Reviews: Março (V)

Adeline (THE SHIVER)
(2019, WormHoleDeath Records)
Sinceramente não se percebe o motivo para se proceder a uma reedição de um álbum lançado há apenas dois anos, sendo que essa reedição apenas acrescenta um tema ao vivo. E se em 2017, Adeline já não mostrava argumentos suficientes, que dizer agora, na repetição da mesma piada? Pois bem, que é um desperdício de tempo e recursos. Já agora fica a informação que Adeline, que é o terceiro trabalho da carreira dos italianos The Shiver, anda próximo do trabalho de uns Evanescence e In This Moment e, por vezes, até dos Lacuna Coil – salvaguardadas as devidas diferenças. Estamos, portanto, a falar de um metal alternativo moderno com toques de gótico onde o principal ponto com algum destaque é a voz de Federica Sciamanna, em torno da qual tudo gira. [59%]


Human (DARKWATER)
(2019, Ulterium Records)
Há quase uma década em silêncio, os Darkwater regressam com quele que é apenas o seu terceiro álbum em dezasseis anos. Não se percebe muito bem o porque desta curta produção, uma vez que, mesmo considerando que a sua veia criativa não é das mais extraordinárias, a verdade é que o seu metal progressivo e melódico acaba por assentar bem nos trâmites atuais do género. Human é o nome do seu mais recente registo, e promete não deixar os seus fãs desiludidos. São 10 temas em 76 minutos de duração (sem dúvida demasiado tempo, originado por uma extensão, por vezes desnecessária, das canções), que se apresentam mais pesadas e, simultaneamente, mais melódicas e atmosféricas que os seus trabalhos anteriores. [71%]


Inner Struggle Of Self-Acceptance (SIGNS OF HUMAN RACE)
(2019, Sliptrick Records)
São relevantes algumas das ideias desenvolvidas pelos Signs Of Human Race no seu álbum Inner Struggle Of Self-Acceptance. Algures entre um avant-gard metal arrojado e ambicioso e um prog metal técnico e evoluído, os italianos vão criando, em cinco temas longos, diversos cenários em permanente mutação. De elementos puramente melancólicos a agressivos guturais, passado por texturas de intensa melodia, tudo vai surgindo e desaparecendo nesse temas. Mas este que é o primeiro álbum do coletivo italiano não vive apenas de momentos de euforia. Analisando peça a peça, percebe-se que há as tais ideias, mas observando de uma forma mais abrangente, vislumbra-se que essas ideias acabam por estar presentes em todas as faixas e, muitas vezes, parecem encaixadas à força. Isso torna este Inner Struggle Of Self-Acceptance um disco dificil de analisar: por um lado porque há muita vontade de ser criativo e de fazer coisas de forma diferente e, como referimos, arriscadas; por outro, porque o limite entre esse arrojo e a falta de coerência é muito ténue. E aqui esse limite é diversas vezes pisado. [66%]


Terrible Things (INDESTRUCTIBLE NOISE COMMAND)
(2019, Independente)
Coisas terríveis podem acontecer se deixarem escapar este novo álbum dos Indestructible Noise Command. Aquele que é o primeiro registo dos thrashers nova-iorquinos em cinco anos e o terceiro após o seu retorno em 2010, mostra-nos uma banda de cara lavada, inspirada no movimento onde pertenceu nos anos 80 (com dois álbuns em 1987 e 1988) e perfeitamente atualizada. Se os Overkill, os Anthrax ou os Nuclear Assault subiram tão alto, o que falta aos INC para terem o mesmo sucesso? A atender por Terrible Things… nada! Este é um álbum de thrash/crossover que soa como um álbum de thrash/crossover deve soar em pleno século XXI: agressivo, técnico, rápido e capaz de vos fazer sacar as air-guitar e de potenciar um louco e intenso headbanging. E isto não são coisas terríveis… [73%]


Cellular Damascus (FRANKIE C.)
(2019, Independente)
Frankie Caracci é o guitarrista da banda de symphonic death metal canadiana Vesperia que agora se apresenta com um projeto paralelo, em seu nome e, naturalmente, com uma abordagem totalmente diferente. Este é um projeto instrumental que começou a ganhar forma quando Caracci venceu a primeira série da Shredders Of Metal, na Banger TV.  Daí até Cellular Damascus foi um instante, sendo que este EP de três temas e uma introdução mostra, de forma inequívoca, a técnica, groove e energia do guitarrista canadiano. Cada um dos temas foi trabalhado de forma consciente de forma a que todas as faixas fluissem naturalmente e com uma excelelente musicalidade. Os fãs de Joe Satriani, Steve Vai, Marty Friedman ou Tony MacAlpine irão encontrar neste projeto muitas das suas delícias vindas de um guitarhero. [83%]

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