Review: Julho (IV)


Wake Up (COLORVINE)
(2019, CV Media Group)
Os Colorvine, anteriormente conhecidos como Tower City apresentam o seu novo álbum, Wake Up. A banda que já esteve na WB, Interscope e Atlantic e teve como manager Don Arden (Ozzy Osbourne, Jerry Lee Lewis e ELO) está agora diferente, aposta tudo na música este conjunto de dez novos temas de melodic rock é a sua resposta. E basta olhar para um tema, para se perceber o alcance de Wake Up. Falamos de Radio Days, um objetivo que os Colorvine procuram alcançar com a sua música – recuperar aqueles dias em que as rádios passavam as músicas favoritas. Mas Radio Days é apenas uma amostra do que os Colorvine fazem neste álbum – as melodias e harmonias estão presentes, dando às pessoas aquilo que elas querem, que é uma mistura do passado e do presente do melodic rock. E é logo a primeira faixa, Like A Rocket, que dá ao ouvinte essa perceção. [64%]


A New Sensation (SATAN TAKES A HOLIDAY)
(2019, Despotz Records)
A New Sensation é o quinto álbum dos Satan Takes A Holiday e, por via disso, já não se pode dizer com muita propriedade que se trata de uma nova sensação. Os suecos seguem as pisadas de outras bandas suas compatriotas – Hardcore Superstar, Backyard Babies – embora a vertente hardrockeira esteja mais camuflada quer por uma atitude que, por momentos, roça o punk, quer por algumas guitarras que se aproximam do grunge dos primórdios do género. Mas o mais destacado são algumas melodias, com uma acentuada pop appeal. A New Sensation é um disco que tem os seus melhores momentos a abrir e a fechar, mostrando algumas fragilidades no seu miolo. [64%]


Madame X (MADONNA)
(2019, Interscope Records)
Devemos olhar para este 14º disco de Madonna de duas maneiras diferentes. Em primeiro lugar, os temas “só” com a cantora apresentam uma pop interessante, capaz de progredir para diferentes cenários como o folk, o étnico ou o tribal, mostrando uma riqueza não muito habitual neste estilo, como por exemplo em Dark Ballet, God Control, Come Alive ou Extreme Accident (onde o álbum deveria ter terminado). No lado oposto, os temas com participações de outros nomes (Maluma, Quavo, Swae Lee e Anitta) que, para além de nada acrescentarem, alguns deles são puro lixo musical, como é o caso de Faz Gostoso e Bitch I’m Loca (podiam estar em qualquer programa da tarde de domingo da TVI). Aqui e ali algumas passagens em português e o uso de instrumentos diferenciados são outros aspetos positivos que são contrariados pela demasiada longa duração do disco (mais de uma hora) muito por culpa de uma má filtragem dos temas e de uma extrema dificuldade em acabar uns outros que se prolongam até à exaustão. [68%]


New Element (FOG LIGHT)
(2019, Inverse Records)
Os Fog Light são um projeto finlandês que junta elementos dos Omnium Gatherum, Total Devastation, Demonic Death Judge, Kreyskull e Kaihoro. Numa tentativa de fazer algo diferente das suas bandas, New Element é o terceiro registo do trio, mantendo a vertente de rock de fusão progressivo e totalmente instrumental. As influências são variadas e vão desde Tony MacAlpine a King Crimson, o que leva os Fog Light a apresentarem conteúdos muito complexos tendo por base um elevado nível técnico de execução. New Element, acaba, no entanto, por não conseguir dar o salto para algo mais espetacular porque os temas curtos não permitem a exploração total do seu potencial. [71%]


White Flags (AMERICAN TEARS)
(2019, Escape Music)
Entre o terceiro e o quarto álbum dos American Tears, houve um intervalo de tempo de 41 anos, mas, como forma de recuperar o tempo perdido, Mark Mangold, a mente criativa por trás deste projeto, não perdeu tempo e cerca de um ano depois aí está o sucessor de Hard Core. Chama-se White Flags e a capa em tons de branco deixa antever umas tréguas que não existem. Neste álbum, os American Tears resumem-se ao músico americano que assegura todos os instrumentos, sendo que, naturalmente, o maior destaque é dado aos teclados que aqui desempenham o seu papel e o papel da guitarra. Os três temas longos permitem uma maior exploração das potencialidades de toda a maquinaria à disposição de Mangold, sendo por isso, os mais interessantes. Os mais curtos são mais diretos, embora havendo sempre muito a saborear ao nível, essencialmente, do trabalho dos teclados. O cheirinho a Deep Purple existe ao longo de um disco que é interessante, mas que poderia ter sido mais potenciado. É que se nota a falta de outro parceiro com que quem os órgãos falem. Um monólogo, mesmo que utilizando diferentes tons de voz, acaba sempre por saturar. [71%]

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