Reviews: Março (IV)


Lucifer’s Descent (DRAGONLORE)
(2020, Iron Shield Records)
Não se percebe muito bem porque é que a Iron Shield Records, habitualmente com apostas fortes em áreas do thrash metal, assumiu, no início deste ano, o lançamento de Lucifer’s Descent, disco de estreia dos Dragonlore. Isto porque, fazer metal à Nevermore/Sanctuary que ainda busca alguns pormenores nos Helstar ou nos Overkill, não é para todos e, definitivamente, não é para estes americanos oriundos de Chicago. Muitas das estruturas e uma grande percentagem das linhas vocais presentes nos dez temas que compõem este registo são influenciadas pelo trabalho de Warrel Dane… mas não têm um mínimo da sua competência. Bom, em bom rigor, isso seria impossível, mas pedia-se, pelo menos, um pouco mais de criatividade, um pouco mais de discernimento e, acima de tudo, um vocalista (que a espaços tenta ser mais dark e aproximar-se de King Diamond) que não comprometesse tanto. [61%]


Gedankenwächter (MACBETH)
(2020, Massacre Records)
Quem gosta dos MacBeth não se desiludirá com esta nova proposta, Gedankenwächter. São 10 novos temas de teutonic power metal infetado por doses de thrash metal no seu DNA, o que faz com que os nomes que mais nos vêm à memoria a ouvir este quinto álbum, são os Accept e os Slayer. Liricamente, Gedankenwächter lida com o fanatismo religioso, as atrocidades da guerra e a propaganda e todo a influência que estes têm sobre a humanidade. Musicalmente, começa onde terminou Gotteskrieger, com riffs furiosos e vocais suficientemente agressivos. De uma maneira geral, esta nova proposta é mais rápida que as anteriores, mantendo-se as densas paredes sonoras que se abrem para um desfile de solos de grande impacto. [79%]


Multiverse (AEVUM)
(2020, Dark Tunes)
O termo Multiverse, nome do mais recente disco dos Aevum, terceiro da carreira do ensemble italiano, depois de Impressions (2014) e Dischronia (2017), deixa antever uma multiplicidade de universos musicais. E, de facto, isso acontece neste disco. Desde música clássica (Cessate Ormai Cessate) ao jazz (WWIII), passando pelo gótico (Black Honeymoon), Multiverse está cheio de pequenos pormenores que se cruzam com riffs pesados, melodias épicas, cenários orquestrais e uma enorme diversidade de vocais que se conjugam em momentos de grande espetacularidade. Um disco que os fãs de Nightwish, Within Temptation, Epica e Therion não deverão perder e que eleva o seu symphonic metal a um patamar de criatividade que se afigura raro nos dias que correm. [81%]


A Time Called Forever (ANI LO. PROJEKT)
(2020, Pride & Joy Music)
Ani Lozanova é a búlgara que lidera este projeto Ani Lo. Projekt e que lança, pela Pride & Joy Music, o seu novo álbum intitulado A Time Called Forever. Lozanova começou com o seu parceiro Konstantin Dinev em 2010, até cada um seguir o seu caminho – ela na Alemanha, ele nos EUA, isto já depois do álbum de estreia Miracle ver a luz do dia um ano depois. Já com Dinev, de novo, no barco, Lozanova começou a trabalhar em A Time Called Forever em 2018 com um longo conjunto de 12 canções criadas por Jens Faber (Dawn Of Destiny), que também toca todos os instrumentos. Dizemos longo, porque algumas não conseguem acompanhar o ritmo nem a qualidade de outras. Nesse aspeto merece especial referência os primeiros temas que são verdadeiras grandes canções, mesmo que os guturais não estejam lá a fazer rigorosamente nada. Mas curiosamente, é na fase que eles menos surgem que notam mais fraquezas em termos de composição e arranjos. [77%]


Shadow Rising (STORMBURNER)
(2019, Pure Steel Records)
O álbum de estreia intitulado Shadow Rising do quinteto sueco que dá pelo nome de Stormburner começa bem e acaba bem. We Burn é uma malha do melhor power metal nórdico, a lembrar Hammerfall, embora com uma bateria demasiado maquinal e Ode To War é uma faixa de metal épico com coros envolventes e uma melodia que lembra The Crown & The Ring. O problema está em tudo o que existe neste intervalo. Ainda se destaca uma secção central harmónica em Ragnarök e uma compassada Men At Arms que se revela competente. Mas tudo o resto é uma abordagem pouco criativa e nada apelativa a um power metal que segue as regras dos Manowar e com uma componente vocal que chega a ser irritante com tanto guinchinho. [62%]

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