Reviews: Abril (II)


Massface (MASSFACE)
(2019, Sliptrick Records)
Os Massface são russos e estreiam-se com o álbum homónimo que nos traz nove temas divididos por meia hora do que se convenciona chamar de metal alternativo, embora, mais não seja que uma abordagem relativamente insípida ao metal de contornos modernos. De tal forma que o primeiro tema com algum interesse é New Day… a sexta faixa. Nada do que se ouve em Massface é particularmente excitante, nem significativamente marcante. Por outras palavras, este disco é um perfeito clone de tudo que as novas bandas de referência dentro do género – Black Veil Brides, Asking Alexandria, Sleeping My Romance - têm feito. Ressalvando o facto de ser um clone que fica a anos-luz de distância desses nomes. [57%]


Curse Of Life (AETHER VOID)
(2019, Revalve Records)
Os Aether Void nasceram em Modena (Itália) em 2017 das cinzas dos No Way Out, mas assumindo-se com uma postura mais poderosa e agressiva. O primeiro álbum, Curse Of Life, mostra muito bem de que forma a banda consegue conciliar as suas influências tradicionais (Iron Maiden, Judas Priest) com a vertente mais contemporânea do metal. E fá-lo de uma forma perfeitamente coerente e equilibrada, de modo que nenhuma dessas componentes parece estar desapropriada ou desencaixada. É, portanto, essa capacidade de fundir as diversas influências que fazem de Curse Of Life um disco diversificado e criativo, com boas doses de peso controlado, riffs marcantes e uma certa tendência para estruturas prog. [74%]


Along The Sacred Path (S91)
(2019, Rockshots Records)
Do ponto de vista do Cristianismo, os S91 têm vindo a espalhar a palavra do Senhor através do seu metal de inspiração progressiva, mas que nem sempre se apresenta assim. Along The Sacred Path mostra uns italianos particularmente inspirados no primeiro terço (passe a referência religiosa!) do álbum numa linha prog metal técnico e agressivo. Constantine The Great, Saint Patrick, a emocional e completamente deslocada (ainda que seja uma faixa fantástica) Pope Gregory I e a seguinte Olaf II Haraldsson fazem supor estar na presença de um álbum marcante – o poder, melodia, agressividade e as duas vozes (masculina e feminina) conjugam bem. O problema vem depois com os italianos a entrar num beco sem saída, mastigando as suas composições e indo em queda livre até um desinspirado final. Num álbum que claramente é melhor nos momentos mais tradicionais e pior nos mais modernos, o esticar até quase à hora de duração é um erro que se paga com um crescente desinteresse. [71%]


Hinterlands (VETRAR DRAUGURINN)
(2019, Painted Basss Records)
Vetrar Draudurinn, termo islandês para fantasma de inverno, é um recente projeto a surgir da holanda e que junta nomes associados aos Autumn e Stream Of Passion. O objetivo de Eric Hazebroek, mentor do projeto após a sua saída dos SOP, era criar canções com alma e sentimento. Em parte, isso foi conseguido em Hinterlands, nomeadamente nos temas mais longos e melancólicos. Aí há, na verdade, toda uma ambiência toldada por sentimentos e emoções fortes. As afinações graves e o desempenho da Autumn Marjan Welman acentuam esses sentimentos. Mantendo a negritude envolvente, nos temas mais curtos, de uma forma geral menos trabalhados, o nível atingido não é tão satisfatório, pecando por não conseguir fazer passar essa componente sentimental. [68%]


Gold Hunters (LOST IN PAIN)
(2019, Independente)
O nome Centeno é-vos familiar? Provavelmente sim, mas não este. Falamos de Hugo Centeno, vocalista e guitarrista da banda luxemburguesa Lost In Pain, uma banda cujo processo evolutivo continua. A aproximação a um metal mais contemporâneo apresentado em Lost In Pain (2011) e Plague Inc. (2015) fazia-os afastar da sonoridade mais orientada para o metal dos anos 90 com que começaram. Essa evolução é culminada em Gold Hunters, mais recente álbum e um trabalho inspirado na mitologia Annunaki, onde a tentativa de cruzar riffs pesados numa linha thrash com linhas melódicas e mais catchy acaba por não ser totalmente conseguida. Porquê? Porque o quarteto que tem um homónimo do Cristiano Ronaldo das Finanças sabe como incluir peso, mas falha quando quer introduzir a parte que se relaciona com a melodia. [59%]

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