Addicted To Darkness
(SUBCORTIC)
(2019, Nail Records)
Dark metal progressivo? Existirá isso? pois,
parece que sim! Na Hungria, os Subcortic abraçam as trevas de tal
forma que estão viciados nela. Por isso surge Addicted To Darkness, o
seu álbum de estreia. Metal pesado, negro, sofrido e cheio de uma
envolvência de desilusão. Mas por trás dessa capa existe um coletivo que leva
este género a um patamar de complexidade e criatividade que não é muito vulgar.
Daí a terminologia de dark metal progressivo. Isto porque embora a
música seja dominada por traços sombrios, os Subcortic muitas vezes
afastam-se das linhas melódicas mais comuns no género e entram por cenários um
pouco menos expectáveis. Certa é a base sólida e variada na construção de temas
que vão do denso e pesado a passagens abertas e acústicas. Addicted To
Darkness introduz um dueto com voz feminina e um tema cantado na sua língua
num registo que da agressividade inicial (alguma até desmesurada) evolui para
um final mais calmo e melódico. [78%]
Obliterate The Weak (BERZERKER LEGION)
(2020, Listenabe Records)
Os
nomes por trás dos Berzerker Legion impõem respeito. O coletivo foi
fundado por Tomas Elofsson (Hypocrisy) e Alwin Zuur (Asphix)
e com a visão de criar algo de verdadeiramente beligerante no campo do death metal, chamaram James
Stewart (Vader), Jonny Pettersson (Wombbath)
e Fredrik Isaksson (Dark Funeral). E falando musicalmente, Obliterate The Weak, nome da primeira
proposta do supergrupo, apresenta o balanço perfeito entre brutalidade, harmonia
e melodia, num registo profundamente inspirado em duas vertentes: o peso do old school death metal e o
enriquecimento melódico da cena de Gotemburgo, dos inícios dos anos 90. Por
isso, Obliterate The Weak traz 11
faixas de uma diversidade sólida, com riffs
violentos e maciços, num triunfo bélico, mas onde é possível incrustar imensas
melodias. [73%]
Diablerie (ERELEY)
(2020, Massacre Records)
O
segundo álbum dos Ereley, Diablerie,
embarca numa viagem conceptual que descreve todo o trajeto da nossa alma pura,
quando nascemos, e da sua evolução com as decisões que vamos tomando ao longo
da vida. Ao longo de 10 temas e quase uma hora de música, o coletivo checo
mostra como compor temas com elegante complexidade e com forte foco na
emotividade, nos sentimentos e nas histórias. Todavia, as linhas melódicas
criadas não são muito evoluídas, o trabalho vocal (alternando entre o limpo e o
gutural) não é particularmente bem conseguido e nem o nível das diversas
composições é equilibrado. Por isso, apesar de apresentar arranjos criativos, Diablerie acaba por perder algum
interesse por não conseguir colocar uma capa apelativa por cima de todo o
esqueleto estrutural das canções. [69%]
Invisible World (ELEGY OF
MADNESS)
(2020, Pride & Joy Music)
Hoje
em dia basta ter uma senhora a cantar e já toda a gente se apelida de metal sinfónico. Vem isto a propósito de
Invisible World, o quarto álbum dos
italianos Elegy Of Madness, primeiro para a Pride & Joy Music,
depois de um pela Sweet Poison Records, outro pela WormHoleDeath
Records e um terceiro lançado de forma independente. E se calhar, o facto
de os Elegy Of Madness não conseguirem lançar mais que um álbum por cada
editora é sintomático. No caso presente, o sintoma é o mesmo de muitas bandas
da atualidade – falta de originalidade, copy
paste dos maiores nomes do género, falta de qualidade em muitas das
canções. O que fica após a audição de um disco como Invisible World, composto por 11 faixas? As melodias de Apnoea e Aegis Of Light, a conclusão Day
One e a dualidade vocal com os reduzidos guturais a mostrarem-se mais
interessantes que a voz feminina principal. Muito pouco para um disco que se
autointitula de metal sinfónico mas
que tem um reduzido (e recorrente) trabalho ao nível das orquestrações. [62%]
Screens (DISTRICT 97)
(2019, Mindscan
Records/Cherry Red Records)
Quando se fala em modern
prog, os District 97 são um dos nomes mais citados. Bill Bruford e
Mike Portnoy já vieram publicamente elencar as qualidades deste coletivo
que com Screens assina o seu quarto trabalho de originais. O seu prog
pode ser descrito como um crossover entre a vertente rock e metal,
com estruturas muito evoluídas e claramente dentro do jazz e uma enorme
capacidade de manipular os arranjos e com isso desconstruir o termo clássico de
canção. No entanto, o que sobra em técnica e manuseamento dos instrumentos
falta em harmonias, melodias e envolvimento. Está tudo muito bem feito… mas soa
a descartável. A vocalista – uma das finalistas do American Idol –
também não contribui muito com uma prestação, também ela tecnicamente perfeita,
mas chocha no que diz respeito a colocar emotividade nas palavras que
debita. [74%]
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