Reviews - Fevereiro (II)

Sonic Playground Revisited (THE RAGGED SAINTS)
(2020, AOR Heaven)
Após um hiato de alguns anos, os finlandeses The Ragged Saints regressam com um conjunto de temas novos reunidos no álbum Sonic Playground Revisited. São canções que têm vindo a ser compostas desde 2013, com paragens e arranques, o que deu a oportunidade da banda se conseguir distanciar perfeitamente das suas criações. E se são fãs de hard rock melódico inspirado nos anos 80 em nomes como Whitesnake, Def Leppard ou Ratt, esta é uma boa proposta. Mesmo não acrescentando nada de novo a um género que, por norma se tem mantido estagnado, Sonic Playground Revisited é composto por um conjunto de boas malhas, capazes de despertar a atenção. As composições situam-se dentro da bitola tradicional, num formato easylistening, com bons solos e melodias apelativas. Ou seja, os próprios The Ragged Saints não mudaram muito. Talvez um pouco mais de orquestrações aqui e ali, mas a fórmula é a mesma. Sem quererem reinventar a roda, apenas pretendem (e conseguem!) criar um conjunto de canções de hard rock descomprometidas e com o objetivo de dispor bem. Objetivo cumprido, portanto. [71%]


Here Comes Trouble (SLEAZY WAY OUT)
(2020, Sliptrick Records)
Começando onde terminou a estreia Satisfy Me os Sleazy Way Out voltam a demonstrar, com Here Come Trouble, como é possível criar no séc. XXI glam rock como o faziam os Mötley Crüe e os Cinderella nos anos 80. Este novo disco não inventa nada, mas está aditivado a álcool, sexo e rock ‘n’ roll e para este género isso é o suficiente. Os melhores momentos estão a cargo de Cleve Hartwick, o guitarrista que consegue trazer à memória os desempenhos de Tom Keifer ou Blacky Lawless com o seu trabalho que injeta alguma criatividade num disco onde ela não está assim tão presente. Apesar de as primeiras audições se revelarem interessantes, sente-se que Here Come Trouble promete não ter muita capacidade de crescimento, acabando por se esgotar. Ainda assim, os indefetíveis fãs deste género têm aqui um disco algo básico, mas competente. [69%]


Dead Stories Of Forsaken Lovers (VLAD IN TEARS)
(2020, Echozone)
Não é nada fácil falar de Dead Stories Of Forsaken Lovers, dos Vlad In Tears. A primeira metade do disco, com a eletricidade ligada, mostra um coletivo quase banal a criar gothic rock na linha de HIM ou To/Die/For. Um disco que até começa bem com o romantismo negro de We Die Together, mas que depois nada acrescenta até Dead. Depois, alguns ténues sinais de mudança vão surgindo em Sleep Love Sleep (uma balada), Felt No Pain (com algumas orquestrações mais evoluídas) e Tears Won’t Fall (fantástico solo). Mas pouco mais que isso. Com Man In The Box (versão só com piano e voz de um original dos Alice In Chains) começa um conjunto sensacional de versões ou com guitarra acústica, ou com piano, ou com ambos, deveras sensacionais! E é nesta fase que se descobre que, afinal, os Vlad In Tears têm um vocalista com uma enorme voz! Claro que o núcleo deste álbum são os temas eletrificados, mas este disco sem os temas extra, seria extraordinariamente mais fraco. Aconselhamos a banda de Berlim a desligar, definitivamente, a corrente. [85%]


That Makes One (EASY ACTION)
(2020, AOR Heaven)
Foi uma mudança drástica aquela que aconteceu entre o primeiro álbum e o segundo dos Easy Action, banda onde estava o guitarrista Kee Marcelo (que mais tarde haveria de se juntar aos Europe). Se a estreia homónima (1983, Tandan Records) estava orientado para o glam, com influências de Mötley Crüe e Poison, That Makes One (1986, KGR) foi um disco de melodic rock/AOR. Esta reedição limitada a 100 cópias foi remasterizada por Chris Lyne e como faixas bónus traz dois lados B de singlesEye For An Eye e There Is A River – temas atualmente raros, mas que acabam por ser dos momentos mais excitantes de todo o disco – o primeiro claramente influenciada pelos Survivor e o segundo uma belíssima balada ao estilo de Richard Marx. Para quem não conheceu, na altura, este disco, sempre diremos que a relevância da sua reedição é reduzida, ficando justificada, eventualmente, apenas pela presença de Kee Marcelo. [65%]


Better (KARNEY)
(2020, Independente)
No Mercy, de 2018, veio clarificar a posição de Anna Karney no meio rockeiro norte americano. A artista inspira-se em nomes como Bob Dylan, Neil Young, John Lennon, Sheryl Crow ou Chrissie Hynde, embora adicione sempre o seu cunho pessoal. Como aliás fica demonstrado no curto EP de 5 temas em 18 minutos de um rock enérgico, variado e eclético. Better, assim se denomina este novo trabalho, mantém a capacidade de criar ambientes eletroacústicos, mas fortalece a componente criativa com a utilização de sopros em Better, de guitarra flamenca em Round And Round, do experimentalismo psicadélico em Snake Oil Salesman e até na sua visão desse emblemático tema que é o Ramble On dos Led Zeppelin. Tudo isto neste EP que sabe a pouco e que aumenta a expetativa para um próximo longa-duração. [82%]

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