Reviews: Junho (III)


Origami (SOTO)
(2019, InsideOutMusic)
Na sua tentativa de voltar às suas raízes mais heavy, Jeff Scott Soto fundou o seu mais recente projeto Soto que alcança o seu terceiro álbum, Origami, e se estreia pela InsideOutMusic. Origami mostra uma banda que continua a expandir os limites do heavy metal, entrando em campos de modern metal por vezes algo obscuro. A voz de Soto continua forte e a assumir-se como um dos melhores vocalistas de sempre no seu espectro e este eclético conjunto de canções denota alguma complexidade, rigor, melodia e alguns bons ganchos. Ainda assim, muitas das canções de Origami, precisamente pela sua postura muito moderna, parecem estar sempre pouco adequadas a um registo vocal que continua a ser muito tradicional, sendo, mesmo assim, marcante nas suas dinâmicas, que são do melhor que este disco apresenta. [62%]


Offenders Of The Faith (BITCHHAMMER)
(2019, Iron Shield Records)
Já ultrapassaram a primeira década de existência e assumem-se como o mais intenso e maléfico nome da cena black/thrash metal de Leipzig. Apesar de tudo, Offenders Of The Faith é apenas o primeiro longa-duração dos BitchHammer, sendo que a sua anterior produção contempla uma demo, dois EP e um split com os Leather Phantom, Slaughtered Existence e Hell Patrol, outras bandas da sua cidade. Quanto a esta nova proposta, traz nove faixas blasfemas de pura maldade e violência satânica, com uma sonoridade altamente orgânica e claramente old school, influenciado por nomes como Slayer, Venom, Celtic Frost ou Bathory. Offenders Of The Faith oferece pouco mais de meia hora de uma descarga de emoções negras, riffs demoníacos e vocais possessos. [69%]


Assintonia Hertziana (HOLOCAUSTO CANIBAL)
(2019, Lusitanian Music)
Formados em 1997, os Holocausto Canibal estabeleceram-se como uma das bandas extremas de origem portuguesa com maior relevo nacional e internacional, tendo já atuado por toda a Europa, América do Norte e América do Sul. Devido à brutalidade do seu som, letras e visual, a banda portuense consegui ganhar a atenção da comunicação social portuguesa, contando já com oito reportagens sobre música extrema e aparecimento em 10 diferentes canais de televisão no prime time, o que é caso único em Portugal e, provavelmente, raro no mundo. Assintonia Hertziana é o seu mais recente disco e começa a ser distribuído pela Lusitanian Music a partir de 21 de junho. Este registo representa a materialização de um sonho antigo que passa por atuar na rádio, como Carcass e Napalm Death fizeram, ambas bandas influentes para Holocausto Canibal. Captado em cassete (será distribuído em CD e digital), Assintonia Hertziana espelha uma atuação honesta sem cortes e overdubs, apenas death metal/grindcore. A setlist escolhida remonta a 2014-2015, um corpo de temas que fora apresentado em eventos como Party.San Open Air, NeuroticDeathfest e New York Deathfest. [65%]


Wings Of Time (DGM)
(2019, Elevate Records)
Originalmente lançado em 1999, Wings Of Time é o segundo disco dos DGM, numa altura em que o coletivo ainda estava longe do nível que viria a atingir, mas onde já deixava bem claro todo o potencial e talento que possuía. Comparativamente com a estreia Change Direction, Wings Of Time mantinha a velocidade e poder, mas tornava-se mais complexo e com arranjos mais intrincados. Este álbum marca a entrada do baterista Fabio Costantino e é o último com o vocalista Luciano Regoli. Agora, chegou a altura da editora italiana Elevate Records proceder à reedição, com novas remasterizações, deste que é um dos melhores discos da carreira dos DGM. [93%]


Mecic_5_2019 (MERCIC)
(2019, Independente)
Ao quinto álbum, o Mercic abriram a porta à introspeção e intimismo. Embora sem perder a sua autenticidade – entenda-se a maquinaria pesada que sempre fez parte deste projeto – Mercic_5_2019 traz a música contemporânea cruzada com o fado em Reset, arrisca o blues em The Time Is Now e introduz corais em There’s No Winning Without Losing Something. As passagens de piano sucedem-se e a utilização da língua portuguesa em diversos momentos também é de salutar, revelando-se uma aposta ganha. Neste álbum colaboram Miguel Tereso (Primal Attack, Demigod Studios), Carlos Lichman, Miguel Ribeiro (Askashic), César Palma, Paulo Dimal (Cryptor Morbious Family, Inkilina Sazabra), Jorge Caldeira (Catedral do Rock) e Carlos Ferraz (Incógnita/Shapeshifter). [67%]

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