam a desafiar o indie, o punk e o garage, com uma abordagem totalmente informal. Por isso há temas a variar entre o pouco mais de um minuto e os quase nove minutos. Ou seja, há espaço para ser direto e frontal e há espaço para poder explorar os sons dos seus instrumentos, embora isso acabe por não ser feito de forma satisfatória. Por outro lado, a gravação deste disco foi feita quase sem ensaios. E, infelizmente, isso nota-se de forma acentuada, o que nos faz concluir que para entrar nesta academia, e desta vez, os Cave Story não cumpriram os requisitos mínimos. [68%]


Christmas (Take A Ride) (MITCH RYDER)
(2018, Golden Lane Records)
Com ou sem os seus Detroit Wheels, Mitch Ryder tem sido uma destacada figura da estrutura musical de Detroit, durante mais de 40 anos. Agora, com 73 anos, o músico originário do Michigan presenteia os seus fãs com uma coleção de 12 temas que celebram o espírito de Natal. Claro! O Natal aproxima-se e os discos relativos à época sucedem-se, mesmo que esta seja a primeira aventura do género do Sr. William Levise, Jr, seu nome de nascença. Entre temas mais conhecidos e outros menos, Christmas (Take a Ride) apresenta 12 versões pouco ambiciosas, por vezes básicas até, mas que cumprem o seu objetivo: o entretenimento familiar da época que se aproxima. [73%]


Et Ex (GÖSTA BERLINGS SAGA)
(2018, InsideOut Music)
A música dos Gösta Berlings Saga (GBS) é uma dinâmica aventura nórdica que inclui cenários que vão desde as belas imagens da aurora boreal até à desolação da tundra ártica, passando pela agressividade dos glaciares e os abismos dos fiordes. Muitas vezes comparados aos King Crimson, precisamente, pela diversidade de paisagens criadas, os GBS trazem até aos seus fãs o seu mais recente disco, Et Ex, o quinto de originais, primeiro para a InsideOut Music, que vem reforçar as ideias já antes retratadas. Agora já sem Einar Baldursson, que foi substituído nas seis cordas por Rasmus Booberg, ex-The New Keepers Of The Water Towers, Et Ex mostra 8 temas de rock progressivo cheio de contrastes entre minimalismo e maximalismo. [74%]

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