Reviews: Fevereiro I


XS2XTC (ALMØST HUMAN)
(2019, FastBall Music)
Cerca de 70 minutos de mistura entre o metal mais extremo e algumas passagens mais rockeiras é o que se apresenta em XS2XTC, o estranho título para o novo álbum dos AlmØst Human. Parece de mais… e efetivamente é, chegando a cansar tanta berraria e tanta violência sónica. Ainda assim, toda essa agressão e raiva contêm, no seu interior, alguma criatividade que a espaços se revela em arranjos mais elaborados ou mudanças rítmico-melódicas. Nada de transcendente, é certo, mas o suficiente para permitir que o ouvinte se mantenha mais alguns minutos ligados à música destes suíços que já por cá andam desde os anos 90 do século passado. [56%]


The Banished Heart (OCEANS OF SLUMBER)
(2018, Century Media Records)
Tudo o que os texanos Oceans Of Slumber já fizeram no passado, nomeadamente aquela tendência para misturar doom com prog em temas de enorme complexidade, volta a estar presente na sua nova obra, o terceiro longa-duração The Banished Heart. Mas agora o coletivo parece mais esclarecido e parece ter uma visão mais clara dos seus objetivos, embora continue a haver momentos de total obscuridade criativa que se repercutem em fases completamente desnecessárias. Isto mesmo considerando e admitindo que The Banished Heart não é um álbum de fácil assimilação, porque não é muito óbvio e porque há extremismos em todos os sentidos – na sonoridade mais abrasiva até à vertente mais progressiva. [73%]


Unseen Planets, Deadly Spheres (DAMNATION’S HAMMER)
(2019, Massacre Records)
São 59 minutos de música negra e com paisagens doom aquela que os Damnation’s Hammer apresentam no seu segundo registo Unseen Planets, Deadly Spheres. Influenciados por Celtic Frost e Black Sabbath, os britânicos complementam as suas composições musicais com atmosferas surreais que os colocam num patamar algo avant-garde, aliás, movimento que a banda, desde a sua criação, quis homenagear. Unseen Planets, Deadly Spheres é um disco poderoso, com riffs potentes e agressivos. Por isso, poderia ser um disco de doom, de death ou de thrash metal. Mas acaba por não se enquadrar especificamente em nenhum desses subgéneros, precisamente pela sua ampla abordagem. E o que poderá parecer uma vantagem, acaba por se transformar num problema com a falta de coesão que acaba por se tornar exageradamente saliente. [59%]


Смерть сумасшедшего (KGB)
(2019, Metal Race Records)
Смерть сумасшедшего foi originalmente lançado em 1992, em formato cassette e colocava os russos KGB no mapa mundi do technical thrash metal. Segundo dados recolhidos a banda ainda estará ativa, embora depois desta demo apenas tenham lançado mais dois álbuns (Lost In The Atmosphere, em 1997 e Hyeroglioh For A Moment, dez anos mais tarde). A Metal Race Records procede, agora, à reedição dessa importante obra do thrash metal russo lançado já em período da Perestroika e da consequente abertura da então União Soviética ao ocidente. Смерть сумасшедшего é um disco longo, gravado na própria sala de ensaios, mas que não esconde a capacidade do trio em criar boas malhas agrestes, ríspidas e obscuras, que bastante lembram os primórdios dos Metallica ou mesmo os Re-Animator. [71%]


Liturgia da Blasfémia (GRAVES)
(2019, Iron Bonehead Productions)
Os Graves são uma das mais recentes e maléficas criações do fértil black metal nacional. Com membros dos Flagellum Dei e Summon, Liturgia da Blasfémia, sucede à demo Unholy Desecration e vê a banda lançar-se em termos internacionais, com uma coleção de nove temas de um black metal rudimentar, ameaçador, sujo, cru, blasfemo e ultrajante. Um black metal negro e sinistro, forjado nas masmorras mais obscuras do underground nacional. Aqui a preocupação é apenas criar uma densa, hipnótica e letal parede sonora onde a melodia seja banida. Black metal venenoso, como deixa antever a serpente na capa. [58%]

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