Entrevista: Starquake


Mikey Wenzel brinca com as palavras como ninguém. Senão reparem nos títulos dos trabalhos do seu projeto Starquake – A Matter Of Time, Times That Matter e o mais recente Time Space Matter. Claro que este tema esteve na conversa que mantivemos com o simpático multi-instrumentista alemão. Este e outros, essencialmente a respeito desse novo e exuberante disco.

Olá Mikey! Quatro anos após o anterior trabalho, novo álbum dos Starquake. Que tipo de abordagem fizeste desta vez?
Olá Pedro. O novo álbum é ao mesmo tempo muito parecido e muito diferente do anterior. Similar porque ainda tocamos uma espécie de neo-70’s rock borrifado com um pouco de prog e de metal; diferente porque, sendo a continuação da estreia, tivemos que provar que não somos uma banda One Hit Wonder. O novo tinha que ser melhor que o antigo e colocamos tudo o que tínhamos neste álbum.

A propósito, por que tanto tempo entre os dois lançamentos - o que fizeram nesse intervalo?
Bem, passaram 5 anos desde A Matter Of Time (comigo a solo) até Times That Matter e apenas quatro para chegar ao Time Space Matter!! Agora a sério, foi uma época muito ocupada, comigo a fazer malabarismo em quatro bandas, muito que fazer no meu trabalho diário e, desta vez, o álbum foi completamente feito por mim mesmo. O anterior foi grande parte misturado e masterizado por Rich Mouser, mas neste ​​fiz tudo sozinho. Portanto, demorou um pouco mais gravar, misturar, masterizar, fazer o trabalho artístico, o layout, tudo.

Continuas a trabalhar com vários convidados. Desta vez, quem está contigo?
A equipa principal ainda é a mesma. Alex Kugler está de volta na guitarra. É um bom músico, meu amigo e está de volta depois de termos participado no especial Broadcast Audio da Escola de Engenharia. Jan van Meerendonk volta a estar na bateria e percussão, ele que é o baterista da minha banda de versões rock dos anos 70. E, claro, está o incrível Andi Pernpeintner no hammond (e piano de jazz), da mesma banda de versões e um dos organistas mais intensos que já conheci. Portanto, estes três nomes ajudaram-me a moldar o som do novo álbum com o seu entusiasmo e a sua qualidade enquanto músicos. Depois há convidados na flauta, trompete, guitarra e violino. E essas são as pessoas que eu conheci na escola (flauta), do último álbum (violino/guitarra) e do trabalho (trompete). Acho que quando tocas música, acabas por conhecer muitos músicos. E depois, claro, há o meu vocalista convidado Soulman, outro amigo musical que conheci através do trabalho e que também tem sido um convidado ocasional para a mesma banda de versões. Portanto, muito se resume a essa grande banda chamada Boxhead.

Importas-te de explicar a semelhança de títulos entre álbuns - Times That Matter e Time Space Matter. Existe uma espécie de continuação lógica ou não?
Eu gosto de brincar com as palavras, e isso vê-se. O meu primeiro álbum foi A Matter Of Time, e um amigo meu sugeriu que eu fizesse uma música tipo Nothing Else Matters dos Metallica e saiu Times That Matter (a música e, portanto, o título do álbum). Depois, quando fui trabalhar no novo álbum pensei, sim, vamos fazer parecer como se fosse uma trilogia, que de certa forma é, mas, novamente, não é. Queria explorar um pouco mais o tema do Espaço do álbum anterior, mas com o elemento Tempo. E da brincadeira com as palavras cheguei ao título. A faixa de encerramento do álbum, …Off To Pastures New como que mostra que a trilogia acabou. Agora, a seguir iremos fazer algo completamente diferente.

Que mensagem (ns) tentas transmitir através da tua música?
Acho que a principal coisa que eu quero fazer com a minha música é trazer alegria e felicidade às pessoas que a escutam. Talvez desafiem um pouco o ouvinte em algumas faixas que não têm estruturas muito simples, mas, ainda assim, são suficientemente acessíveis para não serem descartadas devido a excesso de complexidade. Se há uma mensagem que eu quero espalhar é: paz e amor, mas eu não sou nem o John Lennon nem o Ringo Starr (que efetivamente fazem isso bem), portanto, apenas faço música para as pessoas apreciarem

Explica-nos como surge uma música como Matona Mia Cara?
Matona Mia Cara é uma música de Orlando diLasso que costumávamos cantar no coro da escola e pensei que, depois de tanta coisa séria nas Starquake, GoddammaddoG e Jack, era importante soltar-me um pouco e tocar uma pequena peça apenas para divertimento, mas apenas usei os primeiros 6 ou 7 versos originais.

Em Time Space Matter apercebemo-nos de muitas reviravoltas e tantas influências que eu gostaria de te perguntar como consegues misturar tanta diversidade?
Vê bem - cresci a ouvir os The Beatles, aprendi piano clássico, adoro Beethoven, mais tarde na minha vida fiquei infetado pelos Iron Maiden e nos últimos 20 e poucos anos, ouvi muito rock progressivo antigo e novo, especialmente Spock's Beard e Gentle Giant. Todas as coisas ótimas do clássico até ao prog são o que me faz como pessoa de música, se isso faz sentido. Tenho toda essa música em mim, portanto, quando escrevo música, é natural que encontres todas essas influências. Além disso, não quero entediar o ouvinte repetindo as mesmas coisas, quero que as pessoas continuem a ouvir, encontrem nuances que estão lá, seja de propósito ou não. Nada pior do que repetir a mesma fórmula repetidas vezes, por isso tento desafiar-me a mim mesmo para escrever coisas mais diversas. Por outro lado, claro que é tudo muito baseado no que gosto de ouvir e isso faz com que seja uma unificada peça de música. Sim, há diversidade, mas basicamente é apenas eu e a minha formação musical.

Até agora as reviews têm sido muito boas. Naturalmente deves estar satisfeito – dá-te mais força para continuar, mas também mais responsabilidade?
Não tenho certeza se existe alguma responsabilidade na música, afinal, é apenas isso – música. É claro que levo a minha música a sério (hey, trabalhei quatro 4 anos no novo álbum), mas no fim, a paz mundial não depende dos Starquake. Apenas apreciem a música e sim, estou muito feliz com todas as reviews. Eu tento levar as críticas de outras reviews para o coração e fazer um álbum ainda melhor da próxima vez, para que ainda mais pessoas possam aproveitar.

Tens alguma coisa planeada para uma tour?
Até agora, os Starquake ainda são um projeto de estúdio, não há espetáculos nem tours planeadas. Mas nunca se sabe, algum dia isso pode acontecer.


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