Entrevista: Toxikull


Tem sido meteórico o crescimento dos Toxikull, sendo perfeitamente condizente com o aumento de qualidade que o coletivo tem demonstrado de ano para ano e de lançamento para lançamento. O novo álbum, Cursed & Punished, surgiu após uma viagem por Espanha e trouxe um quarteto renovado em termos de energia e criatividade. Este é, também, a sua primeira experiência internacional em termos de lançamento. Mais uma prova que o mercado nacional começa a ser pequeno para a banda de Lex Thunder com quem conversamos mais uma vez.

Olá Lex, tudo bem? Mais uma vez obrigado pelo teu tempo. A demo do ano passado deixava boas indicações que foram confirmadas e superadas, não achas?
Olá Pedro, Mais uma vez obrigado pela atenção. É sempre bom estar em contacto com vocês. Sim creio que sim, o objetivo é estar sempre a subir degraus e este foi mais um confirmado e superado.

Essa demo serviu para apresentar o Garras como novo baterista. Como foi a sua integração na banda? Já contribui para o processo de composição dos novos temas?
Foi positiva, nós soubemos logo assim que o The Lorke saiu que o Garras era o baterista perfeito para nós e a peça que faltava. A integração correu perfeitamente, sobretudo porque sempre se mostrou muito disponível em ver a banda como uma prioridade e nós só queremos malta assim. Sim, o álbum foi composto em poucos meses portanto ele já estava presente no processo de composição da banda.

Continuando a falar da demo, ela foi preparada para a tour ibérica com os Crystal Viper. Que balanço fazes dessa tour?
Foi sem dúvida uma experiência a repetir que nos deu o hype que necessitávamos em Espanha, que é dos maiores mercados de Heavy Metal no mundo e acho que as bandas Portuguesas não aproveitam muito esse facto. Fizemos amigos, fãs, surgiram oportunidades, conseguimos fazer algum capital também com a Demo e o resto do merch. Foi muito positivo mesmo! 

De alguma forma foi inspiradora para o período que se seguiu de composição e gravação de Cursed And Punished?
Acho que indiretamente todas as experiências importantes são inspiradoras para o processo de composição. Especialmente para nós que compomos muito com o coração e pouco com “cálculos”. O facto de vires com novas vivências e realidades, aumenta a fome de tocar e de compor. Sobretudo com a alma.

De que forma olhas para este Cursed And Punished? Era o álbum que os Toxikull sempre desejaram criar?
Boa pergunta, na minha opinião é o nosso trabalho mais evoluído em termos técnicos, e ainda não sei até que ponto dentro do mesmo género é possível subir mais a fasquia. Talvez há uns anos atrás seria um álbum impossível de imaginar por nós, mas hoje em dia já não chega e sabemos que o próximo tem de ser melhor ainda e com atenção a outros tipos de aspetos deixados para trás neste álbum. Mas sem dúvida que olho muito orgulhosamente para este álbum, sobretudo porque se algum dia alguém quiser fazer uns covers vai ter de suar muito para conseguir (risos).
  
Trabalharam de forma diferente algum aspeto para este novo registo?
Sim, devido ao facto de eu ter sido pai há um ano, e entre algumas complicações a nível pessoal que originaram a falta de disponibilidade mental e mesmo física, a composição deste álbum foi um pouco diferente. A maior parte dos riffs de guitarra foram compostos pelo meu irmão (Michael Blade), ele foi o grande arquitecto “riffistico” deste CD devido à minha falta de tempo, mas fico feliz por isso ter acontecido porque acho que devemos aproveitar as boas fases das pessoas e sacar o melhor delas nos seus bons momentos. O processo de composição foi basicamente o Michael ou eu criávamos os riffs, organizávamo-los e discutíamos ideias sobre eles, gravamos no Ipad com o garage band, fazíamos a bateria, mandávamos para o Garras e para o Antim, e depois eu fazia as letras e as linhas de voz. Não é o nosso método preferido, mas temos que nos adaptar. Infelizmente não vivemos disto ainda. A verdade é que o produto saiu bom, portanto, não existe uma receita ou uma regra. O importante é sair alguma coisa.

Sentiram algum tipo de maldição ou punição enquanto criavam e/ou gravavam? Houve algum episódio assim mais para o estranho? (risos)
O episódio mais estranho foi o Antim ter um ataque epilético numa manhã enquanto dormia e eu ter saltado do beliche para o salvar porque estava sufocar na própria língua. Tirando isso tudo ok (risos).

Entretanto, nova mudança de editora, agora para a italiana Metal On Metal, onde foram encontrar (ou eles a vocês) a vossa banda-irmã Midnight Priest. Como se proporcionou essa ligação? É só para este Cursed And Punishment ou há previsões para mais lançamentos?
Eu já conhecia os donos da editora devido a Midnight Priest e curiosamente eles quiserem lançar Toxikull também, para nós foi ótimo pela distribuição física que eles têm no underground europeu. Há que explorar fronteiras. Para já é só este lançamento porque queremos subir ainda mais.

Já conversamos algumas vezes, mas esta pergunta sempre ficou adiada, por isso aí vai: como surgiram os vossos nicknames? Têm algum significado especial?
(risos) O meu já vem desde Midnight Priest, que era para ser o Lex Steel mas descobri que é um ator porno negro, então tive que mudar para Lex Thunder. Surgiu porque dá outro tipo de postura e também porque o meu apelido e o do meu irmão é Carrapiço, ou seja, não é muito fácil de pronunciar especialmente em línguas estrangeiras (risos). Tivemos que arranjar uma alternativa. O Antim chama-se mesmo Antim, e Garras é o apelido verdadeiro também.

Depois deste portento de álbum, há uma pergunta que deve ser feita: até onde podem ir os Toxikull?
Bem, nós queremos ser a maior banda de sempre, e não temos medo de o assumir, é um objetivo dificílimo, pois estamos no país em que estamos, na era em que estamos, e simplesmente parece que nada aponta para que isso seja possível, mas a verdade é que isso faz-nos trabalhar o dobro e disfrutar cada pequena vitória e sobretudo a viagem em si. Eu creio que se continuarmos com a mesma ética de trabalho e humildade juntamente com contactos haveremos de chegar lá. Simplesmente não existe limites a nada do que façamos.

No dia 11 de outubro fizera a festa de lançamento no Metalpoint. Como correu a noite?
O Porto é sempre especial. Há uns anos tínhamos mais fãs lá do que em Lisboa, agora já está mais equilibrado. Mas é sempre um prazer ir ao Porto tocar, ver amigos, e sentir a energia do Norte, Muito bom, um grande abraço e cumprimentos a toda a malta do Porto que está sempre connosco.

E a partir daí têm alguma coisa planeada para apresentarem o vosso álbum ao vivo?
Estamos a preparar o ano de 2020, brevemente serão apresentadas umas datas. Fiquem atentos, malta.

Obrigado, Lex. Queres acrescentar mais alguma coisa?
Quero agradecer à Via Nocturna por apoiar o Metal Tradicional da maneira que o faz, e pela atenção e valor que dá às bandas. E quero agradecer a todos os que com o seu apoio servem de combustível para nós conseguirmos fazer o que mais gostamos. Iremos sempre respeitar quem apoia. Nunca nos esqueceremos de ninguém. 

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