Entrevista: Blame Zeus


Identity foi o nome do primeiro álbum dos Blame Zeus, e desde logo se percebeu que identidade seria uma imagem de marca do coletivo nortenho. Sensação confirmada com Theory Of Perception e validada por Seethe, o seu mais recente disco naquela que é a primeira experiência em termos de edição internacional. E de facto, este país começa já a ser demasiado pequeno para o talento dos Blame Zeus que irão procurar uma maior exposição além-fronteiras. Mais uma vez, foi a simpática vocalista Sandra Oliveira que nos respondeu, agora a respeito deste terceiro disco.  

Olá Sandra, mais uma vez obrigado pelo teu tempo e parabéns pelo novo álbum. Mantêm um ritmo e estável entre lançamentos significa que a banda está a trabalhar sem pressão, mesmo levando em linha de conta as boas reviews que os anteriores álbuns receberam?
Sim, queremos manter os lançamentos mais ou menos de 2 em 2 anos, máximo 3, mas não temos essa pressão. Temos o cuidado de ir trabalhando em novo material quando há oportunidade, mas só avançamos para gravar quando sentimos que está mesmo pronto.

O facto de terem mantido o mesmo line-up desde Theory Of Perception também deve ter ajudado a consolidarem a vossa sonoridade?
Sem dúvida, já nos conhecemos uns aos outros musicalmente o suficiente para compor a um ritmo muito fluido... quase a ler mentes! Além disso, nenhuma das músicas teve que ser “adaptada” por outro músico, o que ouves neste disco foi autenticamente construído assim, desde o primeiro momento. Está aqui um trabalho 100% suor e sangue de quem está na banda atualmente.

Quanto a este novo álbum, desde logo o que mais salta à vista é o título – Seethe. A componente lírica está assim tão orientada para raiva e para a dor?
Não está propriamente orientada para a raiva e para a dor, mas para a energia que retiras delas. Aquele desespero de não poder mandar alguém à merda porque parece mal ou és despedido ou algo assim, estás a ver? Mas numa vertente positiva, porque é esse desespero é que te leva a fazer mudanças na tua vida, mudanças que te fazem evoluir.

Outro aspeto relevante é a entrada na Rockshots Records, naquela que é a vossa primeira aventura numa editora internacional. Como se proporcionou essa ligação?
No final do ano passado gravámos uma demo caseira de 5 músicas que fazem parte do álbum, com a assistência do técnico de som Rui Barreiros. Depois de uma pesquisa cuidada, enviamos essa demo para algumas editoras, tanto nacionais como internacionais. Obtivemos resposta de 2 internacionais, com interesse em assinar contrato connosco para este álbum. Optámos pela Rockshots por ter a melhor proposta e por ter muito boas referências (é também a editora do projeto a solo do Paulo Barros, que consultamos para tomar esta decisão).

O facto de ser uma label italiana poderá proporcionar-vos uma maior exposição internacional? Sentem que isso é possível ou já sentem que isso está, de facto, a acontecer?
Sim, claro, a ideia é mesmo essa. Sentimos que os próximos passos têm que ser lá fora, e sem apoio no estrangeiro isso iria ser muito mais difícil. Além das coisas que já aprendemos só de lidar com uma editora internacional, vamos contar com distribuição pela Sony/The Orchard. O que mais queremos neste momento é alcançar o máximo de pessoas com a nossa música, seja com o disco ou nos concertos. Daí uma tour internacional também estar nos nossos planos para 2020.

Interrompem assim aquela caminhada em solitário que pretendiam com Theory Of Perception...
A caminhada solitária do Theory of Perception nunca foi propositada ou deliberada, assim aconteceu. Aconteceu numa altura em que a banda precisava de criar união entre os seus membros e conseguiu isso mesmo. Não que fossemos nós contra o mundo, mas deu-nos aquele sentido de nos protegermos uns aos outros e vestirmos a camisola. Acreditarmos na nossa música não porque alguém diz que está muito boa (ou não) mas porque acreditamos no talento uns nos outros.

Ouvindo Seethe fica-se como uma sensação estranha. Por um lado, parece este ser o mais pesado disco dos BZ. Por outro permanece a ideia de que conseguem incorporar mais leveza. Podes explicar-nos como conseguiram construir este aparente paradoxo no vosso disco?
Pessoalmente, acho que a minha voz vai sempre incorporar leveza em tudo (lol). Também acho que é o álbum mais pesado de Blame Zeus até à data, pelo som das guitarras, pelos riffs musculados, pelo baixo sempre proeminente, mas há sempre uma certa tendência da nossa parte para querermos criar ambientes que envolvam o ouvinte, espaços de som que façam viajar. Talvez isso também te contagie com essa leveza.

Depois, na minha opinião, todos vocês conseguem os melhores desempenhos individuais de sempre. Foi um trabalho cuidado e minucioso, não?
Obrigada! Muito mesmo. Na altura de ir para o estúdio estávamos todos muito preparados, arranjos já bastante definidos. Tivemos muita atenção ao detalhe, e acho que é daqueles discos em que vais descobrindo sempre um pormenor novo de cada vez que ouves. Todas as partes têm uma razão de ser e a estrutura por vezes irregular é propositada.

Na altura em que te faço estas questões, ainda o álbum não tem saído. Tens criadas expetativas a respeito da sua receção e da reação dos vossos fãs, mesmo levando em linha de conta os vídeos já disponibilizados?
Honestamente, não faço ideia. Acho que se pensar muito nisso vai tornar-se tudo um grande monstro para mim e então prefiro esperar para ver. Fizemos o nosso melhor, investimos tudo o que podíamos, portanto agora é só divulgar, dar concertos de apresentação à altura e agradecer as boas reações.

Ora já que falamos em vídeos, já dois a circular, um para o tema No e um lyric video para The Warden. Porque escolheram estes temas em particular?
A No porque é uma música bem enérgica, é uma música que fala do nosso percurso enquanto banda e pareceu-nos orelhuda o suficiente para criar impacto. A The Warden porque é “A” balada do álbum – cria os tais ambientes de que falei na pergunta 7 - e porque a consideramos uma das melhores letras.

Há previsões para mais algum nos próximos tempos?
Sim, pretendemos lançar mais dois vídeos durante o primeiro trimestre do próximo ano.

Na primeira quinzena de novembro tiveram as festas de lançamento em  Lisboa e Porto. Que surpresas apresentaram?
Tocamos o disco novo, na íntegra, e os temas mais icónicos dos álbuns anteriores. A novidade foi a nossa convidada backvocalistBeatriz Reis – que me ajudou a reproduzir as harmonizações que gravei no disco. Concertos com muita energia, boa disposição e headbanging.

E depois disso, o que têm planeado para apresentarem o vosso álbum ao vivo?
Em dezembro vamos fazer 2 datas em Espanha, dias 20 e 21 de dezembro, em Salamanca e Madrid, respetivamente. Ainda antes iremos estar no bar da ARCM, em Faro, com os Glasya e Inner Blast. Durante o próximo ano temos alguns festivais alinhavados e queremos fazer uma tour europeia. Vamos ver o que acontece.

Obrigado, Sandra. Queres acrescentar mais alguma coisa?
Quero agradecer-te pelo teu apoio, desde sempre (ainda nem tínhamos álbum sequer) e também aos leitores a ver isto! Obrigada por quererem saber mais sobre Blame Zeus; espero ver-vos nos concertos e ter oportunidade de falar convosco!

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