Reviews: Setembro (I)


Straight From The Heart Of Nowhere (KILL CITY KILLS)
(2019, Sliptrick Records)
São quatro os temas presentes no EP Straight From The Heart Of Nowhere, do power trio Kill City Kills. E estes são os primeiros quatro temas escritos por Ellis, Nikki e Andrew enquanto banda. E, precisamente, como são os primeiros nota-se boa vontade de fazer algo competente, mas também se nota que ainda não há um caminho bem definido a seguir. Os russos têm neste EP um cartão de visita interessante, com vontade de fazer a diferença – pelo menos em termos líricos onde se sente muita rebeldia - mas com pouca originalidade e sempre muito colado ao heavy metal/glam metal das bandas californianas dos anos 80. [62%]


Decade Of Depression (FISTER)
(2019, Listenable Records)
Cerca de um ano após No Spirit Within que marcou a estreia do trio de St. Louis na Listenable, os Fister regressam com um registo onde põem a sua marca corrosiva em Decade Of Depression. Esta é uma coleção de sete temas icónicos de outras bandas e uma nova versão de The Failure, tema próprio lançado em 2016 num split com os Dopethrone. De Metallica (For Whom The Bell Tolls) a Slayer (Mandatory Suicide), passando pelos Danzing (How The Gods Kill), Darkthrone (Too Old Too Cold) ou Hellhammer (Reaper), os Fister colocam o cunho do seu sludge tóxico marcando estas versões de forma muito pessoal. Ainda assim, em momento algum conseguem fazer esquecer os respetivos originais. É o risco que se corre quando se fazem versões de temas históricos. [56%]


Red Powder (TWIN SEEDS)
(2019, Independente)
Twin Seeds é o projeto criado por Diogo Ferreira que aqui se junta com Marco Costa e David DeGrutyer. O curioso neste trio de metal instrumental é que, quer o Diogo quer o Marco são guitarrista, assumindo, à vez, as componentes base e solo. A acompanhar apenas a bateria de David. Red Powder é o trabalho de apresentação – um EP com cinco temas onde se inclui uma introdução, Kora. As influências surgem dos guitar heros que fazem as delícias de todos os guitarristas – Joe Satriani, Steve Vai ou Paul Gilbert. Mas se as guitarras são fundamentais nos Twin Seeds, é bom não esquecer que também há trabalho de banda e que não é apenas dada visibilidade aos solos. Neste particular as influências são variadas, podendo enquadrar-se quer nos Dream Theater, como nos Deftones, Korn ou Linking Park. Red Powder traz, então, essa autenticidade das guitarras a desafiarem-se, mas sem nunca perder o sentido da necessidade da presença de riffs fortes. [83%]


Memoir 414 (DOMINATION INC.)
(2019, Steamhammer/SPV)
Infants Of Thrash era um título sugestivo para o primeiro disco dos Domination Inc. mas, mas importante, foi o seu conteúdo que permitiu aos gregos tocaram com Kreator, Annihilator ou Sepultura e subirem ao palco do Wacken Open Air. Cinco anos volvidos, estas crianças thrashers cresceram e, já jovens, acham que o old school é coisa ultrapassada e, com isso em mente, Memoir 414 evolui numa direção de um thrash mais contemporâneo. Assim, a surpresa desvaneceu-se e a magia transformou-se realidade e a realidade é que Memoir 414 não faz esquecer a estreia. Sim, são bandeiras de puro thrash metal que mostram uma banda em fase de atualização e muito focada nesse processo. Culling e Cutting Edge são faixas bombásticas onde é possível vislumbrar algumas influências dos Pantera, mas também, do black metal, ao contrário de Eye fortemente assente no groove e no ritmo e The Sickening, eventualmente, a faixa com maior ênfase na melodia. Destaque, ainda, para a versão de Love Me Forever dos Motörhead. [73%]


Stronger (IVORY TOWER)
(2019, Massacre Records)
Aquele que é o quinto álbum dos Ivory Tower surge, de forma apropriada, batizado de Stronger. E porque é adequado este título? Porque o prog metal da banda nunca foi tão poderoso e devastador. E é o novo vocalista Dirk Meyer, com a sua voz agressiva e obscura que ajuda a que Stronger seja a mais melancólica, pesada e sofisticada obra da banda. Tudo apoiado numa secção rítmica que não se limita à simples utilização do duplo bombo, mas que consegue catapultar as dinâmicas adequadas a cada composição. Stronger surge assim como o renascimento dos Ivory Tower, apresentando uma abordagem perfeitamente atualizada e a marcar um trilho naquilo que se poderá apelidar como o caminho futuro do metal. [69%]

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