Entrevista: Trishula


Neil Fraser é já um bem conhecido nome, não só pelas suas constantes colaborações com os projetos de Alex Santos – Scar For Life, DNA, Stagma – mas também por ter tocado com os Ten e Rage Of Angels. Em 2015 resolveu que estava na altura de avançar para um projeto seu, mostrando que também era capaz de compor e não apenas de tocar guitarra. O resultado não surge com o seu nome, mas sim como Trishula, uma entidade que volta a falar português – João Colaço é o baterista. Fomos falar com o guitarrista britânico que nos contou tudo sobre este álbum, sem esquecer as suas memórias de Portugal.

Olá Neil, tudo bem? Obrigado pela disponibilidade! Quando surgiu este teu novo projeto, Trishula?
Olá, muito obrigado pela entrevista. Bem, eu comecei a trabalhar em algumas canções para um álbum a solo há cerca de 3-4 anos atrás, quando me apercebi que a banda onde tocava estava a chegar ao fim. Como precisava de tentar manter uma presença no radar da indústria da música, pensei que, em vez de esperar por uma oferta (o que nunca aconteceu), seria melhor começar a escrever e a gravar o meu próprio material. No final, decidi dar ao projeto um nome de banda (Trishula) em vez de utilizar o meu próprio nome, mas este ainda é o meu projeto a solo em termos de quem escreveu a música.

Em que aspetos Trishula é diferente das tuas bandas e projetos anteriores?
Bem, de uma perspetiva pessoal, Trishula é diferente, porque me deu a oportunidade de me expressar como guitarrista e tocar exatamente como eu quero tocar, ao invés de tocar como alguém quer que eu toque. E também me deu a oportunidade de provar que posso escrever músicas, além de apenas tocar guitarra (que é como sou mais conhecido). Para este álbum, tentei escrever músicas muito melódicas, queria grandes refrões, com melodias fortes, etc. Toquei em alguns álbuns e bandas/projetos ao longo dos últimos anos, pelo que é difícil para mim dizer exatamente de que forma Trishula é diferente daqueles projetos, alguns deles, mais pesados que Trishula, outros num estado de um estilo de rock melódico similar. Mas espero que o meu estilo de composição de músicas seja distintamente diferente desses projetos anteriores. Também acho que a maioria das músicas deste álbum tem a sua própria personalidade, ou seja, não é um daqueles álbuns onde cada música é praticamente a mesma que a próxima. Neste caso, cada música é um pouco diferente.

Foi um trabalho árduo de três anos, um enorme esforço que te levou até Scared To Breathe. Afirmaste que este álbum é resultado de sangue, suor e lágrimas. Por quê?
Sim, o álbum demorou cerca de 3-4 anos a escrever e gravar. Financiei tudo sozinho, parte desse processo incluiu a configuração do meu estúdio de gravação em casa e aprender a usar todos os equipamentos, etc. Houve alguns obstáculos a superar ao longo o caminho e em mais de uma ocasião quase desisti do projeto. Foi preciso muita determinação para continuar e terminar o álbum. Algumas de minhas amizades sofreram como resultado de eu ter feito este álbum, tive que sacrificar muito tempo nos últimos dois anos para trabalhar no álbum em todas as oportunidades disponíveis. Portanto, não foi um processo fácil, aprendi muito nos últimos dois anos onde também escrevi e gravei mais de 15 novas músicas para o próximo álbum, pelo que, desta vez não será tão estressante quanto este e todo o processo deve ser muito mais rápido.

Scared To Breathe também é um álbum um “bocadinho português” (risos). Continuas a contar com o baterista João Colaço, com quem já trabalhaste algumas vezes. E as baterias foram gravadas em Portugal, não foi?
Sim, o João Colaço tocou bateria no álbum dos Trishula, e já trabalhei com ele no passado, andamos em tournée com os Rage of Angels e estivemos juntos nos álbuns de Scar For Life e DNA. O João foi a minha primeira escolha de baterista para este álbum, ele é um talento incrível. As baterias foram gravadas em Portugal nos Black Sheep Studios. Portanto, sim, de uma forma geral, há, definitivamente, um pouco de Português neste álbum! (risos)

Aliás, todo o processo de gravação foi dividido por diferentes espaços. Queres esclarecer?
Bem, originalmente gravei todas as guitarras, baixo e teclados no meu home studio e gravei os vocais demo no mesmo equipamento com o pianista Jason Morgan. Originalmente, a bateria era programada, mas depois quando convidei o João Colaço para tocar no álbum, sabendo que ele vive em Portugal, a opção mais fácil era gravar em Portugal e enviar-me as gravações. Enviei-lhe as músicas, ele gravou a bateria e enviou-me de volta os arquivos para adicionar às gravações master aqui no Reino Unido. Em termos de vocais, queria uma gravação profissional da voz de Jason Morgan, porque ele é um vocalista incrível e queria que fosse feita justiça e para as pessoas ouvirem o grande cantor que ele realmente é. Assim, organizei os vocais finais para serem gravados num estúdio profissional aqui no Reino Unido chamado M2 Madhat Studios. Muitos artistas usam este estúdio, entre os quais, os Magnum serão, provavelmente, os mais conhecidos. Também tive a sorte de ter o teclista dos Magnum, Rick Benton, a tocar alguns teclados adicionais no álbum. Rick é um amigo meu de longa data e um incrível músico. O álbum foi misturado e masterizado pela Sheena Sear nos estúdios M2 aqui no Reino Unido.

A tua ligação a Portugal já vem de há muito tempo com colaborações (a ver se não me esqueço de nenhuma!) com Scar For Life, DNA e Stagma. Já tiveste a oportunidade de conhecer o nosso país?
Bem, tive a sorte de trabalhar com Alex Santos (guitarrista, compositor e produtor português) em algumas ocasiões nos últimos anos. Alex é a pessoa por trás das bandas Scar For Life, DNA e Stagma, sim, e estive em Portugal há cerca de dois anos atrás para passar um tempo com Alex e o baixista Joe Petro. Na altura ainda estávamos a trabalhar no disco dos Stagma, Joe estava a terminar as gravações de baixo e um dos bateristas, Patrick Johansson (Yngwie Malmsteen), estava a terminar as suas gravações de bateria, por isso passei algum tempo na casa de Alex e em visita a Lisboa, etc. Diverti-me muito e adorei Portugal e os portugueses.

Até agora já lançaste dois vídeos, certo? Que canções foram escolhidas? Há planos para mais algum?
Fizemos dois vídeos até agora, um vídeo da banda para a música Scared To Breathe e um lyric-video para a música I Can See It In Your Eyes. No entanto, fizemos acordos para gravar um terceiro vídeo nas próximas semanas e será um vídeo da banda para este mesmo tema. A razão para fazer um vídeo de banda de uma música da qual já fizemos um lyric-video é porque sinto que as pessoas preferem ver a banda tocar a música em vez de assistir a um lyric-video. Eu tinha a ideia de fazer cerca de 3-4 vídeos para promover o álbum, ao invés de apenas um vídeo quando o álbum é lançado, portanto, ainda posso fazer mais um, para além de mais algum lyric-video e será tudo para este álbum.

No que diz respeito a palco, pelo que pude ver no teu site, apenas para o final de 2019, certo?
Adoro tocar ao vivo, portanto, mal posso esperar para levar esta banda para palco. Estava ontem em estúdio a preparar material de produção para a banda ao vivo, e as coisas já estão a começar a avançar em relação às performances. Estou a organizar um ensaio inicial para a banda, só para ver como tudo soa na situação ao vivo. Se tudo estiver bem, podemos avançar para os ensaios completos, com vista à marcação de alguns espetáculos. Com Trishula, só estou interessado em tocar em festivais e há alguns festivais no Reino Unido e um na Alemanha onde quero tocar e, se tudo correr bem, também nos podemos aventurar em outros países. Gostaria de ter o primeiro dos espetáculos ao vivo garantidos até ao final de 2019, mas vamos ver como irão as coisas.

Muito obrigado, Neil! Queres acrescentar mais alguma coisa?
De nada, obrigado pela entrevista. A única coisa que falta dizer é, obrigado a todos que me apoiaram na criação deste álbum e obrigado a todos que mostram interesse no álbum. Um agradecimento especial à minha editora AOR Heaven. Visitem o seu site e, se gostarem do som do álbum de Trishula, Scared To Breathe, podem comprá-lo no site da AOR Heaven, ou na Amazon, Itunes etc. Espero ver-vos/conhecer-vos em algum lugar ao longo do caminho nos espetáculos ao vivo.

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