Rita Joana, cantora e
compositora conimbricense, mostra a sua paixão pela música mexicana no seu
disco El Cine. E na entrevista que nos concedeu, a
simpática artista explica como tudo tem uma sequência lógica na sua vida, que
acaba por se repercutir em tudo o que se ouve em El Cine.
Olá Rita, como estás? Obrigado
pela disponibilidade! Explica-nos como surgiu esta paixão pela música Mexicana?
Quando
pequena passava muito tempo sozinha, no meio do campo… Os meus pais viviam em
Santo Varão, uma aldeia do Baixo Mondego e eu, acabava por ser deixada à solta,
nos montes, tendo por companhia dois bichos: a Sorraia (uma pastora
alemã) e o Bisonte (um carneiro de cornos retorcidos). Quando nos
mudámos para Coimbra não fiquei muito satisfeita com a falta de espaço e a
quantidade de novas regras. Sentada no sofá da sala, encontrei o Joselito e a
Marisol… existiam num universo bucólico de que sentia falta… Curando a roupa ao
sol, andando descalços, comendo a fruta das árvores e cantando... o dia todo…
Trinados expansivos que me pareciam mais livres que aqueles que me queriam
fazer cantar no colégio católico, onde me haviam encafuado o dia inteiro.
E como é que, dessa paixão,
chegas a El
Cine?
Depois
destas duas amizades, que fiz através da televisão, apareceu-me uma mulher
viril… A minha mãe era (diziam-me, e eu concordava!), uma das mulheres mais
belas lá do burgo… Mas era muito discreta. Eu também o era… tanto por educação,
caráter como por falta de coragem de me afirmar… o que, diga-se, numa pequena
rapariga é normal e conveniente… mas sentia falta de atavios mais atrevidos. No
dia em que coloquei a vista em cima da Sara Montiel percebi o poder da
feminilidade… aliado à elegância… e nunca mais quis outra coisa. Daí ao cinema
mexicano foi um passinho.
De que forma foi feita a seleção
dos temas para esta gravação?
Escutei
muita música mexicana de uma forma absolutamente informal. Escutava e escuto
apenas porque me encantava fechar os olhos e viver dentro dos temas.
Imaginava-me vingando um amor frustrado, confessando-me enamorada,
despedindo-me de quem não desejava… Todos os percursos de uma vida. Foi esse
percurso que fui fazendo que selecionou os temas… Não eu.
Há aqui alguns clássicos, mas
também alguns temas bastante menos conhecidos. Sentes que terá sido uma decisão
acertada a mescal dos dois? Porquê?
Sim…
Porque não foram decisões comerciais, mas sim viscerais… julgo que quem tenha a
oportunidade de levar o disco para casa, também o viverá da mesma forma.
Para além dos temas, como foi
feita a escolha dos músicos que te acompanham?
A
minha noiva de alma, Luanda Cozetti, apresentou-me o querido Nilson
Dourado que foi fundamental na composição do trabalho. Por sua vez,
apresentou-me ao Diogo Duque e ao António Quintino que foram a
base do disco.
Em termos de direção artística,
com quem trabalhaste a esse nível?
A
estética do trabalho foi imaginada por mim. No entanto, tive a sorte de contar
com a cumplicidade e talento de pessoas como o Vitorino Coragem
(fotografia), Zita Pinto (ilustração), Pedro Coutinho (Design),
Helena Gonçalves (vídeo), entre tantos outros essenciais para a
concretização do que tinha imaginado.
El Cine conta com um tem original teu, embora também seja
inspirado por histórias mexicanas, não é?
A
vingança de Sara Montiel é um tema que já tinha gravado. No entanto não gostei
do resultado. Não o sabia interpretar. Sabia que necessitava de alguém com
outra capacidade de “argumentação”. A Luanda era a Mulher! Quando o aceitou
fiquei emocionada. Mais me emocionei durante as gravações. É a interprete
perfeita… em tudo, diga-se!
Há outros originais criados para
um lançamento exclusivamente teu em breve?
Há…
o próximo disco trará muitas surpresas…
Estás envolvida em mais algum
projeto atualmente?
Sim…
fiquemo-nos pelo que temos em mãos que a finitude é um bicho façanhudo.
Há planos para a apresentação
deste conjunto de temas ao vivo?
Estamos
a fechar concertos muito bonitos que ainda não estou autorizada a anunciar.
Mas, posso desde já anunciar a data da minha terra natal. Dia 28 de junho no
Salão Brazil.
Muito obrigado, Rita! Dou-te a
oportunidade de acrescentares mais alguma coisa. Se assim o desejares…
Já
que mo permitem gostaria de agradecer a disponibilidade e carinho com que tenho
sido recebida por todos os profissionais das diversas redes de comunicação
social. Que nem só do público vive o trabalho de um artista. Um bem-haja.
Comentários
Enviar um comentário