Reviews: Janeiro IV


Ends Meeting (DAVID CROSS/ANDREW BOOKER)
(2018, Cherry Red Records)
David Cross foi membro dos King Crimson durante os anos 70 e Andrew Booker foi membro dos No-ManSanguine Hum e Peter Banks’s Harmony in Diversity. Juntos gravaram um álbum em 2006 que nunca chegou a ser lançado. Trata-se de um conjunto de sete faixas genericamente denominadas de Ends Meeting que deixa bem claro o talento de Cross & Baker e apela às bases de fãs de ambos os artistas. E que, finalmente, é lançado. Suaves ritmos eletrónicos e longos solos de violino em estruturas clássicas de jam session é o que resulta da junção destes dois virtuosos. [74%]


All These Fiendish Things (BLOODSUCKING ZOMBIES FROM OUTER SPACE)
(2019, Carrycoal Records)
A mais popular banda de horrorpunk de Viena (e, eventualmente, aquela com o nome mais complicado de dizer!), os Bloodsucking Zombies From Outer Space, está de regresso com mais histórias de punk e terror que prometem assustar os mais incautos e fazer festejar os mais destemidos. All These Fiendish Things não difere muito do trajeto anterior dos austríacos, embora traga algumas nuaces algo diferenciadas – a entrada por campos do metal em This Ain’t No Helloween ou Helluzination (bem, neste caso, quase no thrash metal!), a aproximação a David Bowie em Night Flier ou os registos acústicos de Gods Own Mistake. [72%]


Blinded Generation (CYANIDE SUNDAE)
(2019, Sliptrick Records)
Na sequência de Nothing To Lose, o power trio britânico Cyanide Sundae desenvolveu o seu som para que Blinded Generation pudesse ser mais barulhento e rápido. De tal forma que, a espaços, se confunde o seu rock alternativo e o grunge com algum metal. À velocidade de alguns temas corresponde a velocidade de criação – seis canções em duas semanas. O resultado, como sempre em músicos apressados, é menos qualidade. Mesmo levando em linha de conta a abordagem orgânica e a atitude, verifica-se a falta de tempo para que os temas se desenvolvam e verifica-se, acima de tudo, alguma falta de critério e de rigor, principalmente ao nível do trabalho vocal. Desta forma, Blinded Generation torna-se um disco destinado apenas aos indefectíveis fãs do género. [56%]


100% Proof (GIN ANNIE)
(2019, Off Yer Rocka Recordings)
100% Proof é a estreia dos britânicos Gin Annie. E poderia ser um disco 100% à prova de defeitos, mas não é. Pelo contrário, os dez temas deste disco deixam muito a desejar em termos de dinâmicas, melodias e originalidade.  O seu estilo vai variando entre um rock melódico e um hard rock suave, cheio de clichés e de fórmulas sobejamente conhecidas. A banda de Wolverhampton ainda vai tentando alguns coros interessantes, um par de solos que até conseguem aumentar a atenção do ouvinte, mas no momento seguinte tudo volta à mesma mediania. De tal forma que a melhor faixa do álbum é uma… balada! [62%]


This Is My Voice (THE CHOCOLATE WATCHBAND)
(2019, Dirty Water Records)
Formaram-se em 1965, mas nos últimos anos têm estado afastados das gravações. Era agora a altura para um regresso mantendo alguns membros originais e renovando outra parte do line-up. Todavia, a sonoridade continua a centrar-se no seu sixties garage/surf rock. De facto, pouco mudou na política musical dos The Chocolate Wathcband, pois continuam a manter bem viva a chama da rebelião política, como se pode perceber claramente em Judgement Day. This Is My Voice representa, uns californianos revivalistas, é certo, mas, com a dose certa de equilíbrio, a pisar terrenos de um rock mais moderno. O que não mudou foi é a sua vertente melódica e psyche. [68%]

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